Água inapropriada para consumo revoltou moradores
Água inapropriada para consumo revoltou moradores
Não é de hoje que os moradores do bairro
da Esperança, em Santarém, oeste do Pará, sofrem com o precário
abastecimento de água. O principal problema apontado pela concessionária
dos serviços de abastecimento de água está no fato das tubulações que
levam o líquido precioso para o referido bairro, serem de cimento
amianto, material que rompe com facilidade, devido ao esgotamento pelo
tempo de uso (há mais de 40 anos que foram implantados, e que já
deveriam ter sido substituídos).
Nesta semana, os moradores do bairro da
Esperança, contaram à nossa equipe de reportagem, que levaram um susto
quando ligaram as torneiras de suas casas, na manhã de sexta-feira, 30
de setembro. Segundo eles, ao invés de água, saiu muita lama das
torneiras de diversas casas. Os moradores cobram uma posição oficial da
Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) no que diz respeito à
qualidade da água servida à população, tanto no referido bairro, quanto
em outros bairros de Santarém.
A dona de casa, Luciene Freitas comenta
que depois de sucessões de falta de água no bairro, por conta de um
problema na adutora da Cosanpa, quando o líquido retornou foi totalmente
impróprio para o consumo. “Desde sexta-feira que esse problema começou.
Isso é lama pura! Esse líquido não serve pra nada, nem pra lavar
roupas. O pior de tudo é que somos esquecidos pelo poder público. Em
plena campanha eleitoral acontece isso nas casas, onde ao invés de água,
mandam lama pra população consumir”, dispara Luciene.
Ela acrescenta que os moradores da
Esperança padecem há décadas por falta de uma boa qualidade e
distribuição de água pela Cosanpa. “O que ainda dá pra gente ir levando a
vida aqui, é que alguns vizinhos têm poços artesianos. Pra beber e
fazer comida dependemos da boa vontade deles. Tem gente que vai buscar
água até na escola do bairro. Tudo isso porque falta água o tempo todo
aqui e, quando vem é desse jeito: lama pura!”, reclama Luciene.
IMPROVISO E MUITO SACRÍFICIO: Nos fins
de semana, segundo os moradores, muitas pessoas deixam de aproveitar a
folga – e ao invés do lazer, e até mesmo do descanso -, utilizam-se das
mais variadas formas, para garantir a quantidade de água necessária para
fazer as diversas atividades domésticas do dia-a-dia. De acordo com os
moradores, tem pessoas que improvisam, buscando o abastecimento em
escola e em poços de vizinhos. Outros apelam para o fechamento de ruas,
como forma de manifestar a insatisfação com a falha na prestação de
serviço, pela Cosanpa.
Em alguns casos, para o consumo, eles
denunciam que estão comprando água mineral, que é adquirida por valores
altos. A maioria das famílias não tem condição de comprar todos os dias.
PROBLEMA CRÔNICO: Ainda de acordo com os
comunitários, a falha no abastecimento acontece há mais de dois meses e
a Associação de Moradores promete protestar na sede da Cosanpa. “A
falta de água aqui no bairro é um problema crônico. Se nada for
resolvido, vamos marchar para frente da Cosanpa. Fechamos a rua 11
horas, no mês de agosto e pretendemos voltar com protesto e só liberar o
trânsito quando o problema for resolvido. Neste trecho, são mais de
quatro mil famílias que estão sem abastecimento há mais de 60 dias. Se
contar o bairro todo, são aproximadamente 10 mil pessoas nesta
situação”, argumentou o Presidente da Associação, Raul de Jesus.
O morador Wesley Santos diz que a
solidariedade dos vizinhos que possuem poço ajuda muito no cotidiano das
famílias. Ele afirma que levar água para casa se tornou uma maratona.
“Na minha casa só vive faltando água. De manhã cedo a gente tem de
correr para encher e ir trabalhar, o que é muito cansativo e prejudica a
coluna carregando os baldes. Ainda tem o risco de ser atropelado ao
atravessar a rua”, reclama Santos.
Procurada por nossa reportagem, até o
fechamento desta reportagem, a diretoria da Cosanpa não se pronunciou
sobre o problema da distribuição de água potável, no bairro da
Esperança, em Santarém.
Os moradores, revoltados, prometem
bloquear a BR 163, no trecho que fica próximo ao bairro, e garantem que
somente irão dar acesso aos veículos, depois que o problema da falta de
abastecimento de água no bairro for resolvido.
Por: Edmundo Baía Junior