Por Diene Moura*
“Há quem diga que rotular um jornal como independente nos dias de hoje é querer comprar a consciência do leitor, pois a proeza é impossível. Na sua totalidade os meios de comunicação do Brasil atual, dos maiores aos menores, estão ligados ou comprometidos com governos Municipal, Estadual e até Federal, políticos, partidos, ideologias, etc”.
“Assim como o jornal impresso, rádio ou o canal de televisão que não está sendo mantido pelo governo pertence à oposição e vice-versa. Isso, entretanto, não é regra. O que deveria ser a exceção tornou-se normal, isso não quer dizer em absoluto, que um pequeno semanário de Santarém possa revolucionar o sistema de comunicação desta região, nem tão pouco criar um fato inédito na história política, social e econômica do Brasil. Mas poderemos ser, quem sabe, uma gota d’água no oceano em busca dos verdadeiros princípios da imprensa”.
Os dois parágrafos acima fazem parte do editorial que estampou a primeira página, da edição 1, do jornal que, pouco tempo depois, se tornaria um dos mais importantes do estado do Pará e do norte do Brasil. O texto demonstrou a visão de seu fundador, Admilton Figueiredo de Almeida, que no auge dos seus 40 anos, idealizou fazer jornalismo no coração de Santarém e no interior da Amazônia.
A data era 3 de fevereiro de 1995 e até hoje, por exatos 28 anos, é conhecido como o ‘Polêmico’, ‘Atualizado’, ‘Audacioso’, ‘Corajoso’ e ‘Verdadeiro’. Inclusive, na primeira edição, a qual sua tiragem original está eternizada em um quadro exposto na parede da recepção, uma folha A4, o que para muitos poderia ser apenas um pedaço de papel velho, na verdade, é objeto grandioso em sua importância para a imprensa nacional.
Destacava as seguintes 4 manchetes: Kláutau denunciado por comerciante – (página 10); UFPA implanta novos cursos em 1996 (página 09); Cidade sua retrata a realidade santarena (página 4); e claro, o ‘astro rei’, o ‘BOCÃO’, sim, ele já não é tão jovem, mas ainda é ativo, popular e o principal, ‘curto’ e ‘direto’, como porta-voz da população que anseia respostas rápidas.
Empreender no jornalismo impresso
Admilton Almeida sempre muito ativo, iniciou sua paixão escrevendo artigos para o Jornal O Tapajós, ao lado do fundador da Rádio e TV Tapajós, o empresário Joaquim da Costa Pereira.
Ainda naquele ano, meados de 1992, quando sua escrita e embate principalmente com autoridades políticas ganhou notoriedade em meios de comunicação como O Liberal, Diário do Pará e Revista do Pará, Almeida decidiu criar O Estado do Tapajós, acompanhado dos melhores jornalistas, como ele mesmo denomina, são eles: Jota Ninos, José Ibanês e Carlos Cruz.
Com sua visibilidade e também atarefado com serviços que prestava como contador do setor fiscal, acabou pausando as atividades e vendeu o jornal, que foi veiculado por ao menos 2 anos. Na época, a presença de grandes empresários e influentes da política em um período onde havia o ‘boom’ da corrupção, queriam de todas as formas calá-lo e comprá-lo.
Em meio ao caos e acreditando que uma sociedade nova possa nascer das cinzas da maldade, da injustiça e junto com a população manter a ordem; praticar o bem comum; anular a arbitrariedade e principalmente combater a corrupção, Almeida fundou o independente Jornal O Impacto.
Revelou que, no final de um dia intenso de trabalho, ao se acomodar para descansar, avistou uma escrivaninha velha e pensou: – Eu vou criar um JORNAL e vai se chamar O IMPACTO. Logo depois ao lado de Jefferson Miranda e Guarani articulou a sua veiculação, mesmo sem a máquina, Almeida precisou terceirizar a impressão em Belém para sair há tempo aqui na região.
Nos anos seguintes, financiou uma máquina pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e iniciou a guerra com grandes empresários e influentes da política.
Desde então, somos aclamados pelos mais humildes, o ‘terror’ dos ‘corruptos’ e tantas outras linguagens populares, ao longo dos anos, tentam ressignificar o que representamos. Lidamos todos os dias, com ameaças, processos e todas as formas de intimidações, mas não baixamos a guarda, jamais! “Admirados ou odiados”. São vários os sentimentos despertados pelo atuação editorial característico do semanário que possui um público cativo.
“Se pegar o impacto e espremer sai sangue”, mencionavam os críticos e simpatizantes. Também fomos objeto de estudos de conclusão de curso de bacharéis de comunicação social – jornalismo, além de claro, ser um ‘laboratório’ na formação de tantos profissionais da comunicação espalhados por Santarém, região e quiçá, o mundo!
REPERCUSSÃO NACIONAL
Há quem reclame e até nos enquadrem como ‘sensacionalistas’.. Mas o nosso editorial polêmico e audacioso, rendeu bons frutos, furos de reportagens e conteúdos de nível nacional, como o caso do pai da cantora Joelma, o ex-garimpeiro, José Benahum Mendes, natural de Almeirim.
Uma equipe do Jornal O Impacto, chegou a identificá-lo vagando nos corredores da Câmara Municipal de Santarém. Ele estava no local em busca de ajuda para operar um dos olhos. Mesmo passando por uma ‘tempestade’ em sua vida, José Benahum nunca criticava a filha famosa.
A edição veiculada no dia 16 de junho em 2006 foi assinada pelo jornalista Marcos Santos. Com a manchete “Pai da cantora Joelma da Banda Calypso vive na miséria em Santarém”, milhares de ligações e mensagens começaram a chegar na redação.
Naquele momento, nos tornamos a principal fonte de meios de comunicação do Brasil, que tinham o intuito de desvendar o mistério por trás da vida particular da recordista de público em shows.
A descoberta sobre a vida humilde do pai, José Benahum, virou os holofotes e alvos de bombardeios de fãs e ex-fãs da Banda Calypso, no momento em que a cantora estava no auge da sua carreira, ganhando muito dinheiro e ainda pretendia lançar um trabalho gospel.
A sociedade começou a questionar, como ela, que alegava ter o lado religioso muito forte, tinha a coragem de deixar o pai em situação degradante?
Ele que buscava tratamento de saúde durante anos e vindo a óbito no dia 28 de junho de 2019, aos 58 anos, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital público de Santarém.
Como resposta, na época, Joelma dizia que o pai teria abandonado a família há muitos anos. Ela com 7 anos, juntamente com outros irmãos, teriam sido criados com muito sacrifício pela mãe.
FUTURO
É uma longa caminhada. Do primórdio, representado por aquela edição impressa em folhas de papel A4, ao momento atual, foram muitos os desafios enfrentados na defesa de uma sociedade melhor, e principalmente, de um jornalismo profissional hiperlocal, que atende uma audiência generalizada, concretizado por profissionais altamente gabaritados, entre colaboradores internos, colunistas e articulistas.
A barreira física foi ampliada com o advento da internet, e mais uma vez o jornal O Impacto conquistou a nova tecnologia, com a disponibilização do seu site (www.oimpacto.com.br). Depois lançou a TV Impacto, seu canal no Youtube.
A distribuição das reportagens ganhou impulso por meio das redes sociais, especialmente Facebook e Instagram, inclusive, obtendo 1 milhão de pessoas alcançadas, pela matéria: “Tarado da árvore do bairro Floresta é pego só de cueca pela guarnição da PM”.
Esses e outros fatos que repercutiram no Jornal e TV Impacto você poderá encontrar na próxima edição, após nossa entrevista com a estrela do Jornalismo Policial, Lorenna Morena, que não estará na ‘Rota do Crime’, mas será um dos destaques na edição especial de comemoração de 28 anos de O Impacto.
ABAIXO A CAPA DA EDIÇÃO ONDE O DESTAQUE FOI A MATÉRIA SOBRE O PAI DA CANTORA JOELMA.
O Impacto