A maior cantora do Brasil lança novo CD Quintais

A beleza e a força do novo disco de Maria Bethânia, Meus Quintais, têm muito a ver com a beleza e a força do inesperado. Uma espécie de trindade em que conjugam-se liberdade, prazer e intuição.
“Não faço projeto nem planos. Sou um pouco guiada por uma intuição suave e normal. Para mim já é uma coisinha normal”, disse ela, numa entrevista coletiva esta semana transmitida pela internet.
A cantora e intérprete, que no ano que vem vai completar 50 anos de carreira, não tinha planejado esse disco. Mas num intervalo de uma das apresentações do show Carta de Amor, que ainda corre o Brasil, teve um lampejo: “O desejo de cantar o homem do Brasil, o caboclo, o dono da terra”.
Impulsionada pela ideia, surgiu um disco com uma exuberância afetiva ímpar: passa pela intimidade do fundo de casa, se enraíza na memória familiar, se expande na expressão da mestiçagem solidária e é absoluta obra de arte.
“O índio não sai da minha cabeça, está no meu sangue. Temos uma hereditariedade com os pataxós. Eu sou parda, sou misturada. Mas eles são daqui, inteirinhos, são o chão, são o Brasil. Vivo interpretando o índio, o povo do Brasil o tempo inteiro. Minha missão é esta: viver cantando e interpretando o que sinto”.
Convidado a entrar naquele universo nascente, Chico César compôs duas músicas para o álbum. Em Arco da Velha Índia, traduz a cantora quando diz que ela é “corda vocal insubmissa”. E em Xavante, evoca “a voz de um Brasil distante”.