
Segundo testemunhas, a ação dos
pistoleiros começou com um tiroteio por volta de 23h, de sábado. Os
ocupantes informaram que uma caminhonete que passou em frente ao
acampamento, disparou vários tiros em direção à entrada do local. Outra
caminhonete, com vários homens armados fecharam a estrada que fica em
frente ao acampamento.
De acordo com os ocupantes, após algumas
horas de trégua, o tiroteio recomeçou às 13h, de domingo, 16, onde
também os pistoleiros atearam fogo ao redor do acampamento. Os ocupantes
revelaram que várias mulheres e crianças passaram mal no local. As
famílias se concentram em uma residência no acampamento. Após os ataques
dos pistoleiros, não houve registro de pessoas feridas.
O acampamento Hugo Chávez tem três anos
de existência e fica distante 14 km de Marabá, na BR-155. A estrada liga
as cidades de Marabá a Redenção.
AFLIÇÃO – Por conta do
aumento da violência no campo, a Comissão Pastoral da Terra (CPT)
informou que acompanha com pesar os conflitos e os massacres sofridos
por trabalhadores rurais, no Pará. A prisão temporária de 13 policiais
envolvidos no Massacre de Pau D’Arco, no inicio deste mês, segundo a
CPT, é um passo importante no processo de investigação que precisa
continuar até chegar aos latifundiários do Sul do Pará.
“A prisão desses 11 PMs e dois policiais
civis ocorre por meio da atuação do Ministério Público do Estado do
Pará, que solicitou os mandados ao juiz da Vara Criminal de Redenção,
Haroldo Silva da Fonseca. Agora, é essencial que a apuração do caso
esclareça os laços entre os grandes proprietários de terras na região e
esses agentes públicos. Mesmo com toda a repercussão da chacina ocorrida
no dia 24 de maio, os ataques contra os trabalhadores rurais que lutam
para serem assentados na Fazenda Santa Lúcia continuam”, declarou, em
nota, a CPT.
Atualmente, de acordo com a CPT, os
companheiros dos dez mortos estão acampados ao lado da Fazenda Santa
Lúcia, em um terreno do Incra, esperando que o instituto realize a
reforma agrária no local. A terra em disputa está nas mãos da família
Babinski, sendo que a suposta propriedade tem fortes indícios de se
tratar de uma terra grilada. Essa mesma família possui terras que,
somadas, tem um território maior que a cidade de Belo Horizonte.
MORTE NO CAMPO – Na
noite de 7 deste mês, após receber ameaças, Rosenildo Pereira de
Almeida, 44 anos, foi assassinado com tiros a queima-roupa. Ele era um
dos líderes da ocupação na Fazenda Santa Lúcia, em Pau D’Arco (PA),
local onde 10 camponeses foram mortos durante uma operação policial no
dia 24 de maio deste ano.
O crime ocorreu em uma cidade próxima,
Rio Maria, para onde o líder Rosenildo, conhecido como “Negão”, havia
ido para se esconder, depois de reiteradas ameaças de morte. Segundo
informações preliminares da CPT, ele teria sido executado com três tiros
na cabeça por dois motoqueiros.
A informação foi confirmada pela
organização não governamental Justiça Global, que presta auxílio social e
jurídico ao acampamento. A assessoria da Polícia Civil do Pará também
confirmou as circunstâncias do homicídio, mas disse desconhecer se a
vítima era uma liderança da ocupação na Fazenda Santa Lúcia.
Fonte: RG 15/O Impacto