quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Deserto Verde

De­serto verde (1)
Mais de 60% da área já des­matada na Amazônia foram trans­for­mados em pastos. A con­clusão está em um le­van­ta­mento di­vul­gado na úl­tima sexta-feira e que, pela primeira vez, mapeou o uso das áreas des­matadas do bioma e mostrou o que foi feito com os 720 mil quilômetros quadrados de flo­restas der­rubados até 2008 – uma área equiv­a­lente ao ta­manho do Uruguai. A maior parte foi con­ver­tida para a pecuária. O le­van­ta­mento, feito pelo In­sti­tuto Na­cional de Pesquisas Es­pa­ciais (Inpe) e pela Em­presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Em­brapa), di­vidiu a área des­matada em dez classes de uso, que in­cluem pecuária, agri­cul­tura, min­er­ação, áreas de veg­e­tação se­cundária, ocu­pações ur­banas e outros.
De­serto verde (2)
A pecuária ocupa 62,1% de tudo o que foi des­matado no bioma, com pastos limpos – onde houve in­ves­ti­mento para limpar e uti­lizar a área –, mas também com pasta­gens degradadas ou aban­don­adas. Na avali­ação do di­retor do Inpe, Gilberto Câ­mara, o número con­firma a baixa pro­du­tivi­dade da pecuária na região e que o des­mata­mento não gerou nec­es­sari­a­mente de­sen­volvi­mento econômico. “Mostra que a pecuária ainda hoje é ex­ten­siva e pre­cisa de po­lit­icas públicas para se in­ten­si­ficar e usar a terra que foi roubada da na­tureza. Não é, nem do ponto de vista econômico, um uso nobre das áreas. Não fizemos da flo­resta o uso mais pro­du­tivo pos­sível, que seria a agri­cul­tura”, de­nun­ciou.
De­serto verde (3)
A pro­dução agrí­cola ocupa cerca de 5% da área total des­matada na Amazônia. Apenas em Mato Grosso a agri­cul­tura rep­re­senta um per­centual sig­ni­fica­tivo do uso das áreas que eram ocu­padas orig­i­nal­mente por flo­restas. A min­istra do Meio Am­bi­ente, Iz­abella Teix­eira, disse que a baixa par­tic­i­pação da agri­cul­tura na ocu­pação das áreas des­matadas con­trapõe o ar­gu­mento de de­fen­sores de mu­danças no Código Flo­re­stal, de que é pre­ciso flex­i­bi­lizar a lei para vi­a­bi­lizar a pro­dução agrí­cola no país. “Temos que elim­inar da agenda falsas ideias, falsas colo­cações de que o meio am­bi­ente im­pede o de­sen­volvi­mento da agri­cul­tura. Está provado que a agri­cul­tura anual, con­sol­i­dada, não é a re­spon­sável pelo uso das terras des­matadas da Amazônia. É pre­ciso au­mentar a pro­du­tivi­dade, menos de uma cabeça por hectare é algo ina­ceitável, é um des­perdício sub­sti­tuir a flo­resta por algo que não dá re­torno para o país”, avaliou.
De­serto verde (4)
Em 21% da área des­flo­restada, o Inpe e a Em­prapa reg­is­traram veg­e­tação se­cundária, áreas que se en­con­tram em pro­cesso de re­gen­er­ação avançado ou que tiveram flo­restas plan­tadas com espé­cies exóticas. Essas áreas, se­gundo Gilberto Câ­mara, do Inpe, poderão rep­re­sentar opor­tu­nidades de ganhos para o Brasil na ne­go­ci­ação in­ter­na­cional sobre mu­danças climáticas, porque fun­cionam como ab­sorve­doras de dióxido de car­bono, prin­cipal gás de efeito estufa. Menos mal. (blog da floresta)

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