segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

O PREÇO DO PROGRESSO.

(Por: Alberto Batista)
“O preço do progresso:Atravessei o rio amazonas vindo de Alenquer com minha família e desembarquei em Santarém numa bela manhã ensolarada. O ano era 1969 e essa era a primeira vez que pisava na areia branca do Tapajós. Rapidamente me acostumei a contemplar e tomar banho no rio juntamente com a molecada do bairro. O desafio era ver quem nadava e chegava primeiro na coroa de areia, onde disputávamos uma bela partida de futebol. Nossa chegada a Santarém coincidiu com a vinda do 8 BEC para a cidade, o discurso era de que com a chegada do Bec viria também o desenvolvimento para a região. Esse desenvolvimento, de fato começou, deu-se início com a construção do cais de arrimo e, ao final da obra, tínhamos um cais bonito na frente da cidade e perdemos a ” Coroa de Areia”, uma bela praia que nascia em frente ao prédio da marinha e avançava rio a dentro. O “progresso” precisava continuar, pois o governo federal temia uma invasão estrangeira na amazônia. Com o slogam   “integrar para não entregar”, rasgou-se a floresta e se construiu as BRs- 163 e a Transamazônica. Ainda era pouco pois nossa produção seria tanta que precisávamos de um porto para escoar a produção. Em pouco tempo a Cia. Docas do Pará construiu o cais do porto e, perdemos a praia da Vera Paz. Mas o “progresso” não para, o tempo urge e temos que continuar crescendo. Constrói-se então um aeroporto internacional e com ele vai junto a praia da Maria José, uma das mais belas praias que por estas bandas existiu. Agora, novamente somos chamados a contribuir com o país, afinal, energia é sinônimo de desenvolvimento e o Brasil precisa crescer. Em pouco tempo teremos a construção de 5 usinas hidrelétricas no Tapajós e com elas, provavelmente, perderemos nosso azul do rio Tapajós. Azul que já inspirou os poetas, fonte de encanto e orgulho de todos nós. E não é só, a morte do rio é também a morte das praias do Pajucara, Carapanari, Ponta de Pedras, Alter do Chão, e tantas outras. É a perda também da nossa identidade. Agora fica a pergunta: Qual o legado que deixaremos para as futuras gerações? Seremos reconhecidos como a geração que usou o meio ambiente de forma sustentável, preservando as praias, rios e florestas?ou seremos acusados de omissão covarde, uma vez que assistimos a degradação de tudo e nada fizemos? Em nome do futuro dos meus netos, Leonardo, Bernardo e Catarina e das gerações futuras eu digo NÃO a esse “progresso”, eu digo NÃO as hidrelétricas do Tapajós ”.