Moradores do Lago Grande denunciam descaso com Translago
Comunitários acusam governador Jatene de não cumprir promessa feita três anos atrás
Aborrecidos de esperar por reforma na
Rodovia Translago (PA-257), que liga Santarém a Juruti, no Oeste do
Pará, moradores de mais de 20 comunidades da região do Lago Grande
denunciam o descaso do governador do Pará. Eles acusam Simão Jatene de
não cumprir a promessa que fez há cerca de três anos de recuperar a
rodovia estadual Translago.
Quem trafega pela rodovia constata a
situação de abandono. Buracos, atoleiros, mato invadindo a via e falta
de sinalização são os principais problemas apontados pelos comunitários.
Preocupados com o início do período chuvoso (inverno amazônico), o que
pode piorar a situação de trafegabilidade da Rodovia, os moradores do
Lago Grande cobram a imediata reforma da rodovia junto ao Governador.
De acordo com os comunitários, a
Translago é movimentada o ano inteiro devido o grande fluxo de pessoas
que viajam das comunidades da região do Lago Grande do Curuai, para as
cidades de Santarém e Juruti. Para Santarém, boa parte da viagem é feita
via terrestre através de ônibus. Mas, as condições de trafegabilidade
estão cada vez piores. Em um trecho em que a viagem de ônibus era feita
no período de 1 hora e 30 minutos, hoje, o motorista não consegue em
menos de 4 horas.
No primeiro semestre de 2011 o
governador Simão Jatene prometeu a um grupo de lideranças comunitárias
do Lago Grande que iria recuperar os mais de 150 quilômetros que ficam
no Município de Santarém. Três anos depois da promessa, os serviços
sequer foram anunciados. Quem trafega ao longo de toda a Translago,
constata o grande número de buracos e o mato tomando conta da via, que
foi empiçarrada no ano de 1999. Segundo os moradores, é pela Translago
que passa a rede de energia do programa “Luz Para Todos”, proveniente da
cidade de Juruti, até a região do Arapixuna.
O representante da Secretaria de
Transporte do Estado do Pará, em Santarém, Carlos Merabet, informou que o
projeto de recuperação está pronto e, que segundo ele, o orçamento
ultrapassa os R$ 5 milhões, mas que a execução depende do governador do
Estado, Simão Jatene.
FUNDAÇÃO: Na década de 70, o
frade franciscano Frei Gilberto Wood construiu grande parte de uma
estrada que facilitava a vida de dezenas de comunidades e pessoas que
viviam na terra firme da região do Lago Grande do Curuai. Segundo os
comunitários, foram anos de sacrifícios, onde o frade juntava as
famílias e implorava apoio dos políticos, até conseguir rasgar um
caminho de ligação terrestre paralelo ao Lago.
Para a Diocese de Santarém, foi uma
verdadeira epopéia para a época, o sacrifício do frade de rasgar 85
quilômetros de estrada com um pequeno trator, terçados, suor e alegria
de dezenas de puxiruns dos comunitários. Depois que o frade foi
transferido para outra região, os comunitários contam que a Estrada foi
abandonada, onde o mato tomava conta, quando na década de 1990, por
pressão das comunidades, o governo do Estado decidiu reabrir, mas que
passou a ser chamada de rodovia estadual Translago (PA-257).
INTERESSES OPOSTOS: Segundo os
moradores, pontes de madeira foram construídas, onde a Translago tomou
porte de rodovia, após ter sido empiçarrada. Depois da transformação em
rodovia estadual, houve uma ação de interesses diferentes. De um lado as
lideranças comunitárias, mais organizadas, com abaixo-assinados,
assembléias e pressões sobre os políticos reivindicavam melhorias na
Estrada. Do outro lado, o Governador do Pará, que segundo os
comunitários, ficou interessado nos votos do eleitorado de uma populosa
região com 20 mil habitantes.
Fonte: RG 15/O Impacto
