A imagem do Brasil, para os alemães, mudou desde aquele jogo? Perdemos nossa aura?
Infelizmente,
o Brasil perdeu parte de sua reputação no futebol. Desde que assisti à
minha primeira Copa do Mundo na TV, em 1970, ainda criança, o Brasil
sempre foi a equipe que você ficava ansioso para ver. Era como Natal,
como um grande presente embrulhado em amarelo, e você não sabia o que
esperar, mas sabia que seria diferente. Como qualquer pessoa, nós,
alemães, torcemos em primeiro lugar para nossa seleção, mas, depois
dela, era o Brasil. Mas em 2006, com Ronaldinho preguiçoso e Ronaldo
gordo, já não era assim. Em 2010, não foi melhor. E, em 2014, ver o
Brasil jogar já não era como Natal. Era um time entediante, sem
espírito, sem graça. Os 11 do Brasil eram dez mais Neymar, e contra a
Alemanha foram 11 sem Neymar e sem nada daquilo que faz você ver
futebol. “The thrill is gone”, como cantou BB King (“O encanto acabou”).
Mas a Alemanha mostrou que é possível fazer isso voltar – se o Brasil
trabalhar adequadamente na reforma de sua estrutura e se abrir para o
futebol moderno. Um grande país pode voltar em cinco ou seis anos. E
torço por isso, porque quero meu presente de Natal amarelo de volta.