terça-feira, 27 de julho de 2010

Os cinco desafios de Mano Menezes rumo à Copa-2014


Mano Menezes no estádio do Pacaembu (Renato Pizzutto-Revista Veja)
1. Renovar o time. A seleção disputou a Copa do Mundo da África do Sul com um grupo envelhecido. A derrota para a Holanda desgastou a relação de alguns jogadores com a seleção brasileira - Felipe Melo, por exemplo, não tem a confiança da torcida; Juan e Lúcio, sempre seguros na zaga, já são veteranos. Para chegar ao Mundial, daqui a quatro anos, com um time em forma, Mano Menezes tem de começar desde já a testar os atletas que podem chegar a 2014 no auge de sua condição física e técnica. É aí que entra a nova geração de craques brasileiros: Neymar, Ganso, Pato e outros jovens valores precisam ganhar uma chance. O problema é o risco de queimá-los se os resultados não vierem. Foi o que aconteceu com Falcão, logo depois da Copa de 1990. Ele inovou nas convocações, mas perdeu o emprego. Alguns dos jogadores testados por ele fizeram parte do grupo campeão no Mundial de 1994.
2. Entrosar a equipe sem as Eliminatórias. Como já está garantido na Copa de 2014, o Brasil não participa do torneio classificatório sul-americano. As partidas contra os rivais do continente sempre foram uma chance preciosa para reunir o grupo, testar diferentes atletas e formações e disputar partidas importantes, como os duelos contra Argentina, Uruguai e Paraguai. A CBF promete marcar amistosos contra grandes seleções nas datas em que as Eliminatórias serão disputadas. Mas o clima de competição vai fazer falta - e as melhores seleções do mundo dificilmente estarão disponíveis nas chamadas datas Fifa, em que é permitido convocar todos os jogadores que atuam no futebol europeu. O risco é de só conseguir enfrentar seleções pequenas ou médias - e não conseguir colocar à prova a nova seleção em situações desafiadoras.
3. Jogar bonito. No começo, muitos resistiram. No fim, o torcedor brasileiro acabou se rendendo ao estilo da seleção do ex-técnico Dunga, que praticava um futebol pragmático, sem brilho, dedicado exclusivamente ao resultado. Como eles estavam aparecendo, tudo bem. Quando o Brasil foi eliminado pela Holanda na Copa, porém, a concessão ao futebol apagado e pouco empolgante acabou. Jogar pelo resultado e não conseguir nem sequer vencer não vai satisfazer a torcida. E a cobrança para o Mundial de 2014 certamente incluirá um tipo de jogo mais envolvente, alegre e criativo.
4. Lidar com a pressão. Saber se relacionar bem com a imprensa não ganha jogo e não rende títulos, é evidente. Mas a importância de saber dialogar com o torcedor através dos meios de comunicação parece escapar a boa parte dos técnicos da seleção brasileira. Dunga, por exemplo, perdeu tempo e desgastou sua imagem ao desferir suas repetidas provocações aos jornalistas. Melhor seria não gastar tempo demais com o que se lê e ouve sobre a equipe - e não dedicar esforço excessivo a contestar os críticos. Também será preciso ter paciência de monge para ignorar os pedidos pelos jogadores que a torcida quer ver vestindo a camisa amarela. O técnico precisa saber que essas cobranças são inevitáveis. Basta ouvi-las e, se for o caso, ignorá-las.
5. Sobreviver até 2014. Mano Menezes não foi a primeira opção da CBF - e, de acordo com as pesquisas de opinião, não era o favorito da torcida. Tropeçar no começo do trabalho ou demorar a conseguir bons resultados colocará sua permanência em risco. Além disso, não é um nome que todo mundo conhece, como o de Felipão ou Vanderlei Luxemburgo. A paciência do torcedor, nesse caso, pode ser mais curta. Resta saber se o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, vai segurar o treinador numa eventual má fase, como fez com Dunga logo depois da Olimpíada de Pequim, em 2008.

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