Nélio Aguiar assumirá vaga na ALEPA nesta quarta-feira
Depois de participar na primeira sessão
efetiva deste ano, na segunda-feira (27), o vereador Nélio Aguiar viajou
em seguida para Belém, para ser recebido pelo presidente da Assembléia
Legislativa, deputado Manoel Pioneiro. Em contato com a reportagem de O
IMPACTO, Nélio informou ontem à noite que o presidente da ALEPA
antecipou a reunião que só aconteceria hoje terça-feira, para
comunicá-lo que sua posse será na quarta-feira, às 11 horas da manhã.
Ainda hoje o presidente da Câmara de Santarém, José Maria Tapajós,
receberá o comunicado oficial de Nélio, informando seu afastamento. “O
presidente da ALEPA tem pressa, e eu aceitei a condição”, comentou
Nélio. Ainda na condição de Vereador, Nélio concedeu entrevista ao
IMPACTO. Ele assumiu o compromisso de cumprir a totalidade do seu
mandato de quase 3 anos, não participando, portanto, da disputa
eleitoral deste ano, como chegou a se cogitar. Acompanhe a entrevista:
JORNAL O IMPACTO: Qual sensação de
assumir uma vaga na Assembléia Legislativa, diante da fatalidade marcada
pela morte do deputado estadual Alessandro Novelino?
Nélio Aguiar: Foi uma surpresa muito
grande e que a gente nunca desejou que isso acontecesse. Não há motivos
pra comemoração, mas diante dos fatos a vida continua. Eu na condição de
primeiro suplente do PMN vou cumprir a minha missão assumindo a vaga do
deputado Alessandro Novelino. A sensação é de que a responsabilidade é
muito grande, que depende de um grande trabalho que pretendemos realizar
em favor de Santarém e do Oeste do Pará.
JORNAL O IMPACTO: O começo da semana
marcou o início efetivo dos trabalhos legislativos. Como foi a abordagem
do assunto na sessão de segunda-feira?
Nélio Aguiar: Os colegas do Legislativo
entenderam que não é o Nélio que está ganhando. O ganho geral é um só:
estamos ampliando a nossa bancada regional, independente de ideologia
partidária. O deputado Alessandro não atuava na nossa região. Nós
estamos indo como representante do Oeste do Pará, no sentido de
fortalecer a nossa bancada regional. Nós vamos ter mais força política
nas discussões, nos debates, nos orçamentos, dos compromissos assumidos
pelo governador Simão Jatene. Eu serei mais um porta voz em defesa do
povo desta região. É nosso dever levar ao governo do Estado os
verdadeiros anseios dos habitantes, para que sejam realizadas as obras
que a população está clamando.
JORNAL O IMPACTO: Isso significa dizer
que o senhor vai seguir o mesmo pensamento do Partido, de apoio à
administração Simão Jatene?
Nélio Aguiar: O PMN é um partido aliado
ao governador Simão Jatene e a nossa condição de aliado não é uma
aliança oportunista, de primeira hora. Desde o primeiro turno, já na
formação das coligações, que nós somos aliados do governador Simão
Jatene. Mas a minha forma de trabalhar não é nesse sentido de situação e
oposição. Eu entendo que o mais importante do trabalho a ser
desenvolvido tem como foco os interesses da sociedade. Nós temos que ter
a força suficiente, para definir que, não é que somos aliados, que não
vai haver cobrança. Muito pelo contrário, nós esperamos até que nossas
cobranças sejam atendidas como prioridade, pelas condições de sermos
aliados.
JORNAL O IMPACTO: Mas o senhor sabe que
no pós-plebiscito houve uma rejeição muito grande à figura do governador
Simão Jatene. Vai ser difícil conviver com a situação?
Nélio Aguiar: Nós temos que ter a
maturidade que houve um plebiscito, que nós nos manifestamos e, que
ficou bem clara a posição dos eleitores da Região Oeste do Tapajós,
desmistificando aquela idéia de que o projeto era de meia dúzia de
políticos, e o que se viu forma as definições muito claras da posição de
uma população. O Governador teve manifestação contra a emancipação. Ele
tem lá os seus motivos, inclusive constitucionais, e defender a
unificação do Pará. Deve haver maturidade da nossa parte e da parte
dele, de respeitar o posicionamento de cada um. Nós vivemos em uma
democracia e nós temos o direito de nos manifestarmos a favor ou contra
uma determinada bandeira. O Governador respeitando as nossas lideranças
vai respeitar os segmentos da sociedade. Nós não podemos guardar mágoas e
ressentimentos, de nenhum dos lados. Não é porque ele se posicionou
contra que ele não vá fazer nada, e que nós tenhamos que deixar de
cobrar, afinal, ele é Governador de todo o Estado.
JORNAL O IMPACTO: Qual será o tom da sua conversa com o Governador daqui pra frente?
Nélio Aguiar: Eu nunca trabalhei na base
da subserviência. Eu não vou ser subserviente agora. Quem se curva
muito acaba sendo desvalorizados. Nós temos que tratar com o Governador
de cabeça erguida, olhando nos olhos, até porque nós vamos tratar
assuntos de interesse da população do Oeste do Pará.
JORNAL O IMPACTO: Quais serão as demandas a serem defendidas de imediato?
Nélio Aguiar: Nós queremos a melhora do
abastecimento de água, o funcionamento pleno do Hospital Regional, a
criação de novos Hospitais regionais, e principalmente a forma de
administrar. Nós não podemos ser a favor da centralização do poder
somente em Belém. A descentralização da gestão é da maior importância,
para que ela seja mais eficiente. Nós precisamos fazer chegar as
políticas públicas nas demais regiões. Não basta criar órgãos
regionalizados, sem autonomia, sem orçamento próprio, que dependa única e
exclusivamente de um Secretário. O Estado tem que se fazer mais
presente nas regiões distantes, com uma forma diferente de fazer gestão.
Nosso Estado é muito grande, mas existem estados grandes, como o de
Minas Gerais, que também tem uma grande extensão territorial, mas que
tem uma gestão eficiente. Nós precisamos encurtar as distâncias
inclusive no eixo Santarém-Belém, via Uruará, como um ponto importante
de integração regional.
JORNAL O IMPACTO: A sua atuação enquanto
Secretário Municipal de Saúde lhe proporcionou elementos ligados à
gestão, e agora na condição de legislador, é mais fácil entender e
cobrar mais eficiência?
Nélio Aguiar: Administrar uma Secretaria
de Saúde de um Município do porte de Santarém, nos deu uma boa
experiência, diante do tamanho da estrutura que existe, das distância no
nosso Município, entre a sede e a zona rural, seja de rios seja do
planalto. Como Secretário de Saúde nós acabamos tendo uma experiência
sobre a legislação existente do Sistema Único de Saúde, da Política
Nacional do SUS, a centralização, da equidade, dos princípios e
diretrizes, e das responsabilidades do que o Município, o Estado e a
Federação têm que fazer. O maior aprendizado foi de que a saúde não pode
ser feita só pelo Município. Ela tem que ser feita em forma de tripé.
Já há um avanço no estado do Pará, com a política de implementação da
construção dos Hospitais Regionais, porque até então nós tínhamos
concentrado os serviços de alta complexidade na capital, e isso era
realmente um atraso porque a estrutura não atendia sequer as demandas na
capital, muito menos as do interior. A implantação do Hospital Regional
do Baixo Amazonas veio descentralizar. Hoje já se faz hemodiálise,
exame de hemodinâmica, cateterismo. Nós já temos UTI, já estamos
caminhando para realização de transplantes de órgãos. Eu vejo que nessa
parte da alta complexidade, sob a responsabilidade do Estado, houve um
avanço. Com o compromisso do governador de implantação de um Hospital
Regional em Itaituba, que deve se transformar em realidade nos próximos 3
anos, os pacientes vão ficar por lá mesmo, para atender os pacientes da
região do Tapajós, desafogando o Hospital Regional. Mas ainda há uma
grande necessidade de urgência e emergência e na atenção básica. Eu
entendo que a participação do governo não deveria ser voltada para a
alta complexidade. Deveria dispor de recursos, e ajudar o Município a
fazer a atenção básica principalmente, mas sem esquecer os hospitais
municipais. Houve compromisso de campanha do Governador e nós vamos
cobrar que os compromissos sejam assumidos.
JORNAL O IMPACTO: Em ano eleitoral, seu
nome é sempre lembrado para fazer composição da chapa de oposição ao
atual governo. O que muda, diante da nova situação? O senhor aceitaria
participar da disputa, agora na qualidade de Deputado Estadual?
Nélio Aguiar: Eu vejo que há uma mudança
na participação da política regional. Eu sai da condição de Vereador
para Deputado Estadual, com a perspectiva de 3 anos de mandato. A
possibilidade de compor uma chapa como vice, diante disso está
descartada. Eu vejo que por uma questão pessoal, eu estaria traindo o
povo de Santarém, que me deu esta oportunidade. Assumir agora e daqui a
praticamente 4 meses, ter que participar de uma outra disputa, não é bom
para mim e nem para quem votou em mim. Santarém precisa desta vaga lá
na ALEPA. Já existem outros nomes colocados à prefeitura de Santarém, e
seja quem for eleito, vai precisar de suporte na Assembléia Legislativa.
JORNAL O IMPACTO: Isso significa que o senhor vai apoiar o candidato apontado pelo Governador?
Nélio Aguiar: Nós fazemos parte da base
do Governador. Nós sabemos que ele tem um candidato e que já externou
que é o deputado Alexandre Von. Nós não temos interesse de estar
brigando para ser o candidato. Nós entendemos que o Alexandre tem toda
uma história política como Vereador, como Vice-Prefeito, e atualmente
como Deputado Estadual. Eu vejo nele uma pessoa bem preparada para
entrar nessa disputa. Nós sabemos que existe o outro lado do atual
governo que também já tem candidato. Nós temos todo interesse em apoiar a
eleição do deputado Alexandre Von, e depois da eleição apoiando o
trabalho, já na condição de Prefeito se assim a população desejar
JORNAL O IMPACTO: O senhor foi
Secretário Municipal de Saúde no primeiro mandato da prefeita Maria do
Carmo e hoje é oposição na Câmara Municipal. Seu maior desafio agora é
estar na base aliada do governo Simão Jatene. É difícil conviver com
flutuações tão adversas?
Nélio Aguiar: Risos. Acontecem realmente
muitas mudanças, e nós precisamos lidar com isso. Cada etapa serviu de
experiência. Nós começamos a nossa vida pública com o PT, e não foi da
forma que a gente esperava. Nós acreditamos muito e acabamos nos
frustrando com o governo do PT em Santarém. Eu ainda não consigo
enxergar uma administração que seja inovadora, que seja transparente,
que mostre que de fato houve uma mudança de gestão e concepção, e isso
vale para o governo atual e anterior. Eles são muito parecidos, no
sentido da comparação. Santarém precisa ter um governo que marque a sua
história, como Manaus, Belo Horizonte e Fortaleza. Hoje nós estamos na
condição de oposição ao governo municipal e vamos passar à condição de
aliado do governo do Estado. Na minha cabeça, eu não levo muito aos
extremos. Não ver o que está sendo feito, e as falhas que estão
acontecendo no governo. Eu sou mais para independência, mesmo sendo
aliado, de colocar meu ponto de vista. Eu não abro mão dos meus ideais,
sem precisar ser um boneco ou qualquer coisa que seja manipulada. Nós
podemos até perder nos debates, mas nós precisamos marcar a nossa
posição. Eu não vivo da atividade política e sim da minha atividade na
medicina.
Fonte: RG 15/O Impacto