quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tudo em nome do Senhor!

Doleiros dizem que Igreja Universal enviou R$ 400 milhões ao exterior

Evasão. Revelação de sócios da casa de câmbio Diskline, que aceitaram colaborar com as investigações do Ministério Público no Brasil e da Promotoria de Nova York pela chamada delação premiada, indica que remessas foram feitas entre 1995 e 2001.

A Igreja Universal do Reino de Deus é acusada de ter enviado para o exterior cerca de R$ 5 milhões por mês entre 1995 e 2001 em remessas supostamente ilegais feitas por doleiros da casa de câmbio Diskline, o que faria o total chegar a cerca de R$ 400 milhões. A revelação foi feita por Cristina Marini, sócia da Diskline, que depôs ontem ao Ministério Público Estadual e confirmou o que havia dito à Justiça Federal e à Promotoria da cidade de Nova York.
Os doleiros resolveram colaborar depois que a Justiça americana decidiu investigar a atividade deles nos Estados Unidos com base no pedido de cooperação internacional feito em novembro de 2009 por autoridades brasileiras. Em Nova York, eles são investigados por suspeita de fraude e de desvio de recursos da igreja em território americano.
Seus depoimentos foram considerados excelente pelos investigadores. Ela afirmou aos promotores que começou a enviar dinheiro da Igreja Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado entre 1995 e 2001, quando remetia em média R$ 5 milhões por mês, sempre pelo sistema do chamado dólar-cabo - o dono do dinheiro entrega dinheiro vivo em reais, no Brasil, ao doleiro, que faz o depósito em dólares do valor correspondente em uma conta para o cliente no exterior. Cristina disse que recebia pessoalmente o dinheiro.
PARA ENTENDER
Edir e mais 9 são acusados
Em agosto de 2009, a 9.ª Vara Criminal de São Paulo aceitou denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) e instaurou ação penal contra Edir Macedo e nove integrantes da Igreja Universal. Eles são acusados de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A denúncia foi resultado de dois anos de investigação conduzida por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A acusação sustenta que o dinheiro arrecadado com fiéis seguiu para empresas de fachada no exterior e depois foi repatriado por empresas fictícias abertas em nome de dirigentes da igreja.(Estadão)