quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Os desafios na Amazônia após a COP 30

Por - : Alexandre Moraes/ UFPAA 

COP 30, realizada em nossa Belém, marcou um momento histórico para a Universidade Federal do Pará e para toda a região amazônica. Como reitor da UFPA, senti-me honrado e profundamente inspirado pela presença da ciência, do conhecimento local e das vozes da nossa gente nesse evento global. Ao mesmo tempo, faço um balanço realista dos enormes desafios que ainda enfrentamos na integração entre ciência, sustentabilidade, ensino superior e sociedade.

Durante os dias da conferência, a UFPA, que é plural e singular, tornou-se um verdadeiro centro pulsante de atividades científicas e culturais. Promovemos palestras, diálogos e uma conferência dedicada às transformações sustentáveis, além de lançarmos publicações que reúnem ideias edificantes sobre mudanças climáticas, agricultura e conservação da Amazônia. Essa mobilização ampliou a voz da nossa universidade, permitindo que pesquisadores, estudantes e comunidades tradicionais continuem a dialogar diretamente com o mundo, reforçando o papel da ciência local como ferramenta imprescindível para o combate às mudanças climáticas.

A experiência da COP 30 nos revelou que o caminho para a sustentabilidade depende de um olhar sistêmico e colaborativo, onde a ciência deve estar aliada à justiça social, à pluralidade cultural e à singularidade de nossa identidade amazônida. Aprendemos que o conhecimento da floresta e de seus povos é um alicerce que precisa caminhar junto com avanços tecnológicos e políticas públicas eficientes. Para a UFPA, isso significa consolidar cada vez mais a integração entre ensino, pesquisa e extensão, formando cidadãos conscientes, preparados para atuar na preservação e no desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Porém, não podemos ignorar os desafios que permanecem. A ciência enfrenta o paradoxo de ser essencial para orientar decisões, mas ainda carece do investimento e do apoio financeiro e político que necessita para ampliar seu impacto social. O ensino superior, especialmente em regiões tão complexas como a nossa, precisa evoluir para integrar ainda mais a diversidade de saberes e responder aos anseios da sociedade, sem perder a excelência acadêmica.

A sustentabilidade, por sua vez, demanda ações concretas que ultrapassem o papel simbólico, materializando-se em infraestrutura urbana, saneamento e inclusão social como legados permanentes da COP 30 para Belém. Ao olharmos para o futuro a partir da experiência adquirida nessa conferência, somos otimistas, mas também realistas. A UFPA reafirma seu compromisso com a ciência como caminho para o conhecimento transformador, com o ensino superior como espaço de formação crítica e engajada, e com a sociedade amazônica como protagonista de seu próprio destino. A conferência global nos mostrou que mudanças profundas são possíveis quando há diálogo genuíno, respeito pela diversidade e vontade política. Temos agora a responsabilidade de transformar essa esperança em ações concretas, continuando a construir um futuro sustentável para a Amazônia, para o Brasil e para o planeta.
Belém e a UFPA deixaram sua marca na história da COP 30. Que essa chama seja duradoura e cative gerações a seguir defendendo a ciência, a justiça ambiental e um ensino inspirador, sempre atentos aos desafios que nos convocam para o hoje em vista do amanhã.

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