terça-feira, 12 de abril de 2016

STF MANDA INVESTIGAR JADER BARBALHO EM CASO DE PROPINA

Venda de ativos de estatal na Argentina teria rendido propina a Barbalho e Renan Calheiros

O ministro do STF Teori Zavascki autorizou inquérito para investigar se um negócio da Petrobras na Argentina gerou propina ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou reportagem publicada neste sábado (26), pela 'Folha de S. Paulo', também divulgada no portal do jornal na internet. De acordo com a 'Folha', o inquérito foi aberto em dezembro de 2015, a pedido da Procuradoria-Geral da República, e está sob sigilo. O inquérito tem como investigados ainda o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), sob suspeitas de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo a Folha apurou, o delator Fernando Baiano disse ter participado de operação para viabilizar a venda da participação da Petrobras na empresa argentina Transener ao grupo Electroingenieria, também do país. Baiano afirmou que houve pagamento de propina e que o lobista Jorge Luz havia dito que parte dessa comissão era destinada ao 'pessoal do PMDB'.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, o delator afirmou que ele e o ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró receberam US$ 300 mil cada para que a transportadora de eletricidade Transener fosse vendida a um grupo argentino, entre 2006 e 2007. 
Baiano disse que também 'estavam envolvidos na negociação' os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (governo Lula).
Segundo Fernando Baiano, em 2006 ou 2007, ele foi procurado pelo lobista Jorge Luz, que representava o grupo argentino Eletroengenharia. O delator relatou que a empresa estava interessada na compra da Transener.
'Procurou Nestor Cerveró para falar sobre o assunto, tendo sido informado que o negócio já estava fechado com um grupo norte-americano, com parte do pagamento já realizado, restando apenas a aprovação do governo argentino', afirmou.
O delator contou que, diante da informação, Jorge Luz, ele próprio e o ex-ministro argentino Roberto Dromi (governo Carlos Menem) traçaram uma estratégia para a não aprovação da venda pelo governo argentino pelo ministro Julio de Vido (2003-2015/governos Néstor Kirchner e Cristina Kirchner).
'Para acertar dentro da Petrobras a venda da empresa para o grupo argentino pelo mesmo valor do negócio que seria levado a efeito pelo grupo norte-americano, o colaborador recebeu US$ 300 mil. Nestor Cerveró recebeu igual quantia. Jorge Luz fez os acertos e pagamentos aos políticos, não sabendo informar os valores pagos', informou Fernando Baiano.
O lobista foi preso em dezembro de 2014. O juiz federal Sérgio Moro, que mandou prendê-lo, o condenou a 16 anos, um mês e dez dias de reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro em uma ação da Lava Jato. Segundo a sentença, o operador teria intermediado propina de US$ 15 milhões sobre contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da Área Internacional da Petrobras, ocupada na época por Cerveró - também preso e condenado na Lava Jato. Renan e Rondeau negam taxativamente o recebimento de valores ilícitos.
 Por: O Liberal