Jornal O Impacto: O senhor além de Deputado também é médico. Qual sua opinião sobre a paralisação que houve no corpo médico do Hospital Regional do Oeste do Pará?
Carlos Martins: Eu vejo o Hospital Regional como extremamente importante para nossa região, pois é um Hospital de média e alta complexidade, isso é fundamental. Então, precisa funcionar com esse perfil, com essa capacidade. É necessário ter investimentos no Hospital e equipe adequada para que ele possa funcionar. Eu tenho informações de que o Hospital recebe recursos do governo do Estado, cerca de 5 milhões de reais, para que possa funcionar de forma adequada, mas sua produção mensal não chega a R$ 1 milhão. Então, precisamos adequar essa realidade. O Hospital Regional precisa ampliar sua oferta de serviços, com maior complexidade para que isso possa se dar de forma adequada. Com a crise econômica que houve no Governo do Estado, houve um atraso no repasse dos recursos para a organização que toma conta do Hospital, e com isso os médicos se sentiram prejudicados por atraso em seus salários. Eu compreendo o direito dos médicos, o Hospital precisa repassar regularmente esses recursos, mas o Hospital precisa avaliar sua produção, o seu perfil, seu papel perante a sociedade e possa atender a região nos casos de alta complexidade.
Jornal O Impacto: Sobre a votação do orçamento estadual, o senhor com certeza vai contribuir com algumas Emendas?
Carlos Martins: Sem dúvida. Agora em setembro, nós deputados vamos receber a proposta do Governo do Estado para o orçamento do ano que vem. Nós temos até o final de dezembro para fazer a discussão sobre este Orçamento e definir sua aprovação. Considero um momento importantíssimo, quando nós vamos verificar os programas e investimentos do Governo do Estado para o ano que vem, quais as políticas que serão priorizadas e nós precisamos participar desses debates ativamente, porque, a partir daí é que nós podemos, através das Emendas que apresentamos, com nossa capacidade de articulação com os outros deputados, ampliar os recursos do Governo do Estado em nossa região. São recursos para segurança pública, educação, saúde pública, infra-estrutura. Este é um momento ao qual eu considero de maior relevância para nós deputados da região, um momento onde temos a oportunidade de nos unir como bancada regional e buscar trazer mais recursos para a região Oeste do Pará, que hoje possui 30% da população do Estado, e que no Orçamento figura muitas vezes em torno de 10% de investimentos feitos pelo Estado na região. Então, existe essa dívida com nossa região que o Estado precisa resgatar.
Jornal O Impacto: Como o senhor analisa a criação do município de Mojuí dos Campos?
Carlos Martins: A implantação do novo município de Mojuí dos Campos foi definida pelo Tribunal Superior Eleitoral como viável, preencheu todas as prerrogativas necessárias para a criação do Município, com a realização das eleições. Nós da Assembléia Legislativa, apresentamos uma proposta de elaboração de uma Comissão externa de deputados estaduais para que possamos acompanhar a tramitação desse processo. Toda sua legalidade, para que ocorram as eleições de forma adequada, o processo de instalação da nova Câmara Municipal, com as novas secretarias, com o Orçamento que vai ser necessário, o que o município de Santarém vai precisar repassar para o novo Município, os recursos que serão utilizados para contratação de pessoal, para o início das atividades do novo Município. Esse processo não pode ser acompanhado apenas pela Câmara Municipal de Santarém, precisa ser acompanhado também pela Assembléia Legislativa, para definir a receita do novo Município, o ICMS que será arrecadado, quais as condições que o novo Município possui e a viabilidade econômica adequada. Tivemos apoio dos deputados Antônio Rocha (PMDB) e Alexandre Von (PSDB), neste requerimento solicitando a criação dessa Comissão, que foi aprovada, dando oportunidade para que os deputados possam acompanhar a criação do município de Mojuí dos Campos.
Jornal O Impacto: Com a criação do município de Mojuí dos Campos, uma boa parte dos eleitores santarenos vai migrar para o novo Município, e com esta medida, ficam descartados os dois turnos na próxima eleição para Prefeito de Santarém. Como o senhor analisa esta decisão?
Carlos Martins: Se tratando de decisão política eleitoral, nós imaginávamos que em 2012 as eleições municipais em Santarém seriam realizadas em dois turnos, mas com a criação do município de Mojuí dos Campos e conseqüentemente com boa parte dos eleitores migrando para lá, com certeza teremos eleição de um turno em Santarém. Essa proposta precisa ser avaliada pelos partidos, porque a estratégia muda por completo, quando a eleição é realizada em dois turnos e passa a ter apenas um turno.
Jornal O Impacto: Qual sua análise sobre o cenário político, tanto municipal quanto estadual?
Carlos Martins: Eu acredito que nossa região tem uma importância muito grande nas eleições do ano que vem, para que possamos ter capacidade de contribuir para o projeto que hoje está no Governo do Estado, para que ele possa dar resposta à população e ter nova oportunidade de continuar governando este Estado. Eu acredito que a região Oeste é capaz de fazer essa avaliação, de analisar as ações desse governo e dar sua parcela de contribuição para que o Governo do Estado possa cada vez mais atuar na nossa região. Nós temos essa preocupação em mostrar para a governadora Ana Júlia a importância de nosso Município e da nossa região, para que o Projeto de desenvolvimento do Estado possa incluir nossa região. Enquanto ficamos discutindo, debatendo entre a questão partidária, nós temos é que pensar em nossa força política junto ao Estado para que possamos estar sempre sendo respeitados junto ao Governo do Estado. Acredito que o governo municipal tem melhorado nesse sentido. Nós temos uma atuação mais efetiva nas políticas sociais, na infra-estrutura da nossa região e com certeza temos capacidade de influenciar muito nas próximas eleições, no sentido de manter a importância da região Oeste do Pará neste processo.
Jornal O Impacto: Recentemente foram aprovados no plenário estadual projetos importantes ligados à cultura da região, quais foram?
Carlos Martins: Na verdade, nós apresentamos na Assembléia trabalhos ligados ao patrimônio Cultural do Estado, levando em consideração que nossa região é muito rica na questão da cultura de um modo geral, da música e do artesanato. A questão das cuias pintadas de Santarém como patrimônio cultural de nosso Estado, o projeto acaba de ser aprovado pela Assembléia Legislativa, desta forma vai receber sanção da Governadora, para se tornar uma Lei, e com esse incentivo a essa arte que temos aqui, com certeza as pessoas que vivem desse artesanato vão ser melhor beneficiadas pelo Governo do Estado, através do Sebrae, para que possam desenvolver mais uma oportunidade de geração de renda em nosso Município. A cerâmica tapajônica, que é um artefato arqueológico de tantos anos, que precisamos valorizar também em nossa região, porque muitos turistas vêm até nós movidos pela curiosidade em conhecer nossa arqueologia, este projeto também está em fase de votação, e foi aprovado em primeiro turno. Outro projeto é o que torna a obra tanto literária quanto musical do maestro Wilson Fonseca “Isoca”, um patrimônio do Estado. Então, são três projetos que têm muito a ver com nossa região, com nossa identidade. Estes projetos me causam uma gratificação muito grande ao constatar que nossos colegas deputados têm sensibilidade para compreender a importância, e estão contribuindo para que sejam aprovados como patrimônio cultural do Estado.
Jornal O Impacto: Vai ser mantida a parceria PT e PMDB no Estado do Pará?
Carlos Martins: Ao que tudo indica, para o PMDB manter a aliança com o PT é uma proposta muito adequada, embora dentro do próprio PMDB exista um debate muito grande sobre se lança ou não candidatura própria, se mantêm aliança com O PT, se libera o partido para apoiar candidatos que achar convenientes. Mas eu vejo como proposta mais adequada hoje a reeleição da governadora Ana Júlia e o PMDB lançando candidato forte ao Senado, recuperando sua vaga no Senado que perdeu.
Jornal O Impacto: O que o Deputado analisa sobre a nossa festa principal, que é o Sairé?
Carlos Martins: O Sairé em nossa opinião é uma festa muito importante para potencializar o turismo e a cultura de nossa região. Eu sempre relaciono a festa do Sairé com a festa das Tribos em Juruti e com a festa dos Bois em Parintins, que são festas que estão relacionadas na questão da cultura na Amazônia. Estas manifestações têm a capacidade em chamar a atenção para nossa região, para a Amazônia. E trazem recursos, vem o turismo e mais pessoas circulam pela região, com certeza melhora a arrecadação. Este ano o Governo do Estado, apesar da crise econômica, mantêm seu apoio à Festa com a liberação de 200 mil reais. Fruto de nossa conversa com o secretário de Integração Regional, André Farias; com o secretário de Planejamento, José Júlio; com José Raimundo Trindade, Secretário da Fazenda, e Secretário de Cultura junto à Prefeitura Municipal, para que esta parceria pudesse ser feita. Nosso papel como pessoa “da terra”, e que gosta do Sairé, é fazer com que o Governo do Estado possa estar participando ativamente junto com a Prefeitura de Santarém e junto com a coordenação da Festa para que o Sairé deste ano seja um sucesso.
ESTE É O "CARA"
