quarta-feira, 25 de maio de 2016

Empresário santareno é preso pela Polícia Federal

Washington Canté é acusado de ser um dos mentores de esquema junto a prefeituras do Pará


Washington Canté foi preso em operação da Polícia Federal
Washington Canté foi preso em operação da Polícia Federal
Uma quadrilha que extorquia recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em seis municípios, foi desarticulada, na manhã de terça-feira (24), na Operação “Lessons”, um trabalho conjunto da Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal (RF). Duas empresas de fachada vendiam cursos de línguas estrangeiras, de qualidade questionada pelos órgãos envolvidos nas operações, e com preços superfaturados: o kit com três livros didáticos e três DVDs custava R$ 1,8 mil. O rombo estimado está entre R$ 12 milhões e R$ 17 milhões. No mínimo, 70% desses valores já foram pagos às empresas BR7 Editora e Ensino e IHOL Idiomas. O radialista Nonato Pereira (Raimundo Nonato da Silva Pereira), está foragido e é apontado como um dos líderes do esquema. Na casa dele, foram encontrados R$ 76 mil em dinheiro e uma quantidade de haxixe.
Foram 15 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão preventiva, três mandados de prisão temporária e 8 conduções coercitivas nas cidades de Belém – não há, por enquanto, nenhuma suspeita da atuação da quadrilha na Prefeitura de Belém -,  Marituba, Tomé-Açu, Acará, Inhangapi e Vitória do Xingu. Foram apreendidos documentos, celulares, computadores, dinheiro, drogas e carros de luxo importados. O vereador John Anderson Lima (PHS, ex-PMDB) é um dos envolvidos em articular a fraude com a prefeitura de Marituba, mas ainda está sendo investigada a participação de outros servidores públicos. Os mandados foram expedidos pelo juiz federal Rubens Rollo D’Oliveira (terceira Vara), que também decretou a quebra do sigilo de equipamentos de informática, o sequestro de bens móveis imóveis dos suspeitos.
Estão presos preventivamente (sem prazo determinado para o relaxamento da prisão) o empresário Alberto Pereira de Souza Júnior e o empresário Washington Luiz Dias Lima. Ficarão presas temporariamente, pelo prazo máximo de cinco dias, a advogada Angélica Laucilena Mota Lima, o servidor público Mário Wilson Moraes Júnior e o empresário Heron Melo de Souza.
Foram conduzidos coercitivamente, para prestar depoimento na Polícia Federal, Washington Luiz Maia (contador), Ilmara Azevedo Campos (servidora da Prefeitura de Marituba), Jean Neves Gomes, John Anderson Nascimento Lima (vereador de Marituba), Raimundo Edson Santos (contador).
Presos na Operação “Lessons”, da Polícia Federal
Presos na Operação “Lessons”, da Polícia Federal
INVESTIGAÇÃO IMPEDIU QUE OUTRAS PREFEITURAS TIVESSEM PREJUÍZO: As investigações começaram a partir de denúncias recebidas pela CGU da irregularidade sendo cometida em Marituba, entre 2014 e 2015. O coordenador do Núcleo de Operações Especiais da CGU, Israel Carvalho, explicou que, de imediato, chamava a atenção que duas empresas tão pequenas e, praticamente, recém-inauguradas e sem quadro de funcionários, fechassem contratos de R$ 2 milhões ou mais com uma prefeitura sem qualquer processo de licitação. Com a prefeitura de Marituba, o contrato, além do kit didático, incluía uma sala de aula móvel e professores para dar aulas de 18 de dezembro de 2014 a 17 de fevereiro de 2015. A sala móvel continua na rodovia BR-316.
A Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Marituba, em nota, informou que não tem contrato de serviço com a Empresa BR Editora, alvo da operação Lessons. A Controladoria do Município emitiu, em abril deste ano, um parecer desfavorável a renovação de contrato com a empresa pois não cabe a inexigibilidade de licitação pois o serviço ofertado pela BR Editora não é exclusivo.
O delegado Jorge Eduardo Ferreira destacou que graças à operação e às investigações, vários contratos foram cancelados antes que causassem mais prejuízo aos cofres públicos sem dar qualquer retorno às crianças, que ficariam sem cursos de qualidade. Após denúncias, o Governo do Estado cancelou um contrato com as empresas do esquema no valor de R$ 198 milhões. As prefeituras de Augusto Correa (R$ 1,8 milhão), Mãe do Rio (R$ 900 mil) e Ponta de Pedras (R$ 1,8 milhão) cancelaram os contratos e todos dispensavam licitação.