
Poeira, buracos, áreas de floresta
desmatadas, mananciais degradados e animais mortos na estrada. Esta é a
real situação da rodovia Santarém-Cuiabá (BR-163), que liga as cidades
produtores de grãos no norte do Estado do Mato Grosso, aos portos do
Pará, localizados às margens do rio Tapajós.
Diariamente, centenas de carretas
carregadas de grãos, como soja e milho, trafegam pela BR-163, em direção
os portos de Santarém e Miritituba, no Pará, o que gera preocupação em
biólogos, devido a mortandade de animais silvestres.
Considerada importante ferramenta do
corredor Arco Norte, a BR-163 se transformou nas últimas décadas, em
importante ponto de desmatamento, entre outros crimes ambientais,
ocorridos na Floresta Amazônica, segundo biólogos. A questão fundiária
também preocupa entidades ligadas aos Direitos Humanos.
Atualmente, a BR-163 está 88%
pavimentada e é por ela que passam cargas de soja e milho para serem
descarregadas. A BR-163 possui 3.477,7 quilômetros de extensão e passa
pelos estados do Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Neste ano, complementando a safra
2016/2017, o governo Federal prevê que o País deve exportar 72,9 milhões
de toneladas de soja e 24 milhões de toneladas de milho. Desse total,
23,8% da produção sairão pelos portos do Arco Norte, de acordo com
estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O contínuo crescimento dos portos do
sistema do Arco Norte no País faz com que os investimentos na região
aumentem. Por conta disso, os biólogos temem que também aumentem a
quantidade de crimes ambientais, como a mortandade de animais
silvestres.
Em recente viagem entre Santarém (PA) e
Sinop (MT), a autônoma Cláudia Gonçalves conta que constatou diversos
problemas ambientais na BR-163. “Viajei a convite de um casal de amigos,
mas cheguei a me arrepender. Logo nos primeiros trechos quando a gente
sai de Santarém começam a surgir inúmeros buracos. Além disso, as
carretas passam a todo momento, o que aumentam os riscos de acidentes.
Algumas delas estacionam às margens da rodovia tirando a visibilidade
dos motoristas de carros de passeio”, relata Cláudia.
Ela acrescenta que no trecho localizado
entre Santa Luzia e Bela Vista do Caracol, onde enormes
congestionamentos de carretas se formaram em pontos de atoleiros, no
início deste ano, agora a poeira é quem incomoda os condutores de
veículos. “Quando a gente sai do asfalto com grande quantidade de
buracos, o sofrimento continua, porque a poeira é insuportável”, reclama
Cláudia.
Segundo ela, grande quantidade de
animais mortos são vistos na BR-163, como antas, cotias, onças, pacas,
entre outros. “A gente vê com tristeza a mortandade dos animais. É
preciso que o governo Federal faça alguma coisa para preservar a
natureza. Os animais não podem ficar reféns do capitalismo selvagem”,
analisa Cláudia Gonçalves.
Por: Jefferson Miranda
Fonte: RG 15/O Impacto/Blog do Colares