
O evento iniciou com a apresentação do
hospital para os participantes. A unidade é referência em atendimento de
média e alta complexidades no interior da Amazônia, atendendo a mais de
1,1 milhão de pessoas, residentes em 20 municípios da região. Em dez
anos, foram mais de 4,8 milhões de atendimentos. O HRBA é uma unidade
pública e gratuita de saúde, pertencente ao Governo do Pará e
administrado, desde 2008, pela entidade beneficente Pró-Saúde Associação
Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão
com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
O diretor-geral do HRBA, Hebert
Moreschi, falou que é fundamental tratar os dois temas de forma
conjunta. “Sustentabilidade e saúde são duas áreas que têm uma relação
muito estreita. Nós trouxemos pessoas que são referências nacionais e
internacionais para debater o tema em nossa cidade, e trazer um conceito
de que é perfeitamente possível: termos desenvolvimento na saúde e em
outras atividades econômicas, sem agressão e impacto ao meio ambiente”. O
diretor explica que o HRBA é um dos maiores consumidores de água e
energia, além de gerar grande quantidade de resíduos, por isso a unidade
busca aliar a sustentabilidade ao promover saúde. “É possível
desenvolver e preservar o meio ambiente para que as nações e gerações
futuras tenham qualidade de vida. Essa é a nossa missão”, diz Moreschi.
Soluções adotadas
Para reduzir os impactos ambientais, a
unidade implantou, em 2011, o Programa de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde (PGRSS). O programa é responsável por gerenciar os
resíduos gerados pelo hospital, com mensuração e análises, e garantir a
destinação correta. Todo lixo produzido é separado de acordo com a
classificação. Perfurocortantes, químicos e biológicos recebem atenção
especial. Resíduos orgânicos e materiais como papel e tampas de
medicamentos são reaproveitados. Em 2016, 40 toneladas de lixo foram
reciclados.
A alternativa adotada pelo hospital para
o reaproveitamento do lixo orgânico foi a implantação do projeto
“Compostagem e Lixo Orgânico”, em outubro de 2015. Os resíduos que antes
eram destinados ao aterro sanitário municipal, passaram a ser
aproveitados em benefício da comunidade do hospital. O projeto conta com
a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
(Emater-PA), da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e a
Universidade Luterana do Brasil (Ulbra).
Atualmente, 25% dos resíduos orgânicos
são transformadas em adubo para alimentar a horta existente na área do
hospital. A previsão é de que, em 2017, a quantidade aumente para 60%. A
produção da horta é utilizada nas refeições servidas aos usuários,
acompanhantes e colaboradores. Com o projeto, o hospital garante a
melhor destinação ao lixo orgânico e ainda reduz custos com a compra de
alimentos. A projeção é de que, em até três anos, o hospital consiga
produzir 80% das verduras e legumes consumidos pela unidade.
Soja sustentável
O “Programa Soja Sustentável” é desenvolvido desde 2004 pela organização não-governamental (ONG) The Nature Conservancy
(TNC) com os produtores agrícolas da região de Santarém. O programa
conta com o apoio da Cargill que, desde maio de 2006, somente adquire
soja de produtores que cumprem o Código Florestal ou que participam da
iniciativa. “A sustentabilidade no agronegócio está relacionada ao ganho
que cada um dos envolvidos na cadeia possa ter. E não estamos falando
somente de ganhos financeiros, mas de enriquecimento das comunidades
onde estamos inseridos, seja cuidando do meio ambiente ou proporcionando
a geração de emprego e renda ou ainda melhorias na qualidade de vida
das pessoas”, diz o gerente geral e de originação da Cargill, economista
Ronaldo Donath.
Relatório de sustentabilidade
O tema “Relatório de Sustentabilidade:
uma nova abordagem para os hospitais contarem como geram valor aos seus
stakeholders no curto, médio e longo prazo” foi abordado pelo
administrador Rodrigo Henriques. Ele é especialista em Gestão de
Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral e Relatórios de
Sustentabilidade pela The Global Reporting Initiative (GRI). Também
coordena iniciativas com o governo britânico para a disseminação de
práticas de sustentabilidade entre o Brasil e o Reino Unido. “Realizar o
primeiro seminário de sustentabilidade e saúde no Oeste do Pará
demonstra, mais uma vez, o pioneirismo e o compromisso que o HRBA tem
com a saúde pública do Brasil. Equilibrar os objetivos assistenciais,
econômicos, sociais e ambientais de uma organização de saúde no curto,
médio e longo prazo, é um grande desafio”, fala Henriques.
O HRBA está elaborando um relatório em
que vai reportar todo o desempenho da unidade na área ambiental, social e
assistencial do ano de 2015, de forma transparente, em que as pessoas
vão ter acesso às informações. A unidade buscar incorporar os protocolos
reconhecidos a partir da certificação internacional, concedida pela
Global Reporting Initiative (GRI), entidade sem-fins lucrativos sediada
em Amsterdã, Holanda. A GRI é um núcleo oficial de colaboração do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Sustentabilidade hospitalar
A médica Marisa Madi, especialista em
Administração em Saúde e doutoranda na Universidade de São Paulo (USP),
abordou o tema “Sustentabilidade hospitalar”, que tem se tornado cada
vez mais relevante no cenário internacional, já que as unidades de saúde
produzem grandes quantidades de resíduos que, sem o descarte correto,
podem causar prejuízos irreparáveis ao meio ambiente. “É impossível
escapar desse tema, é fundamental esse diálogo, principalmente na área
da saúde, seja no aspecto econômico, social ou ambiental, os hospitais
têm um potencial enorme de impactar o ambiente. E eu fiquei muito
inspirada com esse evento, com as iniciativas”, conta Marisa.
Pacto Global da ONU
O Hospital Regional de Santarém
tornou-se signatário do Pacto Global em 2016. O objetivo desse acordo é
mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção de
valores fundamentais e internacionalmente aceitos nas áreas de direitos
humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção,
refletidos em dez princípios.
O assessor de comunicação da Rede Brasil
do Pacto Global da ONU, Luiz Fernando Campos, aprofundou o tema e falou
da importância do engajamento da entidades, em especial, o HRBA. “A
iniciativa do hospital é louvável, uma vez que a discussão sobre
sustentabilidade e saúde precisa ganhar um reforço importante fora do
Centro-Sul do país, em especial na região Norte. Em nome da Rede Brasil
do Pacto Global da ONU, tenho certeza que teremos a partir de agora o
auxílio do HRBA como ponto focal no Pará, sensibilizando parceiros e
outras empresas da região para essa importante agenda”, diz Luiz
Fernando.
Sustentabilidade corporativa
O tema “Sustentabilidade corporativa –
Itaipu Binacional” foi compartilhado pela gerente de Responsabilidade
Social Corporativa da Itaipu Binacional, Heloísa Covolan. A usina de
Itaipu é responsável por 14% da oferta de energia para o Brasil. É,
também, a maior geradora de energia limpa e renovável do mundo. Heloísa
reforçou que “direitos humanos é um dos principais temas da
sustentabilidade, no qual as empresas podem garantir o atendimento e
serviços de forma diferenciada”.
A palestrante elogiou a preocupação do
Hospital Regional e o pioneirismo na região. “Até 2030, todos os países
devem acabar, na área da saúde, com uma série de problemas. Com isso, os
hospitais vão fazer o descarte correto dos resíduos e humanizar o
atendimento, por exemplo, atividades que o HRBA já realiza”.
Fonte: RG 15/O Impacto e Joab Ferreira