Venda de ativos de estatal na Argentina teria rendido propina a Barbalho e Renan Calheiros
O ministro do STF Teori Zavascki autorizou inquérito para
investigar se um negócio da Petrobras na Argentina gerou propina ao presidente
do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou reportagem publicada neste
sábado (26), pela 'Folha de S. Paulo', também divulgada no portal do jornal na
internet. De acordo com a 'Folha', o inquérito foi aberto em dezembro de 2015,
a pedido da Procuradoria-Geral da República, e está sob sigilo. O inquérito tem
como investigados ainda o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) e o deputado federal
Aníbal Gomes (PMDB-CE), sob suspeitas de corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Segundo a Folha apurou, o delator Fernando Baiano disse ter
participado de operação para viabilizar a venda da participação da Petrobras na
empresa argentina Transener ao grupo Electroingenieria, também do país. Baiano
afirmou que houve pagamento de propina e que o lobista Jorge Luz havia dito que
parte dessa comissão era destinada ao 'pessoal do PMDB'.
Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, o delator
afirmou que ele e o ex-diretor da área Internacional da estatal Nestor Cerveró
receberam US$ 300 mil cada para que a transportadora de eletricidade Transener
fosse vendida a um grupo argentino, entre 2006 e 2007.
Baiano disse que também 'estavam envolvidos na negociação'
os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA), o deputado
Aníbal Gomes (PMDB-CE) e o então ministro de Minas e Energia Silas Rondeau
(governo Lula).
Segundo Fernando Baiano, em 2006 ou 2007, ele foi procurado
pelo lobista Jorge Luz, que representava o grupo argentino Eletroengenharia. O
delator relatou que a empresa estava interessada na compra da Transener.
'Procurou Nestor Cerveró para falar sobre o assunto, tendo
sido informado que o negócio já estava fechado com um grupo norte-americano,
com parte do pagamento já realizado, restando apenas a aprovação do governo
argentino', afirmou.
O delator contou que, diante da informação, Jorge Luz, ele
próprio e o ex-ministro argentino Roberto Dromi (governo Carlos Menem) traçaram
uma estratégia para a não aprovação da venda pelo governo argentino pelo
ministro Julio de Vido (2003-2015/governos Néstor Kirchner e Cristina
Kirchner).
'Para acertar dentro da Petrobras a venda da empresa para o
grupo argentino pelo mesmo valor do negócio que seria levado a efeito pelo
grupo norte-americano, o colaborador recebeu US$ 300 mil. Nestor Cerveró
recebeu igual quantia. Jorge Luz fez os acertos e pagamentos aos políticos, não
sabendo informar os valores pagos', informou Fernando Baiano.
O lobista foi preso em dezembro de 2014. O juiz federal
Sérgio Moro, que mandou prendê-lo, o condenou a 16 anos, um mês e dez dias de
reclusão, por corrupção e lavagem de dinheiro em uma ação da Lava Jato. Segundo
a sentença, o operador teria intermediado propina de US$ 15 milhões sobre
contratos de navios-sonda. Os valores teriam sido repassados à diretoria da
Área Internacional da Petrobras, ocupada na época por Cerveró - também preso e
condenado na Lava Jato. Renan e Rondeau negam taxativamente o recebimento de
valores ilícitos.
Por: O Liberal