Clauriberto Levy revela a interferência de uma quadrilha que atua dentro do Detran
Educador de trânsito Clauriberto
A exoneração do educador de trânsito
Clauriberto Levy, do cargo da gerência da 1ª Circunscrição Regional de
Trânsito (Ciretran), unidade do Departamento Estadual de Trânsito
(Detran) em Santarém, no oeste do Pará, gerou uma série de revelações
sobre os problemas enfrentados pelo profissional, dentro do órgão.
Ele revela que sofreu ameaça de morte
por não compactuar com a interferência de uma quadrilha que atua
manipulando funcionários e cometendo irregularidades no atendimento aos
usuários.
Entre os problemas revelados pelo
educador estão: aquisição da Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
feita de forma irregular por membros da quadrilha a alguns usuários do
Detran; tentativa de suborno à gerência, além de ameaça de morte, que
segundo ele, foi feita através de mensagens ao seu telefone celular, por
diversas vezes, mas que nunca foi descoberta a origem por parte das
autoridades que investigaram.
Clauriberto Levy recebeu a direção do
Detran em Santarém no dia 11 de junho de 2014. O educador desenvolve
trabalhos na área de trânsito desde 1982. Levy é um dos idealizadores da
educação no trânsito no estado do Pará e já foi funcionário do Detran
em Belém.
“Estive por nove meses e onze dias na
Ciretran. Na verdade, o Detran em si, está mergulhado por muitos anos,
num sistema cheio de vícios e com certos problemas. Durante minha
permanência lá, eu procurei levar essa situação, diferenciando e
trazendo pontos sérios e não me deixando levar por tentações, por
convites e por assédios totalmente na área espúria. Eu fui ameaçado de
morte e muito criticado por essas pessoas que queriam se locupletar de
situações estranhas”, declarou o educador.
Segundo ele, as características das
pessoas que tentam manipular os funcionários do órgão podem ser
consideradas, como de uma quadrilha. “Ela (quadrilha) não tem raízes em
Santarém, mas em todo o Pará e outros estados. Nós procuramos nos manter
íntegros e fazendo as coisas com honestidade. Recebemos muito assédio
da parte de determinados políticos, usuários e outros, pra gente fazer a
coisa errada e nós não quisemos nos misturar com essas coisas. Nós
simplesmente quisemos dar outro perfil para o órgão e muitos gostavam e
outros não”, afirma Levy.
Ele declara que saiu com a cabeça
erguida e olhando para frente e não dependendo de ninguém, com relação a
ficar atrelado ou preso a situações comprometedoras. “Se o gerente for
um tanto quanto fraco ou movido de propósitos extras, errados ou coisas
assim, e ele não for equilibrado, ele pode muito bem ficar com a
tendência, para esse lado do errado. Agora, ele tem que ser bastante
equilibrado e se empenhe no dizer sim e no dizer não, pra não se
envolver e nem também o exemplo dele envolver outros que ficam com medo
de entrar nessa área”, declarou Clauriberto Levy.
O educador Levy analisa que se tem o
exemplo do chefe maior, os outros funcionários adentram nessa ‘vereda’ e
começam a praticar crimes e outras coisas erradas. “Eu desde 1982 falo a
questão da educação de trânsito nas rádios Tapajós e Rural e em outras
emissoras em Belém. Se eu quero instruir um público na questão do andar
correto, eu de maneira alguma poderia estar do lado de quem procede de
forma errada, como por exemplo: aquisição da CNH por meios errados,
ilícitos. Eu sempre combati isso e seria hipócrita se continuasse para
um lado e para outro ou com tendência para fazer a coisa errada”,
afirma.
Levy enfatiza que por conta do seu modo
de gerenciar o órgão ficando longe das irregularidades e com alguns
superiores tentando lhe levar para o lado errado, pediu cinco vezes para
sair da Ciretran de Santarém. “Eu sempre combati isso e alguns não
gostaram e como a situação ficou muito embaraçosa, eu pedi cinco vezes
para sair. Um funcionário chegou a dizer pra mim: o senhor foi o único
que não pediu pra vir e o único que pediu pra sair. Eu pedi pra sair
porque fisicamente e psicologicamente isso me abalava muito”, reafirma.