quinta-feira, 27 de novembro de 2025

UM TRÂNSITO CAÓTICO EM SANTARÉM. ACIDENTES CONSTANTES. IRRESPONSABILIDADE E MÁ HABILITAÇÃO DOS CONDUTORES DE VEÍCULOS. O MUNICÍPIO PRECISA ECONOMIZAR E APLICAR ATOS DE GESTÃO PARA REDUÇÃO DOS ACIDENTES

 

Advogado

Que o trânsito no Brasil é uma fábrica de mortes, não há dúvidas. Só que, para as grandes cidades esse fato é até certo ponto aceitável diante da dinâmica do grande número de veículos circulando, aliados à movimentação e aglomerações das metrópoles, o que resulta em graves ocorrências próprias dos grandes centros.

Santarém há muito tempo – com o aumento dos veículos e da população – vem sofrendo com um trânsito que faz várias vítimas semanais, engordando as estatísticas de óbitos. Chega a ser impressionante, tantos homicídios culposos que suplantam os dolosos, (aqueles praticados por quem eliminam voluntariamente alguém do mundo dos vivos).

Isto tudo tem origem explicável, sem medo de errar. Ou seja, vários fatores contribuem para um índice tão elevado.

01.Falta de sinalização – os semáforos existentes nos cruzamentos de grande fluxo, como na Cuiabá, Borges Leal e Mendonça Furtado, são em pequenos números, denotando deficiência semafórica que é crucial. Sem ela, as vias se tornam espaços para grandes velocidades, especialmente implementadas em motos de aluguel, particulares ou entregadores. Basta dizer, que alamedas importantes que cruzam a Cuiabá, não são sinalizadas, tais como: Icoaracy Nunes, Plácido de Castro, São Sebastião e tantas outras. No entanto, outros cruzamentos de menos fluxo de veículos e em outros locais, já são sinalizados, quando os semáforos poderiam ser dispensados e instalados nas vias acima referenciadas. Não entendo, por exemplo, como até hoje, a Avenida Barjonas de Miranda que cruza a Presidente Vargas, não tem semáforo, e ali é um Deus nos acuda nos horários de picos. Com a palavra, os engenheiros de trânsito dos órgãos estatais!

02.Falta de controle de velocidade por fiscalizações eletrônicas, muitas delas fixadas em pontos que, ao que me parece, foram ali colocadas visando auferir rendas para os cofres públicos. Basta citar a Bartolomeu de Gusmão e a Moaçara, com câmeras de controle eletrônico aonde nunca foi palco de grandes acidentes. Enquanto isto, a Cuiabá, no âmbito urbano da cidade, não tem qualquer controle de velocidade eletrônico, mesmo depois que passou a ser regida na pelo Município, registrando-se que lá, muitos motoqueiros e até automóveis, sem se falar nas carretas que apinham as pistas de rolamento daquela artéria, especialmente nos horários de picos, fazem da via, pista de corrida, o que se estende para o sentido da Fernando Guilhon, outra artéria que torna perigoso dirigir.

Não consigo entender porque a administração municipal não instala os controles eletrônicos em pontos estratégicos. Lembro, que na capital do Estado do Ceará, os índices de acidentes e mortes nas suas vias só caíram depois de várias instalações de câmeras, não permitindo excesso, sob pena de multa. Um outro caso sério, é que não existem nos semáforos principais da cidade, as câmeras eletrônicas de controle. Ou seja, os motoristas apressadinhos, veem o semáforo vermelho e o avança, sem medo de serem multados ou causar um acidente seríssimo.

03.Ineficiência da fiscalização pessoal por agentes de trânsito, que não se consegue compreender e encontrar explicações para certos procedimentos destes servidores (DETRAN e SMT). Se você circular pela Avenida Tapajós ou por outras que o fluxo de veículos à noite para elas se desloca aos sábados e domingos, verá vários agentes do DETRAN empavonados, simplesmente observando a movimentação com giroflex ligado ou abordando veículos que se deslocam nessas artérias bem devagar. Enquanto isso, nos sábados, domingos e feriados, veículos em alta velocidade (motos, automóveis e até cavalinho de carretas pesadas), muitos dirigidos por pessoas inabilitadas, embriagadas ou mesmo, até sóbrios, mas com ânsia de chegar logo no seu destino.O pior de tudo, é que chega a ser hilariante, quando se constata, nas raras vezes que fiscalizam as vias das praias (Alter do Chão, Ponta de Pedras, Aramanaí, Pajuçara, etc.), o fazem na ida dos veículos, já no retorno, se ocorrer depois das 18 horas, não há mais ninguém, ao passo que os “porres” saem das praias – sem fazer um 4 de teste – já anoitecendo ou na caída do sol, quando o caminho está livre, isto se houve fiscalização antes.

Acidentes recentes com mortes e lesões graves têm acontecido reiteradas vezes. No local ou no trecho destas rodovias não se acha um agente para, pelo menos contar a história, a não ser depois do ocorrido. As vias de praias, é bom que se diga, são de responsabilidade do DETRAN e não da SMT.

É um Deus nos acuda!

04.Irresponsabilidade e habilitação deficiente– neste contexto de índices alarmantes de acidentes, o Pará registrou em 2024 mais de 17 mil acidentes até setembro, e chega à média 30 mil por ano. Os carros neste ano estiveram envolvidos em 8.889 ocorrências; já as motos alcançaram 5.123 acidentes. Não consegui os números de óbitos, que não é baixo.

Diante disto, quais os fatores causadores de tanto descalabro? Para mim são vários, mas não posso deixar de comparar com os anos das décadas anteriores, notadamente, que para se habilitar as exigências legais e a prática ideal eram fatores que podiam levar às reprovações. Hoje, vê-se que vários e vários motoristas, recém habilitados dirigem atropelando a lei, as regras comezinhas de sinalização e circulam sem saber dirigir ainda ou dirigindo muito mal. Vai piorar quando o Presidente está dispensando as autoescolas, tornando-as não obrigadas para a habilitação, como manda o Código de Trânsito Brasileiro. São tantos “barbeiros” na direção de carros ou motos, que o bom motorista às vezes cai nas armadilhas destes condutores de pouco treinamento, sem reprovação e que conduzem a morte na direção. Acho que o DETRAN deve sugerir ou exigir que os checadores de habilitação sejam mais severos e reprovem, sem passar a mão na cabeça do candidato, seja por qualquer motivo que o levam a agir assim.

Isso tudo faz subir a estatística de acidentes na cidade, o que é lamentável e não bastam as autoridades (Prefeito, vereadores) e a sociedade lamentarem os mais graves acidentes de trânsito, aumentando o custo das  hospitalizações e dos primeiros socorros, já que são estas autoridades corresponsáveis direta e indiretamente pela inexistência de uma educação de trânsito nas propagandas institucionais, e outros atos como relatados acima.

5.Como combater estas atrocidades no trânsito?Se olharmos para o Governo Federal vemos que milhões de reais ou até bilhões são gastos com propaganda institucional. No caso, o governo quer conquistar simpatia ou aprovação com propagandas de alcance psicológico no povo, quando, com este comportamento afaga os seus apadrinhados nos meios de comunicação, pagando milhões e não melhorando a segurança viária, assim também como não o faz na segurança pública dos Estados.

Do mesmo modo, o Município de Santarém está investindo pesado em publicidade institucional mostrando para o povo que tudo está às mil maravilhas. Quem assiste, se for partidário, se deleita com a gestão pintada da forma mais colorida e progressista. Contudo, é só botar numa balança, o que o nobre Prefeito prometeu em campanha para concluir-se que a pintura colorida, até agora não se impregnou no quadro que o nosso gestor alardeia. Quem sabe um dia isto ocorra.

Devo registrar a iniciativa da SMT, através do seu Secretário Marcelino, que em conjunto com a Polícia Militar está fazendo blitz a noite em bairros específicos de elementos violadores das leis de trânsito e até criminosos infiltrados. Já é um bom começo, mas tem que continuar.

Com estas considerações, são várias as sugestões ao Executivo e até o Governo do Estado, para diminuir os gastos na publicidade institucional – é fato que algumas ações positivas foram implementadas, mas falta muito – e selecionar no orçamento dessas entidades, uma verba com rubrica voltada para suprir todas as necessidades do trânsito chegando a um índice de ocorrências aceitáveis. Aí sim, pode se somar com orgulho, que não obstante a propaganda exagerada, também temos resultados, na saúde, na educação, na infraestrutura, na segurança (nem se fala numa Guarda municipal) e, principalmente, no trânsito, matador do povo mais humilde na nossa Santarém. Se isto ocorrer – acho meio difícil –, poderemos nos ufanar por morarmos numa cidade que é margeada pelas águas dos rios Tapajós e do Amazonas, com uma natureza exuberante, mas deficientíssima em vários seguimentos públicos. E hoje, o trânsito é o carro mestre deste caótico deslocamento motorizado.

O Impacto

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