O procurador da República Deltan Dallagnol afirmou hoje (14) que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o "comandante máximo do
esquema de corrupção identificado na (Operação) Lava Jato". Dallagnol
fez a declaração durante entrevista coletiva em que a força-tarefa do
Ministério Público Federal (MPF) responsável pela operação, detalhou a
denúncia que envolve Lula, a esposa dele, Marisa Letícia, e mais seis
pessoas.
O ex-presidente foi denunciado à Justiça Federal por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, crimes cujas penas, somadas, podem chegar a 32
anos e seis meses de prisão. Segundo os procuradores, Lula recebeu
vantagens indevidas das empresas envolvidas no esquema de corrupção da
Petrobras, como a compra de um apartamento tríplex em Guarujá, no
litoral paulista, a reforma e decoração do imóvel, além de contratos
milionários para armazenamento de bens pessoais. Essas vantagens,
somadas, totalizariam mais de R$ 3,7 milhões.
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Dallagnol ressaltou que a corrupção identificada nas investigações é
sistêmica e envolve diversos governos e partidos. De acordo com o
procurador, existe uma "propinocracia" em curso no Brasil, no qual os
poderes Executivo e Legislativo trocam favores, nomeações políticas e
cargos, para obter "governabilidade corrompida, perpetuação criminosa no
poder e enriquecimento ilícito". Para Dallagnhol, o sistema é bancado
por cartéis de empresas que se aproveitam do esquema para garantir a
assinatura de contratos milionários com o Poder Público.
É a primeira vez que o ex-presidente é denunciado à Justiça Federal no
âmbito da Lava Jato. A denúncia inclui também o presidente do Instituto
Lula, Paulo Okamotto, e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, além dos
ex-executivos da empreiteira Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Paulo
Roberto Valente Gordilho, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira
Ferreira.
A denúncia segue agora para a 13ª Vara Federal de Curitiba, para
apreciação do juiz Sérgio Moro. Caso seja acatada pelo juiz, Lula,
Marisa e os outros denunciados se tornarão réus na operação.