Dados de satélite:
Fumaça sobre Santarém é oriunda de queimadas em Mojuí dos Campos, Prainha, Óbidos, Alenquer, Curuá e Oriximiná; três pessoas foram presas em Mojuí
Rurópolis, Placas, Uruará, Aveiro, Itaituba, Medicilândia, Faro, Terra Santa, e Juruti, também contribuem para a formação da densa nuvem que avança na direção de Santarém
Pontos em vermelho, identificados pelo satélite, mostram Santarém cercada por queimadas nesta época do ano - Créditos: Reprodução
Pelo terceiro dia consecutivo, o município de Santarém, no oeste do Pará, tem sido tomado por uma densa camada de fumaça que paira sobre a cidade e traz sérias consequências para a saúde da população, especialmente para aqueles com problemas respiratórios. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) informou que a fumaça é resultado de focos de queimadas em municípios vizinhos, intensificados pela prolongada seca na região.
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Segundo apurou o Portal OESTADONET, agentes da Força Nacional de Segurança e do Ibama fazem uma varredura em propriedades rurais dos municípios da Calha Norte para identificar fogo em áreas de pastagens, proibido por decreto estadual, o incêndios provocados por criminosos.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), por meio do sistema TerraBrasilis, Santarém registrou 183 focos de calor entre os dias 5 e 6 de novembro. O mapa de calor, disponível no portal da instituição, revela que a fumaça sobre Santarém é oriunda principalmente de queimadas em Mojuí dos Campos, Prainha, Óbidos, Alenquer, Curuá, e Oriximiná. Entretanto, municípios mais distantes, como Rurópolis, Placas, Uruará, Aveiro, Itaituba, Medicilândia, Faro, Terra Santa, e Juruti, também contribuem para a formação da densa nuvem que avança na direção de Santarém.
Vista aérea de Santarém na manhã desta quinta-feira(7).
A prática das queimadas, ainda que proibida por decreto estadual, persiste na região. Na terça-feira (5), em Mojuí dos Campos, três pessoas foram presas por colocar fogo em uma área destinada à pastagem. A queima de vegetação para limpeza e manejo de áreas está proibida desde agosto deste ano, quando o governador do Pará, Helder Barbalho, decretou situação de emergência em resposta ao aumento dos focos de incêndio, agravados pela estiagem e pelas baixas chuvas.
Na margem esquerda do Rio Amazonas, comunidades como Saracura, Arapema e Pixuna do Tapará também têm registrado focos de queimadas. Nessas áreas, o fogo é usado principalmente para o preparo do solo para o cultivo de melancia e feijão. Entretanto, as autoridades não conseguiram localizar os responsáveis por essas atividades.
O vento tem atuado como um agente dispersor da fumaça, transportando partículas provenientes de diferentes regiões para Santarém. Apesar de os focos locais serem pontuais — como nas áreas de Moaçara, Curuá-Una e Fernando Guilhon —, a densidade de fumaça na cidade tem elevado a preocupação com problemas respiratórios entre os habitantes.
Em setembro, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, declarou situação de emergência em razão das queimadas e da longa estiagem que assola as áreas rurais e comunidades ribeirinhas do município. Em âmbito estadual, o decreto nº 583/2024, assinado pelo governador Helder Barbalho, ratifica a proibição de queimadas para manejo e limpeza de terrenos, exceto para atividades específicas, como combate a incêndios promovido por instituições públicas, práticas de subsistência de populações tradicionais e indígenas, controle fitossanitário autorizado, e pesquisas científicas com permissão de órgãos ambientais.
O decreto estabelece sanções rigorosas para o descumprimento das normas, incluindo penalidades administrativas e civis. O Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBM) está à frente do combate direto aos focos de incêndio, enquanto a Defesa Civil e a Secretaria de Saúde do Estado do Pará (Sespa) intensificam ações para mitigar os danos à saúde da população.
Com o decreto estadual vigente por 180 dias, prorrogável conforme a necessidade, espera-se uma intensificação nas medidas de fiscalização e prevenção. A Secretaria de Saúde de Santarém alerta que a exposição prolongada à fumaça pode agravar doenças respiratórias e gerar riscos severos para crianças, idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes.