Quinze milhões e meio de consumidores brasileiros sofreram golpes financeiros nos últimos doze meses, de acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
A aposentada Eunice Dias foi uma dessas vítimas. Ela descobriu que, há sete meses, R$ 80 vinham sendo descontados de sua aposentadoria para uma associação da qual nunca tinha ouvido falar. “Eu fiquei muito indignada, eu disse: ‘como é que fazem isso?’. Daí eu fui atrás saber do que era. Aí me disseram que era uma associação do Rio de Janeiro. Eu disse: mas eu não autorizei nada”, relatou Eunice.
Os descontos indevidos estão entre os principais golpes identificados pela pesquisa, que também apontou que o golpe mais comum é o pagamento adiantado por um benefício ou bem que a vítima nunca recebe. Logo depois, vêm as transferências de dinheiro para comprar produtos anunciados em redes sociais por amigos ou conhecidos, que também são falsos.
Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, explica que também são frequentes os golpes de clonagem de cartão, compras feitas por contas clonadas de amigos ou familiares em redes sociais, e pagamentos antecipados de produtos ou serviços que nunca chegam.”Então, a gente vê a fragilidade das pessoas diante do mundo digital”, ressalta Merula.
Ainda de acordo com o estudo, 38% das vítimas não conseguiram recuperar o dinheiro perdido. Em muitos casos, o ressarcimento só ocorre após uma longa batalha judicial. A polícia alerta que a atenção aos detalhes é a melhor forma de evitar esse tipo de crime.
No Rio Grande do Sul, a Polícia Civil criou um departamento específico para investigar esses golpes. O delegado Filipe Bringhenti explica que os crimes atingem pessoas de todas as idades. “Infelizmente, a profissionalização dos golpes levou à sofisticação desses golpes e hoje nós não podemos dizer, seríamos muito injustos ao afirmar, que apenas idosos são vítimas de golpes ou pessoas com menos instrução”, afirma o delegado.
Registrar a ocorrência é essencial. Para Eunice, o próximo passo é buscar a Justiça para tentar reaver o valor perdido.
Fonte: SBT News