quinta-feira, 1 de outubro de 2009

PSDB: disputa interna ameaça coligações para 2010


Almir - Jatene e Mário Couto
A briga interna do PSDB pode deixar os tucanos sem aliados para as próximas eleições, jogando por terra o sonho de reeditar a chamada “União pelo Pará”, aliança que chegou a reunir mais de uma dezena de partidos e ajudou a eleger Simão Jatene ao governo do Estado. A avaliação é feita por aliados e ex-aliados do PSDB, unânimes ao afirmar que hoje a legenda não tem um nome com credibilidade para buscar apoios. “A gente vai negociar com quem? Mário? Almir ou Jatene?”, indaga sem querer ser identificado um deputado estadual se referindo aos ex-governadores Simão Jatene e Almir Gabriel e ao senador Mário Couto, todos autoproclamados pré-candidatos ao governo.

 maior preocupação dos tucanos é com o avanço do PT sobre aliados históricos do PSDB como o PP do deputado Gerson Peres a quem foi dada a Secretaria de Administração. O partido da governadora Ana Júlia Carepa está em fase avançada de negociação com o PR do vice-prefeito Anivaldo Vale, além de conversar com o PTB de Duciomar Costa. Até o Democratas, partido que os tucanos davam como aliado garantido, tem anunciado que, diante do impasse, poderá buscar um plano B.
A senha foi dada pela Executiva Nacional, que liberou o DEM do Pará para coligações com qualquer legenda. “O PSDB é o parceiro preferencial, mas se continuar nessa indefinição vai perdendo aliados”, disse o deputado Márcio Miranda ressaltando que, com a liberação da Executiva Nacional, o DEM pode coligar “até mesmo com o PT”. “Se isso (a disputa para ser candidato) se alongar não há quem resista. Vamos procurar outros parceiros”, afirma o deputado, confirmando os boatos de que o partido estaria conversando com o PMDB.
Nem o risco de perder aliados, parece suficiente para que os tucanos anunciem um armistício interno. Depois da tentativa frustrada dos apoiadores de Jatene de apressar uma decisão da Executiva Nacional em favor do ex-governador, o clima ontem entre os tucanos era de ressaca. O líder do PSDB na AL, José Megale, tentava a todo o momento minimizar o imbróglio. “Pelo menos conseguimos um marco regulatório”, disse referindo-se à data de 25 de outubro indicada como o limite para anúncio do candidato. Segundo ele, os deputados foram a Brasília pressionar o presidente da legenda, senador Sérgio Guerra, porque a pressão no interior do Estado por uma definição é muito grande.
Os tucanos apostam que uma pesquisa de intenção de votos prevista para ser concluída no próximo final de semana sirva de subsídios para a decisão. Poderá haver, contudo, divergências quanto ao peso que os números devem ter na decisão. Para os apoiadores de Jatene, se o ex-governador aparecer em primeiro lugar, deve ser sagrado candidato, sem maiores discussões. Quem é favorável a Mário Couto defende que outros fatores sejam levados em conta como a capacidade do senador de negociar com os prefeitos do interior. “É mais fácil um político conseguir técnicos para fazer um bom governo do que um técnico conseguir os políticos”, ressalta o deputado Bira Barbosa, defensor da candidatura de Couto.
Além do esforço para fechar o quebra-cabeça que se tornou a chapa tucana ao governo, os deputados da legenda têm que conviver com outro motivo de aborrecimento. Tornaram-se, na AL, alvo preferencial de piadas dos colegas de outros partidos que não escondem a satisfação com a briga interna do adversário. Enquanto falava com os jornalistas, Bira Barbosa ouviu do petista Carlos Bordalo que era o único tucano sem o bico machucado na manhã de ontem no plenário da AL. “Ah! Lembrei é que o senhor não foi a Brasília”. Barbosa que não participou da reunião com Sérgio Guerra alegando estar fazendo tratamento médico riu da piada, mas - como todos os tucanos - sabe que o assunto é muito sério. (Diário do Pará)