O
escritor da Roma antiga, Públio Siro, escreveu que já “tinha se
arrependido, muitas vezes, de ter falado, mas nunca de ter ficado
calado”.
A frase ilustrada foi cometida por Dilma
Rousseff, em um momento no qual ela deveria ficar calada, pois é
inadequado, quando todos no Brasil já sentiam a presença de uma crise
econômica, uma presidente da República replicar uma dialética alienada.
A
frase foi dita à colunista, que questionou a guinada de Dilma à uma
política econômica recessiva, usando como cunha o ajuste fiscal (que não
ocorreu), enquanto, como candidata, ela prelecionava o oposto.
Para sustentar a sua tese de ignorância da crise, Dilma emenda o soneto, afirmado que “ninguém
sabia que o preço do petróleo ia cair, que a China ia fazer uma
aterrissagem bastante forte, que ia ter a pior seca no Sudeste”.
Mas a emenda, nas duas primeiras asserções, sugere premissas falsas, o
que torna mais bizarro ter saído da boca de uma presidente com quatro
anos de mandato presidencial pretéritos.
O
petróleo começou a dar sinais de engasgo no segundo semestre de 2013 e
em 2014 o Brent fechou o ano com uma queda de 50% no barril. Todo mundo
sabia!
A crise chinesa se inaugurou em 2008 (!),
tendo como origem principal a injeção, pelo banco central do país, de
trilhões de dólares na economia, para enfrentar a quebra do Lehman
Brothers, e 10 dentre 10 economistas do mundo opinaram que o
encilhamento não ia dar certo, pois isso é o mais surrado, e
ineficiente, meio de lubrificar a economia.
E
não deu certo: num primeiro momento, óbvio, a liquidez alimenta bolhas
diversas (no caso da China uma bolha no mercado imobiliário), mas
depois, mesmo em uma economia centralizada e tocada a fuzil como a da
China, o mercado vai encontrando brechas para cobrar o lastro, e se ele
não existe o jeito é parar para arrumar, que foi a “aterrisagem bastante forte” a que se referiu Dilma Rousseff. E o mundo inteiro sabia disso…