sexta-feira, 8 de abril de 2016

Denúncia – Postos de Saúde de Santarém estão sucateados

Pacientes usam sombrinhas dentro do Posto de Saúde e usuários do SUS protestam na Semsa


Pacientes usam sombrinhas dentro do Posto de Saúde de Aparecida para se proteger da chuva
Pacientes usam sombrinhas dentro do Posto de Saúde de Aparecida para se proteger da chuva
No início desta semana centenas de pessoas procuraram nossa reportagem para denunciar o descaso na saúde pública de Santarém. Entre os problemas apontados pela população está o abandono das unidades de saúde do Santarenzinho, Maracanã, Conquista, Matinha, Nova República, Livramento e Aparecida/ Caranazal.
Nos referidos postos de saúde, segundo os usuários, faltam médicos, enfermeiros e remédios, além da demora nos exames. Sem ter pra quem apelar, os usuários pedem que o Ministério Público Estadual (MPE) fiscalize onde está sendo aplicada a verba de saúde, liberada pelo Governo Federal e destinada as unidades de saúde de Santarém.
A falta de remédios e a demora nos exames estão entre as reclamações feitas por usuários do posto de saúde do Livramento. Segundo eles, o atendimento é precário e o prédio não possui nem água para consumo.
A aposentada Raimunda Silva foi ao posto em busca de remédios para o tratamento de hipertensão. Ela conta que procurou a unidade por três vezes consecutivas e não conseguiu o medicamento. “Não me atenderam. Tinha remédio, mas não me deram porque eu não era do grupão. Passei de oito até dez horas e não fui atendida”, reclama.
De acordo com os usuários, o bebedouro do posto está parado e segundo os moradores não há água para beber. “Fui ao posto e não tem nem água para a pessoa tomar uma pílula. Está lá o bebedouro, seco, sem água. Ainda fui procurar quando a mulher me disse que não tinha água”, cobra a aposentada.
No bairro da Conquista, os usuários da unidade de saúde também reclamam da demora no atendimento e falta de remédios no local.
O representante comercial Roberto Lima precisa de remédios para a filha de 6 anos, portadora de necessidades especiais. Medicação controlada para evitar convulsões. Porém, segundo ele, a unidade não possui o medicamento no momento. “Eles informaram que não tem a medicação, que está em falta porque a Secretaria de Saúde não repassou. Eles estão fornecendo a receita para que eu possa comprar, mas tem crianças que o pai não pode comprar. Já aconteceu de ter redução aqui nos remédios, em outra vez passaram a receita e agora de novo”, explica.
DESAMPARO: Nos bairros Aparecida e Caranazal, devido as fortes chuvas que caíram na cidade nos últimos dias, vários pontos de infiltração surgiram na Unidade de Básica Saúde (UBS), localizada na Avenida Magalhães Barata (Rodagem). Os usuários denunciam que em dias de chuva são obrigados a usar guarda-chuva, dentro da unidade para se proteger da água que cai pelas goteiras no telhado. A água da chuva se espalhava por todas as salas, em consequência das telhas quebradas.
Segundo a agricultora Naiara Sousa, a situação é preocupante e gera incômodo, pois a água invade as salas e é necessário se proteger. “Eu não tenho nem palavras. É muito triste essa situação. Fui ao posto médico e tive que usar o guarda-chuva no corredor para não me molhar. Deixei de usar o guarda-chuva na rua, para usar dentro da unidade de saúde. Eu vou ao posto todos os meses levar meu filho para tomar vacina”, criticou a agricultora.
Os moradores do bairro estão insatisfeitos com as péssimas condições em que se encontra a estrutura da unidade. Segundo eles, o prédio necessita urgente de uma reforma. Quem precisa dos serviços, sofre as consequências do descaso. “Uma vez que fui fazer um preventivo eu vi muito cupim na parede, a tinta saindo. O atendimento também é preocupante, pois temos que chegar muito cedo para conseguir atendimento, o médico demora a chegar, muito difícil conseguir uma ficha”, diz a dona de casa, Fernanda Almeida.
Além de não oferecer itens básicos, como cadeiras para que as pessoas aguardem o atendimento, a cerâmica no chão oferece riscos, principalmente paras os idosos. A pintura é antiga, as portas estão danificadas e algumas sem fechaduras. As paredes estão tomadas pelo mofo e os móveis danificados.
Usuários do SUS fazem protesto em frente à sede da Semsa por melhores condições
Usuários do SUS fazem protesto em frente à sede da Semsa por melhores condições
“BUZINAÇO” COBRA MELHORIAS NA SAÚDE PÚBLICA DE SANTARÉM: Em protesto realizado por volta de 09h, de quinta-feira, 07, na Travessa 7 de Setembro, no bairro Santa Clara, em Santarém, servidores da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) cobraram melhorias do atendimento, nos hospitais e nas unidades de saúde, da cidade.
Portando faixas, cartazes e com auxílio de um carro som, os manifestantes reivindicaram mais atenção por parte dos governos municipal, estadual e federal ao SUS. Em um cartaz, os manifestantes expressaram a seguinte revolta: “Lute para salvar o SUS. Não deixe o SUS morrer!”
A concentração dos manifestantes aconteceu em frente à sede da Semsa, na Travessa 7 de Setembro, onde dezenas de pessoas em carros e motocicletas realizaram um “buzinaço”. No local, por alguns minutos o trânsito foi interrompido. Em seguida, funcionários da Semsa e usuários do SUS caminharam até a Prefeitura Municipal de Santarém, na Rua Anysio Chaves, onde fizeram um ato público.
Entre as principais queixas de usuários do SUS estão: dificuldades de acesso aos serviços de saúde e de um atendimento que não contempla as reais necessidades dos pacientes; falta de remédios nas unidades de saúde, falta de médicos e enfermeiros nos hospitais, além da superlotação no complexo do Hospital Municipal de Santarém (HMS) e Pronto Socorro Municipal (PSM).
Em entrevista à imprensa de Santarém, o presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), médico Júnior Aguiar, revelou que a saúde pública em Santarém passa por um momento complicado, sendo uma dificuldade maior que envolve as esferas estadual e nacional. “Em se tratando de Santarém, a gente entende que esse é um município que enfrenta dificuldade a começar pela distância que se encontra em relação a capital do Estado. Tem sua complexidade regional e, é polo para uma região muito grande tanto geograficamente quanto do ponto de vista da densidade populacional. Então os problemas não são só municipais, são regionais também”, revela o médico.
Segundo o Sindicato dos Médicos do Pará (SINDMEPA), os médicos e pacientes do Hospital Municipal de Santarém têm sofrido com o descaso da saúde pública no Município. O SIMDMEPA denuncia a superlotação do HMS, que tem ocasionado sérios problemas no local.
Os médicos revelam que, em uma das alas que atende pacientes graves com capacidade para acomodar até seis enfermos encontram-se 15 pessoas amontoadas em macas, uma ao lado da outra.  De acordo com os médicos, pacientes têm morrido nesta sala, pois não há respirador para todos os que estão internados nesta sala.
Outro problema vivenciado pelos médicos que trabalham no Hospital Municipal de Santarém é a falta de vínculo trabalhista. O SINDMEPA informou que cerca de 90% dos profissionais da medicina que trabalham no local são contratados como pessoa jurídica que acaba não gerando vínculo algum com o hospital e causando grande instabilidade para os médicos e problemas para a gestão.
O SINDMEPA acrescenta que o contrato feito aos médicos do Hospital Municipal de Santarém claramente burla os direitos trabalhistas destes profissionais, fazendo com que eles não tenham direito à férias, 13º salário, licença maternidade, entre outros.
Por: Manoel Cardoso/Impacto/Blog do Colares