Deserto verde (1)
Mais de 60% da área já desmatada na
Amazônia foram transformados em pastos. A conclusão está em um
levantamento divulgado na última sexta-feira e que, pela primeira
vez, mapeou o uso das áreas desmatadas do bioma e mostrou o que foi
feito com os 720 mil quilômetros quadrados de florestas derrubados até
2008 – uma área equivalente ao tamanho do Uruguai. A maior parte foi
convertida para a pecuária. O levantamento, feito pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), dividiu a área desmatada em dez
classes de uso, que incluem pecuária, agricultura, mineração, áreas
de vegetação secundária, ocupações urbanas e outros.
Deserto verde (2)
A pecuária ocupa 62,1% de tudo o que foi
desmatado no bioma, com pastos limpos – onde houve investimento
para limpar e utilizar a área –, mas também com pastagens degradadas
ou abandonadas. Na avaliação do diretor do Inpe, Gilberto Câmara, o
número confirma a baixa produtividade da pecuária na região e que o
desmatamento não gerou necessariamente desenvolvimento
econômico. “Mostra que a pecuária ainda hoje é extensiva e precisa de
politicas públicas para se intensificar e usar a terra que foi
roubada da natureza. Não é, nem do ponto de vista econômico, um uso
nobre das áreas. Não fizemos da floresta o uso mais produtivo
possível, que seria a agricultura”, denunciou.
Deserto verde (3)

A produção agrícola ocupa cerca de 5%
da área total desmatada na Amazônia. Apenas em Mato Grosso a
agricultura representa um percentual significativo do uso das
áreas que eram ocupadas originalmente por florestas. A ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a baixa participação
da agricultura na ocupação das áreas desmatadas contrapõe o
argumento de defensores de mudanças no Código Florestal, de que é
preciso flexibilizar a lei para viabilizar a produção agrícola
no país. “Temos que eliminar da agenda falsas ideias, falsas
colocações de que o meio ambiente impede o desenvolvimento da
agricultura. Está provado que a agricultura anual, consolidada,
não é a responsável pelo uso das terras desmatadas da Amazônia. É
preciso aumentar a produtividade, menos de uma cabeça por hectare é
algo inaceitável, é um desperdício substituir a floresta por algo
que não dá retorno para o país”, avaliou.
Deserto verde (4)

Em 21% da área desflorestada, o Inpe e
a Emprapa registraram vegetação secundária, áreas que se
encontram em processo de regeneração avançado ou que tiveram
florestas plantadas com espécies exóticas. Essas áreas, segundo
Gilberto Câmara, do Inpe, poderão representar oportunidades de
ganhos para o Brasil na negociação internacional sobre mudanças
climáticas, porque funcionam como absorvedoras de dióxido de
carbono, principal gás de efeito estufa. Menos mal. (blog da floresta)
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