Lei da Ficha Limpa pode até ser aprovada no STF, mas sua aplicação esbarra na lentidão em punir corruptos
O STF volta a julgar o caso a partir das 14h 30min. Na sessão de ontem, as ministras Rosa Maria Weber e Carmen Lúcia votaram a favor da lei. Acompanharam os ministros Luiz Fux e Joaquim Barbosa votaram e pela validade da norma em dezembro passado. O ministro José Dias Toffoli (recente alvo da advogada alagoana da máfia do Distrito Federal) votou contra. Os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello e Cezar Peluso já deram a entender que devem decidir pela derrubada da lei. Tomara que ocorra o contrário e a lei seja aprovada, já valendo este ano.
Para valer na eleição deste ano, tudo depende de pelo menos dois votos favoráveis no Supremo. O quase certo 4 a 4 é apavorante para a moralidade eleitoral. Mas nem tudo está perdido, ainda. A esperança é que o ministro Marco Aurélio, que votou em 2011 pelo adiamento, para as eleições deste ano, da aplicação da Lei da Ficha, vote pela constitucionalidade. Espera-se o mesmo de Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto. Mas tudo pode acontecer...
A Lei da Ficha Limpa proíbe a candidatura de políticos condenados em segunda instância ou com o processo transitado em julgado. A regra é fundamental para impedir a eleição de corruptos que só querem o mandato para se aproveitar da imunidade parlamentar, ficando literalmente imunes dos crimes que cometeram ou vão cometer no uso e abuso do muito bem remunerado “emprego” legislativo. A regra é um avanço institucional.
No entanto, na prática, a aprovação da Lei nem tudo garante em termos de moralidade. A aplicação da Lei da Ficha Limpa tende a esbarrar na morosidade do Judiciário em punir crimes contra a administração pública ou cometidos por quem tem poder político-econômico. O cumprimento da pena e o julgamento da causa em instância final ficam inviabilizados pelos infindáveis recursos impetrados pelos réus. Grande parte dos processos acaba prescrevendo. No final das contas, os políticos bandidos não são punidos e – pior e mais grave – ainda acabam eleitos.
Mandou bem
Ontem, a novata ministra Rosa Maria Wever foi bem clara em seu voto a favor da ficha limpa:
"A Lei da Ficha Limpa foi gestada no ventre moralizante da sociedade brasileira que está agora a exigir dos poderes instituídos um basta".
E frisou: "Entendo que esta Corte não deve ser insensível a essas aspirações populares".
(Fonte - RE)