Roubar é comportamento padrão. Ou era...
O Brasil vive um
momento singular de sua história. A tão esperada, e também temida,
reconstrução ética e moral está acontecendo. E a pressão vem de onde
sempre veio: das bases. A primeira instância da Justiça tomou para si o
encargo de desenovelar os meandros de uma cadeia de corrupção e
desmandos que começou ainda na colonização e se espraiou contaminando
todos os poderes e instituições. Impassível e imobilizado diante dos
fatos, o povo também se contaminou e o ‘jeitinho brasileiro’ se tornou
comportamento padrão, substituindo a legalidade, a moral e a ética. O
uso pessoal do poder, das empresas e dos recursos públicos é crime
constitucionalmente previsto.O momento é tão revelador que ‘doutores da lei’ e autoridades
questionam uma suposta inversão de competência da primeira instância
judicial. E o fazem pelo pior ângulo da questão, que é olhar apenas
possíveis ‘falhas’ jurídicas deixando de lado o debate em torno dos
crimes e desmandos praticados pelos envolvidos. Felizmente, contra a
estratégia de politizar a questão para ‘vitimizar’ Lula se impôs seu
próprio comportamento, e do governo, de tentar burlar a boa-fé e a
legalidade.
As sucessivas derrotas de Lula diante do Judiciário fortalecem a
primeira instância judicial, que é, sem dúvida, o canal constitucional
para se investigar e punir crimes de cidadãos que não detém o manto da
imunidade (que não pode ser travestido de impunidade).
NÃO VALE A PENAOs motivos que levaram o Brasil a chegar à crise financeira atual
foram, entre outras, as ‘escancaradas’ concessões fiscais para
beneficiar setores produtivos. Isto num momento em que a arrecadação estadual e municipal continua a
cair. Seria o mesmo que ‘sacrificar’ mais ainda a população para
beneficiar uma atividade que só se pratica nos tempos de ‘vacas gordas’.