Denúncia: Terras no planalto são invadidas com apoio do INCRA
João Carlos Kaybers acusa Sancler Viana de incitar invasões com apoio do INCRA
Preocupado com a onda de invasões de
terras na região da rodovia Santarém/Curuá-Una, o agricultor João Carlos
Kaybers, natural da região Sul do Brasil, denuncia a prática, que
segundo ele, está sendo promovida sob liderança de funcionários do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o líder
comunitário da Associação União Corta Corda, Sancler Viana de Oliveira.
João conta que adquiriu a área há cerca
de 12 anos junto ao Incra, no quilômetro 114 da rodovia Curuá-Una e, que
mantém sua propriedade de forma bem-sucedida e, com um funcionário, o
qual precisa efetuar o pagamento todos os meses. Porém, sob liderança de
Sancler Viana, um grupo de pessoas que se intitulam sem-terra, começou a
invadir sua propriedade.
“Há 12 anos eu vim prestar serviços em
uma firma da região Sul. Essa firma comprou essas terras do Incra.
Depois foi descoberto que a área era de assentamento. Após alguns anos, o
pessoal dessa firma desistiu e, eu não fui embora, porque nunca havia
tido terra na minha vida”, relata João Carlos.
Segundo ele, sua propriedade conta com
pasto para criação de gado e com vários metros de cerca, além de um
caseiro e, que não é uma área improdutiva. Porém, quando chegou ao local
na semana passada, se deparou com um grupo de pessoas comandadas por
Sancler e servidores do Incra, demarcando lotes na margem da estrada e
dentro de sua propriedade.
“Tudo o que faço e o que fiz na vida
gastei e estou gastando nessa terra. Eu nunca tive terra em lugar nenhum
do Brasil e tenho os meus filhos que trabalham para os outros. Agora,
tem um grupo de pessoas invadindo minhas terras, sendo comandado por um
rapaz chamado Sancler, que sempre mexe com esse tipo de coisa e gosta de
invadir terras”, denuncia João Carlos.
No ano passado, de acordo com João
Carlos, foi constatado que Sancler de Oliveira mantinha um escritório na
zona urbana de Santarém e, que incitava o povo a assinar um documento
para adquirir terras na região da rodovia Curuá-Una.
Ele revela que chegou a procurar a 16ª
Seccional da Polícia Civil e o Ministério Público Federal (MPF) para
denunciar o caso. “Ele (Sancler) chegou à Delegacia e explicou ao
delegado que tinha uma ordem do Incra. O documento não tinha o carimbo
do Incra, o que se consolidava como ato ilegal”, denunciou o agricultor.
PRÁTICA DE INVASÃO: O
agricultor João Carlos denuncia que já viu alguns indivíduos que estão
querendo se apossar de parte de suas terras em outras invasões e, que já
estão acostumados a praticar o mesmo ato. “Alguns dos invasores eu já
vi antes em outras áreas, já tiveram terra e já venderam e eu nunca tive
terra”, ressalta.
João Carlos reafirma que em relação às
invasões de terra existe a aliança de Sancler com funcionários do Incra.
“Eles estão lá todas as semanas. Na semana passada quando percebi, eles
estavam medindo terra ao longo da estrada, inclusive, na minha área,
junto com várias pessoas, as quais eu chamo de invasores”, aponta.
AÇÕES: Para solucionar o
problema da invasão de suas terras e de outros proprietários, João
Carlos cobra ações emergentes por parte dos órgãos competentes. “Quero
que os órgãos competentes tomem providências, porque estão medindo e
dividindo em lotes a minha área. Em outra ocasião, para tentar acabar
com o problema, eu mesmo já medi uma área e doei para algumas pessoas.
Eles venderam, trocaram por moto e fizeram outras coisas e, agora estão
querendo tudo de novo”, delata João Carlos.
RODOVIA CURUÁ-UNA VIRA PALCO DE MANIFESTAÇÕES DE AGRICULTORES: Duas
semanas depois de aproximadamente 47 famílias de trabalhadores rurais
da comunidade de Perema, interditarem a rodovia Santarém/Curuá-Una
(PA-370), para chamar atenção das autoridades por conta da Justiça ter
dado uma liminar para reintegração de posse de suas terras em favor de
um ex-bancário, desta vez os moradores da comunidade Corta Corda,
interditaram por cerca de 48 horas o quilômetro 68 da Rodovia.
Após a manifestação popular dos
comunitários de Perema, o Juiz da 1ª Vara Cível da Comarca de Santarém,
Dr. Valdeir Salviano, revogou no dia 6 deste mês, a liminar que
determinava a retirada de 47 famílias de pequenos produtores rurais de
suas terras.
Segundo o advogado dos trabalhadores de
Perema, Hiroito Tabajara, a noticia foi dada com entusiasmo aos
agricultores que estavam sem dormir com receio de perderem suas terras e
produções e, de terem que se transformar em “Trabalhadores Rurais Sem
Terras”.
Em relação aos moradores de Corta Corda,
após interditarem a rodovia na madrugada de segunda-feira, 09, eles
liberaram o tráfego normal de veículos na manhã de quarta-feira, 11. Os
moradores cobraram a melhoria da ponte que passa sobre o rio Curuá-Una e
que dá acesso à comunidade, além do fornecimento de energia elétrica
para o local e a liberação de uma área.
“Reivindicamos o nosso direito por terra
no assentamento Corta Corda. Pedimos que o Incra olhe por nós, porque
estamos há 16 anos atrás desse recurso. Não temos nenhuma resposta da
parte deles. Há cinco anos a Eletronorte promete fazer uma ponte para
que tenhamos acesso às comunidades e não é feita”, reivindicou a
agricultora Francinara Cavalcante.
A liberação da pista foi feita após uma
negociação com a Polícia Militar. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente
(Sema), Secretaria Estadual de Transportes (Setrans) e a Secretaria
Municipal de Agricultura e Incentivo à Produção Familiar (Semap) também
participaram da negociação. O superintendente do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra), Luiz Bacelar Guerreiro, e um
representante da Eletronorte estiveram no local na noite de
segunda-feira, 9, negociando com os manifestantes. Ao retornar ao local,
os representantes do Incra garantiram na manhã de quarta-feira, que vão
solucionar os problemas apontados pelos comunitários de Corta Corda.
Por: Manoel Cardoso
