Por tudo o que vai acima é que quando erra em uma análise ou precipita-se em firmar opinião a repercussão é imediata.
Hoje, em seu editorial O Globo posiciona-se contra criação de novos Estados e aí erra feio.
No cerne da argumentação d'O Globo está a tese de que a criação de novas unidades da federação "gera despesas ao Tesouro, logo, causa prejuízo para o contribuinte".
Para sustentar essa tese argumenta que em 88, antes da nova Constituição, havia no Brasil 4.180 municípios; hoje, apesar das restrições impostas, já são 5.564 burgos, a maioria sem condições de sobreviver sem as quotas-partes de FPM. Seriam “financiados” pelo dinheiro dos impostos recolhidos em outras regiões. Para O Globo, isso acontece com os novos municípios, logo acontecerá com os novos Estados.
As situações são tão diferentes que o argumento não seria aceito nem em mesa de botequim. Nas páginas d’O Globo, então, é pura heresia.
O editorialista deveria ter tido o cuidado de buscar números básicos para escorar sua tese. Não o fez por um motivo simples: os números existentes retratam a concentração de investimentos, empresas, escolas, empregos, leitos hospitalares e outros serviços na Região Metropolitana de Belém (percebam que não falo no Nordeste do Pará ou no Marajó; para muitos belenenses Belém é o Pará e vice-versa), enquanto o Oeste e o Sudeste precisam atender a demanda crescente por serviços públicos com recursos cada vez mais escassos.
Por outro lado, os números também mostram que Carajás e Tapajós não precisarão de recursos adicionais do Governo Federal para sua instalação. Bastam-lhes as suas próprias receitas e aquelas outras que, por determinação constitucional, todos os demais Estados recebem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário