Área danificada por mineração no Parque Nacional do Tumucumaque, no Amapá. Foto: Zig Koch / WWF
Ao
cruzar dados de títulos minerários ativos com as Unidades de
Conservação e Terras Indígenas do país, a organização ambiental
WWF-Brasil encontrou sobreposição de 5.675 pedidos de pesquisa e até
autorizações de lavras. O estudo alerta para as pressões de setores de
mineração e garimpeiros ilegais para que as áreas sejam reduzidas,
alteradas ou extintas.
Foram utilizados dados da própria Agência
Nacional de Mineração (ANM), responsável por autorizar a atividade
mineral em todo o país e apesar de afirmar, aos responsáveis pelo
estudo, que o bloqueio é automático quando há sobreposição, apenas 24%
dos pedidos de lavras, pesquisa e exploração mineral foram de fato
bloqueados em unidades de proteção federal, 46%, nas UCs estaduais e 76%
nas Terras Indígenas. O restante dos títulos são considerados ativos ou
em áreas de futura disponibilidade para mineração.
“Num momento
em que aumentam as pressões para impedir a criação e reduzir o tamanho e
o status de proteção de Unidades de Conservação no país, a existência
de pedidos de pesquisa e autorizações de lavra, ainda que suspensas,
representam um risco potencial”, destaca o diretor executivo do
WWF-Brasil, Maurício Voivodic.
Segundo o levantamento, Roraima
concentra grande parte dos interesses minerários. A Unidade de
Conservação Parque Nacional do Monte Roraima, na fronteira do Brasil com
a Venezuela e Guiana tem uma área de 447 quilômetros quadrados, o
equivalente a 40% da área total, sobreposta por registros em diferentes
estágios. Os parques nacionais do Jamanxim e Serra do do Pardo, no Pará,
aparecem em seguida no ranking feito pela organização ambiental.
Fonte: WWF
A
Terra Indígena Yanomami, em Roraima, possui quase cem pedidos que
alcançam uma área de 11 mil quilômetros quadrados. Além da ameaça de
quase 10% do território, os indígenas já denunciaram atividades de
garimpo ilegal no território. A Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em
Roraima, aparece na sequência no ranking das terras indígenas mais
ameaçadas.
Protegidos pela Constituição, os indígenas têm
assegurada a posse de suas terras e a exploração dos minerais só pode
ser realizado com autorização do Congresso Nacional e consulta prévia à
comunidade, mas há pressões no Congresso para que o acesso às empresas
seja facilitado, como Projeto de Lei do Senado 121/95 do senador Romero
Jucá (MDB-RO). “Se aprovado, o projeto colocará em risco a floresta e os
modos tradicionais de vida dos povos indígenas”, prevê Jaime Gesisky,
especialista em Políticas Públicas do WWF-Brasil, coordenador do estudo.