Com
3,2% da água doce do planeta o Pará é terra fértil para o agronegócio,
que cresce a ritmo acelerado e já é o segundo na balança comercial do
estado.
E a questão do porto fechado em Vila do Conte para embarque do boi
vivo preocupa muito o setor. Segundo o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Pará Carlos Xavier o estado tem 22 mil cabeças
de gado, 32 frigoríficos e parte do gado é exportada já abatida, uma
parte em pé e outra parte fica para consumo interno.
Sobre a polemica da venda do boi em pé, Xavier diz que ; – Isso é uma
questão de mercado, os países árabes não compram carne congelada, tem
de ser o boi em pé, porque eles tem todo um ritual para abater o boi,
uma questão cultural, religiosa até.
Em torno de 4.400 cabeças são abatidas, sendo que um terço é
exportado em pé, um terço vai para abate e um terço é consumo interno; –
Se não vendemos o boi em pé não existe a menor possibilidade desse um
terço ser absolvido pelo mercado interno ou pelo mercado que compra o
boi abatido. Ou seja, se deixarmos de vender os bois em pé, ficaremos
com essas cabeças no pasto, perdendo dinheiro. Tem outro dado
interessante, ele lembrou que mais de 90% do gado exportado no mundo
todo é o gado em pé.
Xavier não consegue concordar com o fato do porto estar fechado; –
São dois piers, de um lado o barco virou e quase todo o óleo, que
realmente era o maior problema ambiental, está praticamente retirado.
Para retirar a carcaça dos bois vai ser uma engenharia complicada,
demorada, mas de qualquer modo são biodegradáveis e estão contidos em
uma barragem de proteção. Do outro lado do píer todo está ok, se a SEMA
liberar já se pode imediatamente fazer o embarque, algo como 10 mil bois
a cada dois dias. Imagina um aeroporto, um avião cai. na hora fecham,
ta certo, tem de arrumar as coisas. Mas depois que tudo está contido,
vai se manter fechado o aeroporto porque ? Não tem cabimento.
O presidente lembrou que corremos o risco de perder definitivamente
essa exportação; – O que acontece é simples, os pecuaristas venderam, os
compradores querem receber, o porto está fechado então eles estão
procurando uma saída. E a saída é pelo porto do Maranhão, ou seja, se
isso acontecer esquece que nunca mais voltam a exportar boi em pé em
Vila do Conde. E o Maranhão já está fazendo estudos, mandando gente pra
cá para saber com funciona esse tipo de embarque, estão se preparando,
não são bobos nem nada. E a gente por picuinha política corremos o risco
de perder isso, como se pudéssemos perder algo nessa época de crise.
Já o secretário da SEMA Luiz Fernandes me contou que ainda espera o
projeto de contingenciamento de problemas como esse e que a CDP sequer
contratou uma empresa para retirar os bois; – Não tem cabimento, a gente
não pode permitir que se faça festa ao lado de um velório.
Por sua vez Parsifal Pontes presidente da CDP disse que tudo o que
podiam fazer foi feito; – Quase todo o óleo está sendo tirado, falta
pouco para isso terminar, a empresa foi contratada sim para retirar as
carcaças mais isso só pode acontecer depois da retirada do óleo, e
fizemos o plano que a secretaria pediu, se não acharam satisfatório,
então que nos avisem porque temos pressa pois estamos a beira de perder
essa exportação para o Maranhão. Segundo ele “não existe problema algum
em exportar pelo outro lado do píer, tudo pode ser feito em conjunto, a
retirada do óleo, dos bois, do navio e o embarque do gado, pois uma
coisa não afeta a outra em absoluto.
No meio dessa confusão toda, dessa falta de entendimento, a verdade
prática é a seguinte; o estado do Pará está na eminencia de perder a
exportação do boi em pé, para o Maranhão, que já levou a exportação de
minério de ferro do Pará e vai levar essa outra fone de recurso, se as
partes não se entenderem, logo.
Um absurdo.