quarta-feira, 12 de setembro de 2018

“Eu só peço a Deus // Um pouco de malandragem // Pois sou criança e não conheço a verdade” (Cássia Eller)



Esta não é uma mensagem de desesperança; ao contrário, é um depoimento de um experiente funcionário público que não conhece a verdade.

Lula era a esperança de milhões de brasileiros e se transformou no mensageiro do caos, apoiando a eleição de Dilma que, guerrilheira, encostou o líder na parede e exigiu a reeleição. Vitoriosa, espalhou pelo mundo a sua caricatura de “presidenta”, expondo a nossa pobreza de espírito e a compreensão do mal que nos fez.

Nestas eleições, mesmo com controle maior dos eleitores por meio das redes sociais, o conluio de malandros e sabidos continua na propaganda política, em que aparecem uns e outros apoiando ou pedindo votos para candidatos que imaginam estar seguros atrás do foro privilegiado; é bom esquecer os tempos de outrora nos quais a prescrição chegava como uma benção.

Candidatos novos com discursos velhos prometem corrigir os erros dos governos anteriores mesmo sabendo que a grande dificuldade será governar com um Parlamento de maioria reeleita pronta para negociar cargos, favores, nomeações e tantas outras insidiosas propostas.

É por essas razões que os candidatos realmente novos são observados com atenção, apesar de impossibilitados de participar dos debates; apresentam suas ideias e as divulgam nas redes sociais, abrindo caminho para candidaturas que, no futuro, poderão ser a mudança que todos esperamos.

O candidato líder das pesquisas eleitorais, Jair Bolsonaro, com sua mensagem belicosa, suavizada pela violência que o atingiu de forma torpe, teve sua campanha e o seu corpo atingidos pela punhalada pela frente, alertando-o para os ataques que virão pelas costas, se atingir a presidência.

Bolsonaro parece ter conquistado eleitores por todos os cantos do país. A campanha dele e do seu vice, o Mourão, é como o incêndio que devastou o Museu Nacional no Rio de Janeiro; queimam tudo, transformam em cinzas seus oponentes e, mesmo nos debates ou entrevistas, têm sempre uma resposta que não agrada o interlocutor, mas faz o povo divulgá-la como se fosse uma boa piada que passa de boca em boca, e logo todos a conhecem.

Se o Messias ganhar a eleição, derrotando seus famosos e desgastados concorrentes, é possível que sua resposta à indagação sobre o que achava da tragédia do museu se torne a frase do governo, trocando “Ordem e Progresso” pelo “O que passou, passou”, inclusive o atentado, e saia queimando os restos dos governos do Partido dos Trabalhadores.

Estou esperançoso. Afinal, não sou mais criança e que ainda não me acostumei com nada, não conheço a verdade e preciso de sabedoria e um pouco de malandragem para sobreviver ao que virá.