sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Salve o Lago do Mapiri enquanto é tempo...

ASCAE denuncia: Lago do Mapiri está secando

Nesse local anos atrás, nesta época, Lago do Mapiri estava cheio


Nesse local lago já deveria estar coberto de água
Nesse local lago já deveria estar coberto de água
Em 2016, os santarenos se deparam com uma triste constatação: o Lago do Mapiri está secando. Quem denuncia esta situação é a Associação Santarena de Canoagem e Ecologia (ASCAE). Segundo atletas e técnicos, que utilizam diariamente as águas do Lago para desenvolver seus treinamentos e competições, o volume de água está muito abaixo do normal e o temor é de um dos cartões postais da cidade possa desparecer.
Localizado na área urbana da cidade de Santarém, o Lago Mapiri destaca-se pela beleza natural e por ser considerado criatório natural de diversas espécies de peixes da Amazônia, como o tucunaré e o jaraqui, além do charuto, caratinga, aracu e outros.
Além de ser um ponto para a pesca, o Lago do Mapiri também se caracteriza por atrativos naturais, ideais à prática da atividade turística e esportiva.
No acervo da ASCAE, é possível comparar fotos do ano passado com fotos atuais e ter uma dimensão da gravidade da situação. Em muitos trechos, a grande quantidade de água deu lugar a imensas faixas de areia, que já deviam ter sido inundados pelo Lago e pelo Rio Tapajós. “O nível do rio, comparado ao mesmo período do ano passado, está totalmente diferente, não chegando a 10% do que deveria. Enquanto em 2015, tínhamos uma grande quantidade de água, hoje temos a sensação de que as águas não estão subindo e o rio não consegue encher. O mais intrigante, é que o Rio Tapajós nesta área está se comportando de maneira estranha, com um fenômeno de ida e vinda, que se assemelha a maré, coisa que só vemos no mar. Isto tem preocupado, principalmente, os atletas. A parte onde a ASCAE se localiza e realiza seus treinamentos está sendo prejudicada. Até hoje, o rio não chegou ao nível ideal de água e esperamos que em março ele volte ao normal”, declara Thomas Miranda, técnico de canoagem da ASCAE.
O treinador relata, ainda, que as alterações ambientais da região já tem alterado a rotina dos atletas. Algumas modalidades precisam ser praticadas em áreas com as caraterísticas do Lago do Mapiri, não tendo o mesmo rendimento se forem praticadas em outros locais. “A maior dificuldade é encarar o Rio Tapajós de frente. Como trabalhamos com o Caiaque Olímpico e Canoa, embarcações para águas paradas ou mais calmas, como é o caso do Lago. O Rio Tapajós é diferente, se apresentando de maneira mais brava, formando onda de até 80 centímetros a 1,5 metros. Treinamos, também, na enseada da Maria José até a Maracangalha, próximo a SUDAM, fazemos um percurso de 16 quilômetros, que tem sido prejudicado pelo vento. O desmatamento das matas próximas tem facilitado o aumento das rajadas de vento, o que também acaba por aumentar o grau de dificuldade para a prática esportiva na área” declarou.
DEGRADAÇÃO DOS MANANCIAIS: Formado pelo desague do Igarapé do Irurá, o Lago do Mapiri tem sofrido diretamente as consequências das agressões ambientais a este manancial. Responsável por grande parte do abastecimento de água feito pela Companhia de Saneamento Básico do Pará (COSANPA), o Irurá não tem recebido seu devido valor por parte das autoridades, que não conseguem efetuar medidas de proteção eficazes, como também, por parte da população, que tem contribuído neste processo promovendo ocupação desordenada de seu leito.
Em 2008, a ASCAE, em parceria com o Instituto Manancial e a Universidade Federal do Pará (UFPA), fez um levantamento sobre a situação do igarapé. Naquela ocasião, foram constatadas diversas agressões ao meio ambiente, como a ocupação desordenada e irregular de casas no leito do igarapé, nas proximidades do Seminário São Pio X, com a presença de fossas negras, despejando os dejetos nas águas, sem nenhum tipo de tratamento. Outra situação grave verificada foi a presença de desvios do curso das águas, para satisfazer projetos balneários, no setor conhecido como Toca da Raposa, na grande área do Santarenzinho.
Fonte: RG 15/O Impacto