
O deputado Carlos Bordalo, presidente da
Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, abriu a audiência
fazendo um panorama da situação das instituições financeiras públicas no
Pará. “Os bancos cada vez mais estão reduzindo a rede física de
atendimento. Somente de janeiro a maio deste ano, 929 agências já foram
fechadas no Brasil, segundo o Banco Central. O Banco do Brasil foi o que
mais fechou postos de atendimento, foram 563 nesse período”, enumera o
parlamentar.
Bordalo destacou a importância das
instituições financeiras públicas “pela necessidade de oferta de crédito
de curto, médio e longo prazo, onde o setor privado não tem interesse
em operar”, avaliou o deputado. Carlos Bordalo ressaltou ainda a
importância dos bancos públicos regionais para o desenvolvimento local,
com o financiamento de agricultores familiares e outros pequenos
empreendedores. “Essas pessoas não teriam condição de obter crédito,
porque os bancos privados oferecem financiamento com altas taxas de
juros. Hoje, 56% do crédito no Brasil são oferecidos por bancos
públicos, e 44%, por bancos privados. No Pará, esse percentual sobe para
mais de 80%”, explicou.
“Estamos enfrentando uma conjuntura muito
grave, com ameaças reais de privatizações no setor de energia, nos
Correios, na Petrobrás e nos bancos públicos. Por isso estamos
construindo a luta pela defesa das empresas públicas com toda a
sociedade e essa audiência em defesa dos bancos públicos será um passo
muito importante para o sucesso da nossa campanha. Contamos com a
participação da nossa categoria e de todos os segmentos da sociedade que
estejam dispostos defender o patrimônio público do nosso país”,
ressaltou o presidente do Sindicato dos Bancários do Pará, Gilmar
Santos.
Para o representante da Confederação
Nacional dos Trabalhadores do Setor Financeiro (CONTRAF), Wagner
Nascimento, o encolhimento dos bancos públicos terão um reflexo danoso á
sociedade. “Basta lembrar que 70% do alimento produzido e consumido no
Brasil vem dos pequenos agricultores, que são financiados pelos bancos
públicos; 70% dos financiamentos estudantis são feitos po instituições
como o Banco do Brasil e Caixa Econômica; 80% dos financiamentos e
créditos de longo prazo para pequenas empresas são do BNDES e Banco do
Brasil, então precisamos defender essas instituições, não só para
garantir um atendimento melhor para a sociedade, mas também porque sem
elas não há desenvolvimento”, afirma.
O único banco que enviou representante
para a Audiência Pública foi o Banco da Amazônia. Waldecir Toser
lamentou a ausência de outras instituições e ressaltou que “a sociedade
precisa defender os bancos públicos, não bastam apenas os sindicatos e
associações de trabalhadores”, disse ele. “No entanto, só conseguiremos
criar uma relevância para essa discussão se os bancos públicos
melhorarem seus serviços e níveis de eficiência”, concluiu.
DESMONTE – As Audiências
Públicas acontecem em todo o país e refletem a preocupação do setor com
a diminuição do número de agências de bancos públicos, e dos postos de
trabalho. A mobilização acontece no momento em que há a expectativa do
anúncio do Governo Federal sobre a privatização da Caixa Econômica até o final do ano e o fechamento de mais agências do Banco do Brasil.
FRENTE PARLAMENTAR – O
deputado Carlos Bordalo aproveitou para conclamar os outros deputados a
votarem o projeto de resolução que dispõe sobre a criação da Frente
Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos, que ele apresentou em junho
deste ano na Alepa. “O objetivo é combater o enfraquecimento das
instituições financeiras públicas, bem como proteger e defender os
interesses sociais, econômicos e financeiros do Estado, mas
infelizmente, o projeto está parado”, lamentou Carlos Bordalo.
“Podemos afirmar que os bancos públicos
são importantes para toda a população brasileira, especialmente para as
pessoas mais pobres. Não é possível falar em desenvolvimento sem
crédito. E sem crédito não há emprego. Precisamos de bancos públicos
para manter essa oferta de crédito que sempre fomentou a economia em
momentos importantes – e não vemos isso atualmente”, ressalta o
parlamentar.
Também participaram da audiência pública os deputados Lélio Costa e Iran Lima.
Fonte: RG 15/O Impacto e Ascom/Alepa