terça-feira, 21 de julho de 2015
Renan cria MSV, Movimento dos Sem Verdade
Renan Calheiros levou ao ar na internet e na TV Senado um pronunciamento de quase 17 minutos. O conteúdo vale por um manifesto. Nele, Renan lança, por assim dizer, a plataforma do que pode vir a ser batizado de MSV, o Movimento dos Sem Verdade.
A crise que engolfa o o governo de Dilma Rousseff tornou-se um latifúndio improdutivo que o presidente do Senado invadiu para reivindicar uma imediata reforma semântica.
A crise desenvolveu em Renan, com a velocidade de truque cinematográfico, um novo senso estético: “Estamos na escuridão, assistindo a um filme de terror sem fim e precisamos de uma luz indicando que o horror terá fim”, o sem-verdade a certa altura. “O país pede isso todos os dias.”
De fato, o brasileiro se esforça para enxergar uma luz no fim do túnel. Mas a Operação Lava jato, que tem em Renan um dos seus mais notáveis investigados, indica que roubaram o túnel. A luz virou pus. Reforma semântica já!
A crise fez de Renan um agitador com máscara apocalíptica. Ele trama invadir a conjuntura do segundo semestre armado de CPIs e de uma foice de vetos presidenciais. “Não diria que será um agosto ou setembro negro, mas serão meses nebulosos, com a concentração de uma agenda muito pesada. Cabe a todos nós resolvê-la.”
Antes de resolver a agenda nacional, Renan terá de solucionar um problema pessoal. A força-tarefa da Lava Jato já sabe o que os sem-verdade fizeram nos verões passados. Vem aí muita surpresa, espanto, choque, confusão e sim, senhor, quem diria?!
Na semana passada, a reação de Renan à batida dos federais na Casa da Dinda, de Fernando Collor, explica sua ânsia por uma imediata reforma semântica. Com a verdade cerceada, o máximo que o senador tem conseguido cultivar é uma horta de verdades que se esqueceram de acontecer (pode me chamar de mentiras).
“Causam perplexidade alguns métodos que beiram a intimidação”, disse o sem-verdade na semana passada, por exemplo, ao se referir às operações de busca e apreensão escoradas em mandado judicial subscrito por três ministros do STF.
A crise deu a Renan a sensação de que sua preocupação é útil. O ajuste fiscal do governo, disse ele, “é insuficiente e tacanho”. Sem crescimento, o ajuste “é cachorro correndo atrás do rabo”, acrescentou.
Acampado à margem de um governo ao qual sempre serviu como posseiro de glebas do Estado, Renan rega soluções que plantou na sua hortinha de pseudoverdades.
Em tempo: Desde já indico o Senhor Renan para presidente do MSV