ASCAE denuncia: Lago do Mapiri está secando
Nesse local anos atrás, nesta época, Lago do Mapiri estava cheio
Em 2016, os santarenos se deparam com
uma triste constatação: o Lago do Mapiri está secando. Quem denuncia
esta situação é a Associação Santarena de Canoagem e Ecologia (ASCAE).
Segundo atletas e técnicos, que utilizam diariamente as águas do Lago
para desenvolver seus treinamentos e competições, o volume de água está
muito abaixo do normal e o temor é de um dos cartões postais da cidade
possa desparecer.
Localizado na área urbana da cidade de
Santarém, o Lago Mapiri destaca-se pela beleza natural e por ser
considerado criatório natural de diversas espécies de peixes da
Amazônia, como o tucunaré e o jaraqui, além do charuto, caratinga, aracu
e outros.
Além de ser um ponto para a pesca, o Lago do Mapiri também se caracteriza por atrativos naturais, ideais à prática da atividade turística e esportiva.
Além de ser um ponto para a pesca, o Lago do Mapiri também se caracteriza por atrativos naturais, ideais à prática da atividade turística e esportiva.
No acervo da ASCAE, é possível comparar
fotos do ano passado com fotos atuais e ter uma dimensão da gravidade da
situação. Em muitos trechos, a grande quantidade de água deu lugar a
imensas faixas de areia, que já deviam ter sido inundados pelo Lago e
pelo Rio Tapajós. “O nível do rio, comparado ao mesmo período do ano
passado, está totalmente diferente, não chegando a 10% do que deveria.
Enquanto em 2015, tínhamos uma grande quantidade de água, hoje temos a
sensação de que as águas não estão subindo e o rio não consegue encher. O
mais intrigante, é que o Rio Tapajós nesta área está se comportando de
maneira estranha, com um fenômeno de ida e vinda, que se assemelha a
maré, coisa que só vemos no mar. Isto tem preocupado, principalmente, os
atletas. A parte onde a ASCAE se localiza e realiza seus treinamentos
está sendo prejudicada. Até hoje, o rio não chegou ao nível ideal de
água e esperamos que em março ele volte ao normal”, declara Thomas
Miranda, técnico de canoagem da ASCAE.
O treinador relata, ainda, que as
alterações ambientais da região já tem alterado a rotina dos atletas.
Algumas modalidades precisam ser praticadas em áreas com as
caraterísticas do Lago do Mapiri, não tendo o mesmo rendimento se forem
praticadas em outros locais. “A maior dificuldade é encarar o Rio
Tapajós de frente. Como trabalhamos com o Caiaque Olímpico e Canoa,
embarcações para águas paradas ou mais calmas, como é o caso do Lago. O
Rio Tapajós é diferente, se apresentando de maneira mais brava, formando
onda de até 80 centímetros a 1,5 metros. Treinamos, também, na enseada
da Maria José até a Maracangalha, próximo a SUDAM, fazemos um percurso
de 16 quilômetros, que tem sido prejudicado pelo vento. O desmatamento
das matas próximas tem facilitado o aumento das rajadas de vento, o que
também acaba por aumentar o grau de dificuldade para a prática esportiva
na área” declarou.
DEGRADAÇÃO DOS MANANCIAIS: Formado
pelo desague do Igarapé do Irurá, o Lago do Mapiri tem sofrido
diretamente as consequências das agressões ambientais a este manancial.
Responsável por grande parte do abastecimento de água feito pela
Companhia de Saneamento Básico do Pará (COSANPA), o Irurá não tem
recebido seu devido valor por parte das autoridades, que não conseguem
efetuar medidas de proteção eficazes, como também, por parte da
população, que tem contribuído neste processo promovendo ocupação
desordenada de seu leito.
Em 2008, a ASCAE, em parceria com o
Instituto Manancial e a Universidade Federal do Pará (UFPA), fez um
levantamento sobre a situação do igarapé. Naquela ocasião, foram
constatadas diversas agressões ao meio ambiente, como a ocupação
desordenada e irregular de casas no leito do igarapé, nas proximidades
do Seminário São Pio X, com a presença de fossas negras, despejando os
dejetos nas águas, sem nenhum tipo de tratamento. Outra situação grave
verificada foi a presença de desvios do curso das águas, para satisfazer
projetos balneários, no setor conhecido como Toca da Raposa, na grande
área do Santarenzinho.
Fonte: RG 15/O Impacto