Diretores relatavam que as obras iniciaram, mas que seguiam a passos lentos ou estavam paralisadas e que temiam que o trabalho não fosse concluído
A menos de quatro meses para o final do
Governo de Simão Jatene (PSDB) no Pará, ainda repercute em todo o Estado
a falta de conclusão das obras de reforma de escolas públicas. Em
Santarém, na região Oeste, o Ministério Público Estadual (MPE) acompanha
os trabalhos de reforma de nove escolas da rede estadual.
Há cerca de sete meses, a Promotoria de
Justiça de Direitos Constitucionais de Santarém (Educação e Saúde)
visitou as obras de reforma de três escolas estaduais, após denúncias de
representantes do Conselho Escolar. Para o Ministério Público, a
preocupação ficou por conta do início do ano letivo em fevereiro, onde
três escolas ainda continuavam em reforma.
A inspeção do MPE aconteceu após
diretores e representantes de vários conselhos escolares da rede pública
estadual, alunos e pais de alunos pediram providências ao órgão. Os
representantes também pediram apoio junto à Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB) Subsecção de Santarém, para formalizar denúncia contra a
Secretaria de Estado de Educação (SEDUC).
O motivo era o atraso das obras. A SEDUC
não concluiu a reforma de 9 escolas da rede estadual de ensino em
Santarém. De acordo com Dirceu Amoedo, diretor da 5ª Unidade Regional de
Ensino (URE), as reformas em algumas escolas ainda continuam
paralisadas.
O ano letivo na rede estadual estava
previsto para iniciar no dia 17 de fevereiro, e algumas escolas ainda
estavam com os trabalhos paralisados. Diretores relatavam que as obras
iniciaram, mas que seguiam a passos lentos ou estavam paralisadas e que
temiam que o trabalho não fosse concluído. Algumas escolas tiveram parte
da estrutura física demolida há mais de dois anos e menos de 20% do
serviço foi feito.
Entre as escolas que enfrentam o
problema estão: Wilson Fonseca, Barão do Tapajós, Gonçalves Dias, Frei
Othmar, Álvaro Adolfo da Silveira e São Felipe.
OBRA PARALISADA: Em
julho último, mais uma vez as obras da escola estadual Wilson Fonseca
foram paralisadas. A direção mostrou preocupação com início do segundo
semestre do ano letivo. As aulas do segundo semestre iniciaram dia
primeiro de agosto, mas, na escola, os alunos encontraram apenas algumas
salas de aula concluídas. A sala de pesquisa, a cozinha e algumas
partes do telhado estão por terminar. As obras estão paradas desde o mês
de junho.
“Nós aguardávamos que no mês de julho
retomassem o serviço para completar as obras, mas até agora nada.
Tivemos que contratar pessoas, serviço particular, para fazer o mínimo
do serviço que eles deixaram, como cobrir as passarelas que estão
faltando, para ter o mínimo de condição”, informou a diretora da escola,
Dircelina Tavares.
Por conta do telhado da passarela não
estar coberto, em dias de chuva os alunos se molham ao passar por ali.
Em dias de sol, a reclamação aumenta por causa do forte calor. Somente
as salas de aula estão prontas. “Nós já fizemos nossa parte e agora
vamos continuar as aulas do jeito que está”, garante a diretora.
Ainda falta concluir os serviços de
pintura, a reforma da cozinha, e a quadra de esportes. A diretora afirma
que já perdeu as contas de quantas vezes as obras da escola foram
paralisadas. ALUNOS PREJUDICADOS: No início do segundo
semestre o retorno às aulas na rede pública estadual foram prejudicados
em algumas escolas. As obras de reforma, que deveriam ser entregues uma
semana antes do início das aulas, no dia 1º de agosto, não foram
cumpridas e as escolas não oferecem condições para receber os alunos.
A escola estadual Frei Ambrósio, com 114
anos de fundação, passa pela segunda reforma e não ficou pronta para o
retorno das aulas. “É uma situação bastante complicada mesmo, eu diria
até crítica. Quando nós encerramos nosso primeiro semestre deixamos
acertado através de uma reunião com os pais de que o retorno seria
garantido no 1º de agosto, confiando que as seis salas que estão sendo
reformadas estariam prontas pelo menos dois ou três dias antes do
reinício das aulas. Quando conversei com o responsável pela obra ele
disse que não seria possível entregar as salas”, explicou o diretor da
escola, Marcos Vinício Botelho.
Segundo a coordenadora do Sindicato dos
Trabalhadores da Educação Pública do Pará (Sintepp), Isabel Marinho, a
situação das escolas estaduais é revoltante.
“Nós estamos com este problema sério com
essas escolas da rede estadual, a gente espera que a direção da 5ª URE
possa trazer alguma resposta positiva de Belém com relação a essas
escolas onde o trabalho está paralisado. A gente sabe que em todas as
escolas em que iniciaram esse serviço de reforma, até o momento nenhuma
foi entregue com sua obra concluída de fato e isso é muito preocupante, é
desgastante para todos e é revoltante também”, desabafa Isabel.
Por: Manoel Cardoso