segunda-feira, 30 de maio de 2016

Ela não sabia que tinha uma crise no Brasil

Shot 013
O escritor da Roma antiga, Públio Siro, escreveu que já “tinha se arrependido, muitas vezes, de ter falado, mas nunca de ter ficado calado”.
A frase ilustrada foi cometida por Dilma Rousseff, em um momento no qual ela deveria ficar calada, pois é inadequado, quando todos no Brasil já sentiam a presença de uma crise econômica, uma presidente da República replicar uma dialética alienada.
A frase foi dita à colunista, que questionou a guinada de Dilma à uma política econômica recessiva, usando como cunha o ajuste fiscal (que não ocorreu), enquanto, como candidata, ela prelecionava o oposto.
Para sustentar a sua tese de ignorância da crise, Dilma emenda o soneto, afirmado que “ninguém sabia que o preço do petróleo ia cair, que a China ia fazer uma aterrissagem bastante forte, que ia ter a pior seca no Sudeste”. Mas a emenda, nas duas primeiras asserções, sugere premissas falsas, o que torna mais bizarro ter saído da boca de uma presidente com quatro anos de mandato presidencial pretéritos.
O petróleo começou a dar sinais de engasgo no segundo semestre de 2013 e em 2014 o Brent fechou o ano com uma queda de 50% no barril. Todo mundo sabia!
A crise chinesa se inaugurou em 2008 (!), tendo como origem principal a injeção, pelo banco central do país, de trilhões de dólares na economia, para enfrentar a quebra do Lehman Brothers, e 10 dentre 10 economistas do mundo opinaram que o encilhamento não ia dar certo, pois isso é o mais surrado, e ineficiente, meio de lubrificar a economia.
E não deu certo: num primeiro momento, óbvio, a liquidez alimenta bolhas diversas (no caso da China uma bolha no mercado imobiliário), mas depois, mesmo em uma economia  centralizada e tocada a fuzil como a da China, o mercado vai encontrando brechas para cobrar o lastro, e se ele não existe o jeito é parar para arrumar, que foi a “aterrisagem bastante forte” a que se referiu Dilma Rousseff. E o mundo inteiro sabia disso…