
Temendo uma carnificina maior do que
aconteceu em duas unidades penais de Manaus, no Amazonas, e no maior
presídio de Boa Vista, em Roraima, a Pastoral Carcerária da Diocese de
Santarém alerta as autoridades municipais, estaduais e federais, sobre a
existência de uma lista de morte de 80 detentos, do Centro de
Recuperação Agrícola Sílvio Hall de Moura (CRASHM).
A penitenciária fica localizada na
Comunidade de Cucurunã, em Santarém, oeste do Pará. De acordo com a
Diocese de Santarém, a superlotação e a briga entre facções rivais são
as principais causas dos problemas ocorridos entre os detentos, na casa
penal. O prédio foi construído em 1996 e tem capacidade para 360 presos.
Hoje, possui pouco mais de 700.
Por conta da tensão vivida no Presídio
de Cucurunã, a Diocese de Santarém suspendeu as visitas dos membros da
Pastoral Carcerária à casa penal.
Em visita à Santarém, no último fim de
semana, o coordenador nacional da Pastoral Carcerária, padre Valdir
Silveira, falou sobre a crise no sistema carcerário. Ele veio de Manaus
(AM), onde visitou o Complexo Penitenciário Anísio Jobim. Na manhã do
dia 12 deste mês, padre Valdir visitou a Penitenciária Sílvio Hall de
Moura, em Santarém.
Padre Valdir reforçou que a Pastoral tem
conhecimento de uma lista com nomes de 80 detentos que estão jurados de
morte e que conversas estão sendo feitas para que isso não ocorra.
“Visitei o presídio e depois fui diretamente ao Fórum da Comarca de
Santarém, para falar com o Juiz levando as reivindicações. Apontei as
coisas que os presos têm direito e não estão conseguindo. Quando há uma
rebelião no presídio todos sofrem. Nos últimos dois meses aconteceram
vários problemas no Presídio de Cucurunã”, asseverou o religioso.
Após receber as demandas do padre
Valdir, a Comarca de Santarém se comprometeu em realizar um mutirão
carcerário, em fevereiro próximo, com intuito de amenizar os problemas
ocorridos, no Presídio de Cucurunã.
SUSPEITA: Na edição da
semana passada publicamos matéria com o delegado Jardel Guimarães, onde
alerta sobre a suspeita da Polícia Civil, de que a facção, conhecida por
Família Do Norte (FDN), tenha ramificação em Santarém. “Nós estamos
bastante diligentes, principalmente as autoridades de Santarém, em
relação à existência de membros da FDN, no Presídio de Cucurunã. Os
órgãos de segurança estão monitorando essa situação toda. Nós sabemos
que essa crescente onda de violência urbana é um fenômeno nacional”,
aponta o Vereador e delegado Jardel Guimarães.
Segundo ele, o que causou mais espanto
com os últimos acontecimentos ocorridos nos presídios da região Norte do
Brasil, especificamente em Manaus, é que os envolvidos fazem parte de
facções, que disputam o domínio do tráfico de drogas, como a FDN,
originária do Amazonas e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São
Paulo.
O delegado Jardel reforça que há
suspeita de que já é possível ter um braço dessa facção em Santarém, por
se tratar de um grupo ligado ao tráfico de drogas. “Essa facção tem
como objetivo o avanço, principalmente em Santarém e região oeste do
Pará. Isso causa bastante preocupação para todas as autoridades de
segurança pública, no sentido de fazer com que não deixe esse bando se
expandir aqui. As facções brigam pelo domínio e a expansão do tráfico de
drogas, na região Norte do Brasil”, revela.
INTERVENÇÃO DO ESTADO:
Também na edição da semana passada, o presidente da Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB) Subseção de Santarém, Dr. Ubirajara Bentes de Sousa
Filho, falou sobre o atual clima de insegurança que se instalou no
Presídio de Cucurunã, depois de várias mortes que aconteceram na
instituição, onde recentemente familiares foram impedidos de visitar
parentes que estão presos e que culminou com uma manifestação em frente
ao Fórum de Justiça de Santarém pedindo a saída do diretor da casa
penal.
“A OAB tem sido favorável à intervenção
do Estado. Existem muitas denúncias de problemas relacionados aos
apenados. O que queremos é uma intervenção estatal, seja para tirar o
diretor ou não, mas que o Estado intervenha! A reclamação maior dos
presos é a questão da progressão penal, e dos processos deles”, afirmou o
advogado Ubirajara.
Com a proposta de ver de perto a
situação dos detentos, a Comissão de Direitos Humanos da OAB/Santarém
esteve na manhã do dia 12 deste mês, no Presídio de Cucurunã.
Presidido pelo Advogado Joniel Abreu, os membros da Comissão conversaram com inúmeros apenados, confirmando várias denúncias recebidas ultimamente pela OAB.
Presidido pelo Advogado Joniel Abreu, os membros da Comissão conversaram com inúmeros apenados, confirmando várias denúncias recebidas ultimamente pela OAB.
Um relatório circunstanciado foi
elaborado e encaminhado para autoridades e instituições nacionais e
internacionais, dentre elas, a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), com sede em Washington – DC.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto