Lama e sujeira do “Minha Casa, Minha Vida” contaminam lago do Juá
Margareth Ferreira, do movimento “Salve o Juá”, denuncia contaminação do lago
Depois das chuvas que caíram em Santarém
nos últimos dias e da construção de uma galeria para escoamento de
águas pluviais na rodovia Fernando Guilhon, pela empresa responsável
pela construção de um conjunto habitacional do programa “Minha Casa,
Minha Vida”, novas denúncias da aceleração no processo de soterramento e
contaminação do complexo do Lago do Juá vieram à tona.
Em inspeção realizada ao local, na manhã
de terça-feira, 28, a coordenadora do movimento “Salve o Juá”,
Margareth Ferreira, mostrou à nossa equipe de reportagem os principais
“gargalos” ocorridos na área do Juá, após a implantação do residencial
das empresas SISA/ BURITI e também do conjunto habitacional do programa
“Minha Casa, Minha Vida”.
Quem chega ao Lago do Juá observa a
devastação ambiental que está acontecendo no manancial. Igarapés
soterrados e em processo de extinção; animais nativos do Lago migrando
para outras áreas de Santarém e o avançado processo de contaminação da
Praia do Juá, considerado um dos principais cartões postais da cidade,
são apontados pelos ambientalistas como resultado da construção dos
conjuntos habitacionais, nas proximidades.
“Essa degradação iniciou com a
implantação do residencial da Buriti. Não existia degradação, nem lama,
nem contaminação. Existia um igarapé limpo, onde havia uma água mineral e
tudo preservado”, diz a ambientalista Margareth Ferreira.
Além da Buriti, Margareth afirma que
existe um outro crime ambiental ocorrendo na área, onde o projeto “Minha
Casa, Minha Vida” também está jogando para dentro do Lago do Juá, uma
grande quantidade de dejetos e lama, em virtude da construção de uma
galeria que passa por baixo da rodovia Fernando Guilhon. Na manhã de
terça-feira, Margareth constatou um trator escavando um grande buraco
para a finalização da obra da galeria.
“Isso também, além de ser um crime é um
problema muito sério para nossa cidade, para o meio ambiente e para
nossa natureza. Uma das saídas para amenizar o problema é a união das
classes e entidades, para que a gente possa ter força e exigir das
autoridades, que as obras que degradam o meio ambiente possam ser
interditadas totalmente e isso não pode acontecer”, aponta Margareth.
Segundo ela, para que a degradação do
Lago do Juá chegue ao fim, será necessária uma parceria entre várias
classes e entidades. “Para que isso aconteça, a gente precisa de uma
parceria com os órgãos de meio ambiente e com a Prefeitura de Santarém,
porque como representante de um movimento organizado, estamos com a luta
pela preservação da natureza e da vida”, afirmou Margareth Ferreira.
LUXO NO LAGO: Outro problema
constatado às margens do Lago do Juá pela ambientalista Margareth
Ferreira foi a presença de diversas propriedades de luxo construídas
próximas ao manancial. Ela reclama que nenhum tipo de fiscalização dos
órgãos ligados ao meio ambiente acontece no local. Campos de futebol e
objetos de luxo, como um ultraleve e carros com tração nas quatro rodas
foram vistos no local, assim como a criação de animais.
“Por que o pobre tem que ser jogado para
uma área qualquer quando o governo quer e quando quer? Porque custa
acontecer isso. Mas, o rico pode chegar… Destruir e acabar com a nossa
cidade. Todos nós precisamos de um ambiente livre com ar puro e para que
isso aconteça precisamos que sejam interditadas todas as obras que
estão acontecendo à beira do Lago”, sugere Margareth.
Ela reivindica que os fiscais da
Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) façam uma inspeção no
local, para coibir vários problemas relacionados à degradação ambiental
do Lago do Juá, ocasionados, também, pela construção de propriedades de
luxo.
“Queremos que a SEMMA vá ao local para
interditar todos esses benefícios aos ricos, porque a sociedade precisa
de um lugar com ar puro para passear e ter boas condições de saúde”,
aponta Margareth.