quinta-feira, 30 de outubro de 2014

PMDB QUER SAÚDE E DUCAÇÃO

O lema que a marquetagem criou para a campanha de Dilma Rousseff —‘Governo novo, ideias novas— está prestes a sofrer um ajuste. ‘Governo seminovo, aliados velhos’, eis o slogan que assedia a presidente reeleita.
Mesmo com 39 ministérios, o governo parece pequeno demais para acomodar os interesses das nove legendas que integram a coligação vitoriosa. As principais divergências opõem PMDB e PT, os dois sócios majoritários do empreendimento governista.
Hoje, o partido de Dilma comanda 17 ministérios. A legenda do vice Michel Temer gerencia apenas cinco. O PMDB ambiciona ministérios que o PT controla. Entre eles os da Saúde e da Educação. O PT não cogita ceder espaços. Ao contrário, também cobiça pelo menos uma pasta controlada pelo “aliado”, a das Minas e Energia.
Antes de encarar as controvérsias, Dilma voou para a praia de Inema, na Base Naval de Aratu, em Salvador. Acompanharam-na apenas a filha Paula e o neto Gabriel, 4. Seus apoiadores esperam que, ao retornar a Brasília, no próximo domingo, ela deflagre as conversas para a divisão do primeiro escalão.
“Estamos certos de que, dessa vez, a presidente saberá calibrar melhor o compartilhamento”, disse ao repórter um dos caciques do PMDB. “Não dá mais para reservar o filé mingnon para o PT —Fazenda, Planejamento, Comunicações, Educação, Saúde, toda a área social, mais o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal— e querer que os outros partidos se contentem com as sobras.”
Lideranças do PMDB afirmam em privado que o partido não está exigindo nada que já não estivesse combinado previamente. Sustentam que, antes de renovar a aliança com Dilma, numa convenção realizada em junho de 2014, a legenda obteve do Planalto a sinalização de que obteria “mais espaços” num eventual segundo mandato de Dilma.
Um deputado peemedebista recordou ao repórter o teor de uma entrevista que Michel Temer concedera ao blog às vésperas da convenção de junho. Nela, o vice-presidente dissera que, num segundo mandato de Dilma, seria necessário “expressar melhor” a participação do PMDB no governo. “E expressá-la significa ter uma ocupação maior nos espaços das chamadas políticas públicas do governo”, acrescentara Temer.