sábado, 30 de janeiro de 2010

PT completa 30 anos em meio a desavenças no Pará

Foto: Divulgação / Diário

Puty teria motivado a crise que envolve tendências do partido O PT do Pará vai comemorar os 30 anos no próximo domingo em meio a festas e uma crise interna entre as tendências “Democracia Socialista” (DS) - da governadora Ana Júlia Carepa - e “PT Pra Valer” que tem entre as lideranças o secretário de Estado de Transporte Valdir Ganzer e a deputada estadual Bernadete ten Caten, além do deputado federal Zé Geraldo e do líder do governo na Assembleia Legislativa do Pará, Airton Faleiro.
No centro do imbróglio está o possível avanço do chefe da Casa Civil, secretário Cláudio Puty, sobre a seara eleitoral de Bernadete, que tem base em Marabá. A estratégia de Puty teria sido, segundo fontes do “PT Pra Valer”, de cooptar o atual superintendente do Incra em Marabá, Raimundo Oliveira, até então aliado da deputada, para ser candidato à Assembleia Legislativa, o que poderia ameaçar a reeleição de Bernadete, já que os dois disputariam votos junto ao mesmo eleitorado.
A crise envolve também a nomeação do próximo superintendente do Incra em Marabá. Oliveira deixará o cargo para se dedicar à campanha.
Indagado sobre a briga, Zé Geraldo confirmou as informações divulgadas ontem na coluna Repórter Diário. “Na divisão de espaços, a superintendência do Inca de Marabá pertence a uma força interna”, explicou Geraldo, que coordena o “PT Pra Valer” no Pará. Ele lembrou que Bernadete é ex-superintende do Instituto em Marabá e foi responsável pela indicação do atual titular do cargo. “Nos últimos dias de dezembro, começamos a ouvir informações sobre a intenção do Raimundo de disputar a vaga na AL”, contou, confirmando que “naturalmente” um novo nome em disputa geraria uma concorrência com a deputada. A gota d’água foi uma reunião realizada no último dia 22 entre a governadora, o superintende do Incra, 17 prefeitos da região e o chefe da Casa Civil. Bernadete e Geraldo, com grande atuação na região, não teriam sido nem informados.
Irritada, a deputada enviou carta à direção nacional da DS e ao PT do Pará. A carta não foi divulgada, mas uma fonte confirmou que nela, ten Caten, ameaça bater chapa com Ana Júlia Carepa na convenção petista quando será referendada a candidatura da governadora à reeleição. “A Bernadete foi a deputada mais votada da região e não foi chamada (para a reunião). As informações que chegaram a ela é de que foi fechado o apoio para a candidatura do Raimundo”, contou Geraldo. Segundo ele, a reação de Bernadete é uma tentativa de separar a política do Incra na região do processo eleitoral. “Houve uma reação interna sobre a forma como o governo está agindo com relação ao mandato da deputada”.
O caso foi levado ao ministro da reforma Agrária, Guilherme Cassel, que é uma das lideranças nacionais da DS e terá grande peso na escolha do novo superintendente do Incra. Zé Geraldo conversou também com o presidente do Instituto, Rolf Hachbart. Apesar de não esconder o desconforto, o deputado, que também conversou com a governadora Ana Júlia e com Puty, disse acreditar numa solução para o impasse até a próxima segunda-feira. Ele admitiu, contudo, que a esta altura é difícil chegar a um nome de consenso.
Ocupado com os preparativos para a festa de 30 anos do PT, o presidente da legenda no Estado, João Batista tentou minimizar a crise interna. “Isso (a disputa) faz parte da vida do PT”. Batista demonstrou, contudo, apoio a Bernadete e, sem citar Puty, afirmou que sempre que surge uma nova liderança é natural haver disputa por espaços, mas recomendou que esses novos nomes avancem sobre a seara dos adversários e não sobre as bases de lideranças petistas já consolidadas ou mesmo sobre o eleitorado dos aliados. “O PT é um partido onde é proibido proibir e ninguém manda em ninguém, mas quando uma liderança entra numa base mais consolidada gera conflito. O ideal é que avancem para os terrenos dos adversários e não em direção a nossas lideranças já consolidadas”.