Líder e elogiada mundo afora na era Tite, seleção brasileira recebe principal rival em baixa, fora da zona de classificação à Copa, e com técnico pressionado: tudo mudou
Brasil x Argentina. Mineirão, nesta quinta-feira, às 21h45
(horário de Brasília). Um superclássico de cenário inimaginável há pouquíssimo
tempo atrás. Exercite sua memória:
Há cinco meses, as notícias sobre a seleção brasileira abordavam a vergonha da eliminação na primeira fase da Copa América Centenário, os palavrões de Neymar numa rede social pós-derrota para o Peru, e a possibilidade da troca de técnico para evitar a catástrofe de, pela primeira vez na história, ficar fora da próxima Copa do Mundo.
Há cinco meses, a imprensa argentina analisava os golaços de Messi no mesmo torneio, os 100% de aproveitamento e seu favoritismo diante das eliminações precoces de Brasil e Uruguai.
+ Veja tabela e classificação das eliminatórias sul-americanas para a Copa-2018
Só cinco meses, e tanta coisa mudou. Hoje, 10 de novembro, o Brasil lidera as eliminatórias para o Mundial de 2018, tem seu jogo elogiado até internacionalmente, um treinador com o nome gritado por onde passa, e voltou a figurar entre os favoritos aos principais títulos.
A Argentina, por sua vez, está em sexto lugar, fora da zona de classificação, resiste a uma crise institucional gigantesca, tem um técnico sem apoio popular ou da mídia local, e teme – agora o medo é deles – o vexame de não ir à Rússia em 2018.
O que aconteceu? Por que tudo mudou em tão pouco tempo? O GloboEsporte.com explica:
SAI DUNGA, ENTRA TITE
Tite melhorou o futebol e o astral da Seleção, com status de quase unanimidade (Foto: Pedro Martins / MoWA Press)
É
inegável que a troca de técnico melhorou a Seleção. No lugar de Dunga,
que não tinha apoio algum e já era isolado mesmo dentro da CBF, entrou
Tite, atual campeão brasileiro com status quase de unanimidade.
Carismático e eficiente, o sucessor conquistou rapidamente a simpatia da
mídia e da torcida com uma equipe de cara mais moderna e atual, mais
jovem, sem vícios ou rancores que eram cultivados pela comissão técnica
anterior. O futebol melhorou.
RENOVAÇÃO EM JESUS
Gabriel Jesus tem quatro gols em quatro jogos: símbolo de esperança a longo prazo (Foto: Rodrigo Buendia / AFP)
Enquanto
a Argentina sofre para encontrar novos atacantes, e mantém os mesmos há
anos, o Brasil, apoiado na conquista da medalha de ouro na Olimpíada,
alçou Gabriel Jesus ao posto de grande estrela quando o transformou em
titular da Seleção principal, com a camisa 9 às costas. O garoto de 19
anos, já vendido pelo Palmeiras ao Manchester City, fez quatro gols em
quatro jogos, superou expectativas e se transformou no frescor que o
Brasil procurava na posição há anos, mas não conseguia encontrar.
SEM PICUINHAS
Marcelo voltou à Seleção com Tite e logo se tornou um dos destaques (Foto: Pedro Martins / MoWA Press)
Logo
que assumiu, Tite disse que não herdaria nenhuma rusga pessoal da
antiga comissão. Isso significava que jogadores com problemas pessoais
com Dunga, como Thiago Silva e Marcelo, voltariam ao grupo. Não deu
outra. O zagueiro, machucado no início da temporada europeia, ainda
demorou a ser convocado, o que lhe custou a condição de titular diante
das boas atuações de Marquinhos e Miranda, mas o lateral-esquerdo, de
cara, recuperou sua posição e convenceu com ótimo desempenho frente a
Equador e Colômbia. O grupo também reagiu bem à volta de ambos, já que
são respeitados internacionalmente.
NEYMAR
Neymar com sua nova tatuagem na perna esquerda, no treino da seleção brasileira (Foto: Pedro Martins/MoWa Press)
Se
a relação do atacante com Dunga e Gilmar Rinaldi era traumática, com a
nova comissão técnica parece não haver problemas. Tite conseguiu o que
parecia impossível: transformou Neymar em "mais um" jogador da Seleção.
Evidentemente o mais talentoso de todos, mas não há mais aquela
monopolização de assunto em cima do craque. Dentro de campo, ele rendeu.
Fez gols contra Equador, Colômbia e Bolívia, e está pronto para pegar a
Argentina dos amigos e companheiros de Barcelona, Lionel Messi e Javier
Mascherano.
APOIO POPULAR
Torcida apoia seleção brasileira em jogo no país (Foto: Reuters)
Se
o sentimento de antipatia reinava entre o povo brasileiro e a Seleção, o
jogo virou. Ao contrário de Dunga, Tite tem seu nome gritado por onde
passa. Nesta quinta-feira, o Mineirão será palco do primeiro mosaico de
apoio ao time. Qualquer coisa que o atual técnico faça, certa ou errada,
tem votos de confiança da população, em razão de seu histórico
vencedor. O apoio aproxima o torcedor e lapida ainda mais a confiança
dos talentosos brasileiros.
"O Tite argentino é Simeone, técnico de consenso entre torcida e imprensa após devolver o Atlético de Madrid a um lugar de privilégio, além de ter grande trajetória na seleção. O problema é que ele já disse “não” várias vezes. Se Bauza está hoje no cargo é justamente porque não havia um Tite. Foi uma eleição da comissão normalizadora que controla a AFA. Bauza é um técnico de emergência. Se os resultados da Argentina contra Brasil e Colômbia não forem bons, falarão sobre seu futuro no cargo. O Brasil se recuperou com a mão de Tite e não depende apenas de Neymar. A Argentina depende muito de Messi. Sem ele, ela não vence. Não há um time, vários jogadores são questionados, Aguero está no banco e Di Maria em seu pior momento pela seleção. A equipe nunca esteve fora da zona de classificação para a Copa do Mundo. É uma situação alarmante, e o objetivo é conquistar no mínimo quatro pontos para não passar o fim de ano com a angústia de estar fora da Copa. A pressão no início de 2017 poderia ser letal. A tabela é muito complicada para essa situação."(Sergio Maffei, jornalista do Diário Olé)
PRESSÃO
Messi lamenta vice-campeonato na Copa do Mundo de 2014, após derrota para a Alemanha (Foto: André Durão)
São 23 anos sem levantar qualquer taça importante. A
cada jogo, o jejum e a pressão por títulos aumentam. Imprensa e torcida argentina não suportam
mais ter o melhor do mundo e uma geração que prometia fazer com que a Argentina saísse
da fila, mas sem nenhuma conquista. Com jogadores destaques em
clubes europeus de ponta, a Argentina andou batendo na trave, somando quatro vices
(as Copas Américas de 2004, 2007 e 2016, e a Copa do Mundo 2014).
POLÍTICA
A Associação de Futebol Argentino (AFA) atravessa uma de suas principais crises . Em maio, o governo decidiu intervir no processo eleitoral, devido a uma investigação sobre desvio de recursos do programa de apoio ao futebol no país. Em junho, após a perda da Copa América Centenário, para o Chile, o presidente da entidade, Luis Segura, renunciou ao cargo. Desde então, há uma junta regularizadora, presidida por Armando Pérez, e supervisionada pela FIFA, que toma decisões pela entidade. Em meio ao processo de investigação e à indefinição de comando, a AFA escolheu Edgardo Bauza como treinador, após recusas de Marcelo Bielsa e Jorge Sampaoli, preferidos pela opinião pública.
MUDANÇA DE TÉCNICO
Edgardo Bauza foi escolhido como técnico, mas está longe de ser unanimidade na Argentina (Foto: Rafael Araújo)
Após a derrota nos pênaltis para o Chile na Copa
América Centenário, no Estados Unidos, o técnico Gerardo Martino pediu
demissão. O treinador não conseguiu reunir 22 jogadores para representar
a Argentina para a disputa da Olimpíada, em
agosto. Diante das recusas de Bielsa e Sampaoli, Edgardo
Bauza foi o escolhido. O treinador estreou com vitória - a única até
aqui – diante do Uruguai, com Messi em campo. Depois, empatou
duas vezes e perdeu em casa
para o Paraguai. Bauza corre
contra o tempo para que a mudança surta efeito
para a Argentina.
MESSI PARADO
Messi desfalcou a Argentina nos últimos três jogos nas eliminatórias (Foto: AP Photo/Eugenio Savio)
Desde
setembro de 2015, o camisa 10 enfrentou sete lesões: uma no ligamento
no joelho, duas no rim e
quatro problemas musculares. A última, no empate com o
Atlético de Madrid, dia 21 de
setembro, o afastou dos campos por quase um mês. Este problema muscular
gerou até um atrito entre o Barcelona e Bauza, que criticou o
tratamento no clube catalão. Desde que voltou, no jogo contra o La
Coruña, dia
15 de outubro, o camisa 10 jogou todas as partidas os 90 minutos – cinco
no total. Se existe algum questionamento sobre a saúde física de Messi,
nesses jogos ele marcou oito gols e tentará
ampliar sua marca contra o Brasil.
ENTRESSAFRA NO ATAQUE
Higuaín resiste como principal centroavante da Argentina, enquanto o Brasil renovou com Jesus (Foto: Getty Images)
Higuaín
e Aguero são dois dos mais importantes
atacantes do mundo em seus clubes. Com as camisas
de Juventus e Manchester City, respectivamente, são inquestionáveis, mas
na seleção
argentina não se firmam.
Principalmente o primeiro, marcado pelos gols perdidos nas
decisões da Copa do Mundo-2014 e das Copas Américas de 2015 e 2016.
Messi mantém o alto nível, mas a seleção sempre teve grandes
finalizadores, como Kempes, Batistuta e Crespo. Lucas Pratto, do
Atlético-MG, é outra
opção. O ataque argentino fez 11
gols em 10 jogos nas eliminatórias.
FICHA TÉCNICA
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Fernandinho; Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus. Técnico: Tite
ARGENTINA: Romero, Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Más; Mascherano, Biglia, Enzo Pérez e Di Maria; Messi e Higuaín. Técnico: Edgardo Bauza
Data: 10/11/2016 Horário: 21h45 (de Brasília) Local: Mineirão, em Belo Horizonte-MG Árbitro: Julio Bascuñan (CHI) Auxiliares: Christian Schiemann e Marcelo Barraza (CHI) Transmissão: TV Globo, SporTV e GloboEsporte.com. O site abre sua transmissão às 20h e também acompanha em Tempo Real
Há cinco meses, as notícias sobre a seleção brasileira abordavam a vergonha da eliminação na primeira fase da Copa América Centenário, os palavrões de Neymar numa rede social pós-derrota para o Peru, e a possibilidade da troca de técnico para evitar a catástrofe de, pela primeira vez na história, ficar fora da próxima Copa do Mundo.
Há cinco meses, a imprensa argentina analisava os golaços de Messi no mesmo torneio, os 100% de aproveitamento e seu favoritismo diante das eliminações precoces de Brasil e Uruguai.
+ Veja tabela e classificação das eliminatórias sul-americanas para a Copa-2018
Só cinco meses, e tanta coisa mudou. Hoje, 10 de novembro, o Brasil lidera as eliminatórias para o Mundial de 2018, tem seu jogo elogiado até internacionalmente, um treinador com o nome gritado por onde passa, e voltou a figurar entre os favoritos aos principais títulos.
A Argentina, por sua vez, está em sexto lugar, fora da zona de classificação, resiste a uma crise institucional gigantesca, tem um técnico sem apoio popular ou da mídia local, e teme – agora o medo é deles – o vexame de não ir à Rússia em 2018.
O que aconteceu? Por que tudo mudou em tão pouco tempo? O GloboEsporte.com explica:


RENOVAÇÃO EM JESUS

SEM PICUINHAS

NEYMAR

APOIO POPULAR


"O Tite argentino é Simeone, técnico de consenso entre torcida e imprensa após devolver o Atlético de Madrid a um lugar de privilégio, além de ter grande trajetória na seleção. O problema é que ele já disse “não” várias vezes. Se Bauza está hoje no cargo é justamente porque não havia um Tite. Foi uma eleição da comissão normalizadora que controla a AFA. Bauza é um técnico de emergência. Se os resultados da Argentina contra Brasil e Colômbia não forem bons, falarão sobre seu futuro no cargo. O Brasil se recuperou com a mão de Tite e não depende apenas de Neymar. A Argentina depende muito de Messi. Sem ele, ela não vence. Não há um time, vários jogadores são questionados, Aguero está no banco e Di Maria em seu pior momento pela seleção. A equipe nunca esteve fora da zona de classificação para a Copa do Mundo. É uma situação alarmante, e o objetivo é conquistar no mínimo quatro pontos para não passar o fim de ano com a angústia de estar fora da Copa. A pressão no início de 2017 poderia ser letal. A tabela é muito complicada para essa situação."(Sergio Maffei, jornalista do Diário Olé)
PRESSÃO

POLÍTICA
A Associação de Futebol Argentino (AFA) atravessa uma de suas principais crises . Em maio, o governo decidiu intervir no processo eleitoral, devido a uma investigação sobre desvio de recursos do programa de apoio ao futebol no país. Em junho, após a perda da Copa América Centenário, para o Chile, o presidente da entidade, Luis Segura, renunciou ao cargo. Desde então, há uma junta regularizadora, presidida por Armando Pérez, e supervisionada pela FIFA, que toma decisões pela entidade. Em meio ao processo de investigação e à indefinição de comando, a AFA escolheu Edgardo Bauza como treinador, após recusas de Marcelo Bielsa e Jorge Sampaoli, preferidos pela opinião pública.
MUDANÇA DE TÉCNICO

MESSI PARADO

ENTRESSAFRA NO ATAQUE

FICHA TÉCNICA
BRASIL: Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Fernandinho; Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho e Neymar; Gabriel Jesus. Técnico: Tite
ARGENTINA: Romero, Zabaleta, Otamendi, Funes Mori e Más; Mascherano, Biglia, Enzo Pérez e Di Maria; Messi e Higuaín. Técnico: Edgardo Bauza
Data: 10/11/2016 Horário: 21h45 (de Brasília) Local: Mineirão, em Belo Horizonte-MG Árbitro: Julio Bascuñan (CHI) Auxiliares: Christian Schiemann e Marcelo Barraza (CHI) Transmissão: TV Globo, SporTV e GloboEsporte.com. O site abre sua transmissão às 20h e também acompanha em Tempo Real