
Rompimentos frequentes, deixam moradores sem água e prejudica mobilidade
Sem investimento adequado há décadas, a
Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) em Santarém, tem deixado os
consumidores duplamente prejudicados. Devido a sua rede de distribuição
de água constituir-se de tubulações de amiantos que foram colocadas há
pelos menos 40 anos, principalmente na área central da cidade, os
frequentes rompimentos, além de deixar a população sem o abastecimento
do líquido precioso, tem prejudicado à questão da mobilidade urbana.
A foto em destaque demonstra à realidade
enfrentada pela população. Da varanda de sua residência, na área
central, o morador registrou a situação calamitosa que teve que
enfrentar, nos dias em que a equipe da Companhia esteve realizando o
reparo na tubulação. Segundo as pessoas prejudicadas, sair das
residências a pé tornou-se uma aventura típicas dos filmes de Indiana
Jones, sem falar de não poderem entrar e sair das casas com os seus
veículos.
De acordo com especialistas consultados
pelo O Impacto, a tendência, sem a devida substituição das tubulações de
amianto, é que a falta de água ocasionada pelos rompimentos, fique cada
vez mais frequentes. Em alguns casos, nas residências onde a água chega
com pouca força, que não consegue encher as caixas d’águas no alto, se
deve justamente ao cuidado no momento da liberação da água para àquela
região, pois dependendo da pressão no momento do procedimento do
abastecimento, a pressão da água romperá a tubulação cujo material se
encontra fragilizado.
Na semana passada, os moradores dos
bairros Jardim Santarém, Aeroporto Velho e Interventoria, permaneceram 2
dias sem água nas torneiras. O rompimento aconteceu na avenida Marajora
próximo à avenida Sergio Henn, no bairro Diamantino.
“Moro há muitos anos aqui neste bairro.
Essas tubulações rompem constantemente. É comum o rompimento até mesmo
onde eles já realizaram o reparo. Principalmente aqui na Marajoara e na
Frei Vicente”, disse uma moradora.
Ainda segundo ela, os rompimentos também
são frequentes no bairro da Esperança, na avenida Cuiabá, onde está
situado a sede da empresa e um complexo de captação e distribuição de
água.
No início do ano, um rompimento deixou a metade da população sem água. Na época o engenheiro Roberto Branco assim se pronunciou:
“O que aconteceu foi que houve um
rompimento de uma tubulação tronco ali próximo à Frei Vicente. Esse
rompimento se deu porque a tubulação existente lá é antiga, de cimento
amianto, é uma tubulação que não se usa mais para rede pública e essa
rede ainda existe naquele local. Hoje temos na cidade cerca de seis
quilômetros de tubulação ainda com esse material, que inclusive é
proibido desde 2002. Das telhas, por exemplo, foi retirado o amianto
porque havia ameaça de câncer e nós ainda temos tubulações de água que
abastecem nosso povo com tubulação de cimento amianto, e o pior,
trata-se de redes-tronco, redes importantes, são grossas de 400
milímetros de diâmetro. Esse rompimento ocorreu em frente a uma
edificação nossa que fizemos na Frei Vicente e vinha vazando há algum
tempo. Começou bem pequeno, quando rompeu de vez e foi um Deus nos
acuda. Como conclusão, houve corte no fornecimento de água e deixaram
parte da cidade sem o líquido precioso. A Cosanpa tem uma empresa
terceirizada que tem como função ficar remendando tubos na cidade, o
problema é que essas peças dessas tubulações não existem mais, é uma
tubulação de cimento amianto que não existe peça para remendar, não
existe luva para remendar, então, são obrigados a fazer gambiarras, um
pedaço de PVC, uma luva para cá, para lá, concertam, mas fica cheia de
remendo e essa tendência é de cada vez ficar pior. A única solução
permanente seria trocar a tubulação, arrancar definitivamente,
especialmente esses seis quilômetros que estão instalados e colocar um
tubo mais moderno. O que acontece, a Prefeitura vai querer pavimentar as
ruas, aí arrebenta um tubo, abrem um buraco e fica um remendo e isso
vem acontecendo há anos e nunca se resolve. É uma situação que a gente
não vê uma solução definitiva, só paliativa e isso é uma falta de
consideração com a população. Eu acho que deveria ter uma ação do Estado
nesse sentido, de resolver de uma vez por todas, essa situação”,
declarou Roberto Branco.
ALTERNATIVAS: Dentro do
planejamento de gestão, o prefeito Nélio Aguiar trabalha para buscar
melhora a questão do saneamento. Quando assumiu o executivo trabalhou
junto à sociedade e Câmara de Vereadores, a criação do Serviço Autônomo
de Saneamento (SAS), autarquia municipal que buscará alternativas
viáveis para melhorar o serviço, principalmente do abastecimento de água
na cidade.
No fim do ano passado, o gestor anunciou
que há interesse da administração pública municipal em rescindir, de
forma consensual, o contrato com a Companhia de Saneamento do Pará
(Cosanpa) com a finalidade de melhor atender a população.
A Prefeitura de Santarém abriu
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) para que empresas possam
apresentar estudos técnicos. O objetivo do PMI é a elaboração de
estudos para a concepção e desenvolvimento de modelo de parceria entre a
Administração Pública e o setor privado, visando a recuperação,
melhoria e ampliação da infraestrutura de sistemas de abastecimento de
água e esgotamento, em qualquer dos regimes previstos nas Leis 8.987/95 e
11.079/04. Confira as chamadas públicas nos links abaixo.
Até o momento, quatro empresas
manifestaram interesse em realizar estudos e já estão autorizadas pela
Prefeitura. Trata-se das empresas: MPB Engenharia, Servi, Aegea e Águas
do Brasil.
“Já comunicamos o Governo do Estado
sobre não haver mais o interesse em permanecer com o contrato com a
Cosanpa. Planejamos que o rompimento desse contrato seja de forma
consensual, que haja entendimento entre as duas partes, buscando
principalmente não causar prejuízos à população. Assim que tivermos os
estudos, vamos escolher o melhor, priorizando saneamento também e o que
apresente estudo de tarifas acessíveis à população, com proposta
diferenciada para as pessoas de baixa renda”, disse Nélio na época.
Além da infraestrutura do abastecimento
de água em Santarém, foram publicados outros PMI’s, visando a
recuperação, melhoria e ampliação da infraestrutura de manejo de
resíduos sólidos e drenagem urbana.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto