
Porto improvisado da Praça Tiradentes não suporta mais a demanda de cargas e passageiros.
“Maltratado, humilhado e esquecido!”,
assim demonstrou toda sua indignação o trabalhador autônomo Sebastião
Sousa, quando questionado sobre as péssimas condições do porto da Praça
Tiradentes. O estivador, mais do que ninguém, conhece de perto a
precariedade do local, que de uma solução temporária para o
embarque/desembarque de cargas e passageiros de embarcações, passou a
ser permanente. O porto que seria improvisado, para o desespero da
população de toda a região, já dura quase duas décadas.
Constituído de pelo menos três balsas
velhas, amarradas umas as outras, recebem embarcações de vários portes,
vindos de diversos municípios do oeste do Pará. Por conta da falta de
estrutura, o transporte fluvial, que segundo especialistas, é a vocação
natural de Santarém, revolta centenas de pessoas, devido o descaso dos
governos Municipal e Estadual. Quem precisa transportar mercadorias via
fluvial, enfrenta dificuldades para embarcar e desembarcar sobre rampas
inadequadas, sem segurança, nem dignidade.
Para quem tem alguma embarcação, como o
comerciante Aloísio Corrêa, a dificuldade é conseguir uma vaga para
ancorar, por conta da falta de organização do porto. “Meu barco para no
meio das balsas que estão se quebrando tudo”, conta.
Alvo de promessas do governador Simão
Jatene, que de eleição em eleição, continua jogando palavras ao vento, a
construção de um novo Porto Hidroviário em Santarém não saiu do papel.
Eis que surge uma luz no fim do túnel.
Nesta semana, a esperança dos santarenos foi renovada. É que o
ex-prefeito Alexandre Von assume nesta sexta-feira (24), a presidência
da Companhia de Portos e Hidrovias do Pará.
Para o funcionário público aposentado
Ércio Bemerguy, o que causa mais indignação e revolta, é o fato de
mesmos vários santarenos ocupando cargos importantes no governo, nada
foi feito em relação à problemática.
“Um dos problemas de Santarém é a falta
de um porto regional para cargas e embarque/desembarque de passageiros.
Dezenas de embarcações de médio e pequeno porte que chegam à cidade
atracam de forma desordenada no porto improvisado em frente à Praça
Tiradentes, sem que haja controle e infraestrutura adequada, o que
prejudica toda a região do Baixo Amazonas. Há anos espera-se a conclusão
do Terminal Hidroviário no bairro da Prainha, cujas obras estão
paralisadas. É bom lembrar que Santarém já contou com dois
vice-governadores ‘da terra’ – Odair Correa e Helenilson Pontes, e que
não se empenharam o bastante para que este sério problema fosse
solucionado. Agora, surge a notícia de que o ex-prefeito, Alexandre Von
assumirá nos próximos dias, a presidência da Companhia de Portos e
Hidrovias do Pará. A pergunta que não quer calar é esta: Será mais um
‘mocorongo’ que, no exercício de um cargo importante no Governo do Pará,
deixará Santarém continuar sem dispor de um Porto Hidroviário
decente?”, questiona Bemerguy.
Para os passageiros, trabalhadores e
empresários que convivem com a triste realidade da falta de um Porto
Hidroviário decente, que atenda com qualidade a população, a presença de
Alexandre Von em uma autarquia estadual estratégica da área,
finalmente, pode representar um fim para o drama.
POPULAÇÃO EM PERIGO: Cais
deteriorado, mato, lama e muitos buracos. São essas as principais
reclamações das pessoas que frequentam o porto improvisado da Praça
Tiradentes, em Santarém. De acordo com os moradores e comerciantes que
reclamam do abandono do lugar, muitos acidentes já foram registrados por
conta dos problemas. Com a subida do nível dos rios Amazonas e Tapajós
surgem velhos problemas. As embarcações atracam na estrutura desgastada
do cais e a destruição é inevitável. Valas surgem e são preenchidas por
lixo e lama.
VEREADOR DENUNCIA: Na
Câmara Municipal, o tema já foi por diversas vezes abordado pelos
parlamentares. Em uma fala mais contundente, o vereador Didi Feleol,
denunciou a seus pares, o problema antigo vivenciado pela população
ribeirinha das regiões próximas a Santarém: a dificuldade de atracação
das embarcações e desembarque dos passageiros em frente à Orla da
cidade. “Esse porto foi improvisado, mas no momento não tem condições,
porque são muitas embarcações, e não são só as das regiões ribeirinhas,
mas também as que fazem linha para outras cidades e estados”, analisa
Feleol.
De acordo com o parlamentar, além da
ausência de um porto adequado para atender a essa demanda, a população
tem denunciado a atracação de algumas embarcações. “A reclamação que
tivemos é da balsa restaurante que está lá na frente [da cidade]
ocupando boa parte do cais, inclusive o responsável pelo setor de portos
já está tomando providências. Ela [a balsa] acaba tomando um espaço
muito grande, deixando pessoas idosas, gestantes, crianças, qualquer
pessoa com dificuldades para embarcar e desembarcar seus produtos”,
declarou.
O período de chuva e enchente dos rios
também é outra preocupação do Vereador, que já prevê novos problemas. “A
preocupação dos ribeirinhos da Região do Lago Grande é essa. Como é que
vão atracar essas embarcações no período de enchente? O que pedimos é
que o poder público possa resolver isso o mais rápido possível. Se vai
ter uma balsa; outro local, o que vão fazer, tem que agilizar”,
finalizou Didi Feleol.
PREFEITURA COBRA CONSTRUÇÃO:
No fim do mês de janeiro, o prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, reuniu
em Belém, com a diretoria da Companhia de Portos e Hidrovias do Estado
do Pará, para tratar sobre a construção de dois Terminais Hidroviários
no Município. O valor da obra gira em torno de R$ 60 milhões.
O recurso para o projeto está garantido e
foi aprovado no fim de 2016 na Assembleia Legislativa do Estado do Pará
(Alepa), por meio de uma operação de crédito. “Só está faltando o
Governo do Estado assinar com a Caixa Econômica esse empréstimo. O
projeto executivo já está pronto. A área já está preparada e reservada.
Serão dois Terminais Hidroviários: um vai ser na antiga Tecejuta e
outro será no Porto de Santana, na comunidade Santana do Tapará, onde
encosta a balsa que faz linha Santarém/Monte alegre”, afirmou na época o
prefeito Nélio.
Assim que for assinado o empréstimo da
Caixa com o Governo do Estado a obra será licitada. Acredita-se que até o
mês de abril já esteja concluído o processo de licitação. Após esse
processo, virá a ordem de serviço para dar início a obra. A previsão é
que a execução do projeto ocorra num prazo de 18 meses.
Por: Edmundo Baía Júnior
Fonte: RG 15/O Impacto