quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Dr. José Olivar: “Santarém é um celeiro de bandidos onde a vida e o patrimônio das pessoas estão sob risco contínuo”

O advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Santarém, José Olivar Azevedo, em entrevista, relata a sua percepção sobre o atual momento da segurança pública na Pérola do Tapajós.
Jornal O Impacto – O senhor, como advogado e pai do proprietário da casa lotérica da Nova República, como encarou o assalto recente naquela loteria?
Dr. José Olivar – Eu estava em São Paulo quando fui informado do assalto, e de logo tomamos as providências, buscando a prisão dos bandidos, e o mais importante, o dinheiro que deve ter chegado a mais de 100 mil reais em cédulas e moedas. Achei que a ação foi planejada e isso me deixa preocupado, porque Santarém é um celeiro de bandidos aonde a vida e o patrimônio das pessoas estão sob risco contínuo.
Jornal O Impacto – Como o senhor viu a ação da policia na apuração e investigação do roubo?
Dr. José Olivar – No que diz respeito à prisão dos meliantes, foi importante posto que, 24 horas depois, já os tinha presos e identificados a função de cada um dos bandidos no assalto. Foram encontrados DVR das câmeras (que foi levada pelos meliantes), um resto de moedas e até gravata do bandido.  No entanto, mesmo com as prisões, o principal, como sempre, não foi encontrado, que no caso é o dinheiro grosso que foi levado.
Jornal O Impacto – Como assim? O que o senhor quer dizer: como sempre?
Dr. José Olivar – É que esse é o segundo assalto às duas casas lotéricas do meu filho – o primeiro no ano de 2016, sendo vítima a agência Mega Sorte, em que prenderam os assaltantes, mas o dinheiro não foi encontrado, no valor de 25 mil reais. Os bandidos até tiraram self e colocaram na internet com o dinheiro nas mãos dos mesmos. Só que, até hoje, a polícia nunca achou essa grana. O fato se repetiu agora, com os mesmos resultados: prendem os bandidos, mas o dinheiro não aparece.
Jornal O Impacto – A que o senhor atribui essa gritante falha da Polícia?
Dr. José Olivar – Veja: ocorre um assalto como este, as Polícias (Civil e Militar) entram em campo, vão direto às casas dos meliantes, prendem quase todos, acham restos de moedas, restos de outros materiais e o dinheiro maior (mais de 100 mil reais), não é encontrado, posto que, segundo a investigação, um dos ladrões – exatamente o que pegou a grana, identificado em câmeras – sumiu com o dinheiro que até hoje, como da vez anterior, não foi encontrado, o que é um absurdo e até estranho.
Jornal O Impacto – E o que o senhor pretende fazer?
Dr. José Olivar – Olha, não vou deixar isso ficar em “banho maria”. Vou ao Ministério Público requerer uma investigação da atuação da polícia e saber as razões da negligência na apreensão do dinheiro. Vou ao Juízo da ação penal acompanhar o desenrolar dos fatos e vou acionar, em Belém, a cúpula das polícias para explicarem o por quê da evasão do dinheiro que tomou “chá de sumiço”. Se for preciso vou, pelos contatos políticos que tenho, buscar junto ao Governador, maior empenho das polícias para que fatos dessa natureza não se repitam com outras vítimas. Não posso aceitar a ocorrência de 2 assaltos  (lembro de que um ocorreu há alguns anos na casa lotérica do mercadão), sem que em nenhum deles tenha se recuperado nada. É difícil um quadro desses, embora não esteja atribuindo os fatos aos policiais, mas apenas dizendo que soa como omissão não se achar a grana levada nos dois casos. Aliás, quase sempre, isto é fato público e notório, assaltos de grande monta em Santarém levam ao desvendamento dos autores, porém a recuperação dos bens surrupiados raramente ou nunca acontece.
Jornal O Impacto – E como o senhor vê a onda de assaltos que recrudesce em Santarém?
Dr. José Olivar – Antes, Santarém foi palco de situações análogas, todo mundo lembra que era um assalto atrás do outro. O Coronel Maués assumiu o 3º BPM e houve ações conjuntas com o Coronel Tomaso que levou à drástica redução de assaltos. Mas agora, me parece que estamos voltando àquela época e não vejo explicações teóricas ou técnicas, já que a polícia é quem tem que explicar a reviravolta.
Jornal O Impacto – O que o senhor tem mais a dizer?
Dr. José Olivar – Eu até agradeço a pronta intervenção do delegado Jamil e seus auxiliares, assim como a ação da PM na identificação e prisão dos meliantes. No entanto, não posso jubilar essas ações dos policiais, pois não encontrando o dinheiro, o trabalho ficou pela metade, visto que é dever das polícias prender e investigar os casos criminosos, mas não só prender os meliantes, mas encontrar o produto do roubo e devolver ao seu real proprietário. No caso da lotérica eu indago: Porque prenderam todos, e o que tinha o dinheiro conseguiu fugir? Qual o desenrolar do inquérito e quais as ações que estão sendo feitas para localizar esse meliante? Será que estão achando que prender os bandidos, sem encontrar a grana, é a providência esperada por quem é vítima? Essas indagações o delegado Castro da UPP da Nova República é quem pode responder, já que preside o inquérito. Se continuar assim, nem adianta as vítimas recorrerem às polícias, posto que, o êxito na recuperação de roubos de grandes valores aqui na cidade é quase zero. Para concluir, com todo respeito às autoridades de segurança de Santarém, não posso me conformar com essa situação em que, a pessoa trabalha, se vira para explorar uma atividade comercial, e num só dia, perde o que se ganha em sete meses, pois uma agência lotérica não produz lucros que muitos imaginam. Decepcionado!
Por Michael Douglas
RG 15 / O Impacto