A
Câmara Federal, na mais perfeita tradução do patrimonialismo político
nacional, modificou, substancialmente o projeto de lei, já
aprovado no Senado, que poderia ser o início de uma mudança, para
melhor, na gestão das estatais.
O projeto do
Senado visava, pelo menos, diminuir o aparelhamento político nas
estatais, coisa que chegou aos píncaros com o PT, mas que todo partido
que chega, ou se aprochega, ao poder faz, que é nomear seus próceres ou
parecidos para todos os cargos possíveis dentro da estrutura orgânica da
empresa, fazendo com o que o aparelhamento sirva aos interesses
partidários e não às exigências empresariais.
O
projeto de lei, aprovado no Senado, escrevia que dirigentes partidários e
sindicais e pessoas que, nos últimos 36 meses, participaram de
atividades político-partidárias, de campanhas eleitorais e de
organização sindical, não poderiam ocupar cargos de direção, presidência
e nem de conselhos de administração das estatais.
A Câmara Federal rejeitou essa parte do texto, consentindo que tudo continue como dantes na casa da mãe Joana.
Eu
mesmo, por exemplo, pelo texto aprovado no Senado, não poderia
continuar a fazer parte da diretoria de uma estatal que hoje ocupo, mas
apoiava integralmente o projeto, pois o que nele se lia era um
importantíssimo avanço pontual de uma reforma administrativa que é
prometida desde o ano passado para o ano que vem.
Eu
sempre digo que político não vem de outro planeta, são daqui mesmo,
saídos do seio da sociedade e ela representam em todas os seus defeitos,
já que a política é nivelada por baixo. Mas atitudes como essa, da
Câmara Federal, destituem-me a fala, sendo possível intuir que esse
pessoal veio de outra galáxia e não sabe ler o que está em toda a
imprensa, que não deixa de ser consequência do aparelhamento partidário
da República.