MPF encontra ilegalidades nos aeroportos de Santarém e Itaituba
Abastecimento de combustíveis nas aeronaves no aeroporto Wilson Fonseca está irregular
Denúncias de irregularidades no
abastecimento de aeronaves em aeroportos de algumas cidades do Pará,
entre elas, Santarém e Itaituba, geraram investigação do Ministério
Público Federal. Após realizar fiscalização nos seis principais
aeroportos do Pará, o MPF encontrou diversas irregularidades no
armazenamento, transporte e até no abastecimento de aeronaves.
Por conta das irregularidades, o MPF
ajuizou ação contra a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e nove empresas
que fazem distribuição de combustível nos aeroportos do Pará. Normas
técnicas que regulam o serviço – altamente sensível para a segurança da
aviação – estão sendo descumpridas nos seis principais aeroportos do
estado, em Belém, Santarém, Marabá, Altamira e Itaituba. A ANP não faz
fiscalização presencial nos aeroportos, apenas acompanhamento virtual
das atividades.
Para o MPF, as irregularidades podem
estar influindo no alto número de acidentes aéreos envolvendo pequenas
aeronaves no Pará. O procurador Bruno Valente, que investiga desde 2014
esse aumento no número de acidentes, pediu à Justiça Federal que obrigue
a ANP a fazer a fiscalização presencial. Em outra ação judicial que
também trata dos acidentes, o Procurador obteve da Justiça liminar que
obriga a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a fazer vistorias
presenciais.
Nos locais de armazenamento de
combustível e abastecimento de aeronaves das nove empresas responsáveis
pelo serviço nos aeroportos paraenses foram encontradas dezenas de
irregularidades. O desrespeito às normas técnicas inclui problemas que
colocam em risco a saúde dos trabalhadores dos aeroportos, ausência de
mecanismos para prevenção de incêndios e até de controles que previnem
erros no abastecimento das aeronaves.
Além da ANP, são rés na ação as empresas
Raizen Combustíveis S.A, Abejet Comércio de Combustíveis e
Lubrificantes Ltda, IS Barbosa Santarém Ltda, Petrobras Distribuidora
S.A, Fortuna Transportes e Serviços Ltda, Pioneiro Combustíveis Ltda (em
Santarém e Itaituba), Vieira Comércio de Combustíveis Ltda e
Revendedora de Produtos de Aviação Itaipu Ltda.
De acordo com a ação, “incontáveis são
as não-conformidades destas revendedoras, que, dada sua importância,
podem acarretar graves danos, tendo em vista sua contribuição direta
para a ocorrência de acidentes nas áreas destes trabalhos, inclusive os
aéreos que vêm numa crescente desde o ano de 2006”.
“Diante da quantidade de acidentes
aéreos comuns neste Estado, melhores olhos devem ser destinados ao
procedimento e serviços que se fazem nos aeroportos, isto é, de modo a
intensificar as fiscalizações pelos órgãos competentes, bem como mudar a
forma com que ela é feita – de virtual para presencial”, diz a ação
judicial. O processo nº 0019632-59.2015.4.01.3900 tramita na 5ª Vara da
Justiça Federal em Belém.