sexta-feira, 25 de março de 2022

Anticoncepcional masculino: cientistas anunciam pílula com 99% de eficácia em animais

 Testes em humanos devem começar ainda em 2022, e pesquisadores acreditam que produto pode estar disponível em até cinco anos

O Globo com agências internacionais
Cientistas anunciaram aficácia de 99% em testes de pílula anticoncepcional masculina com animais; pesquisas com humanos devem começar ainda em 2022. Foto: Unsplash

RIO — Nesta quarta-feira, uma equipe de cientistas anunciou ter desenvolvido uma pílula anticoncepcional masculina que demonstrou ser 99% eficaz em camundongos, um avanço aguardado há anos na medicina. As pesquisas com o medicamento em humanos, que não teve efeitos colaterais nos animais, devem começar ainda neste ano, e os responsáveis acreditam que a pílula pode estar disponível no mercado até 2027.
As descobertas sobre o novo contraceptivo serão apresentadas durante a reunião de primavera da American Chemical Society e representam um marco na oferta de métodos de controle de natalidade para o público masculino. Desde que a pílula anticoncepcional para mulheres foi aprovada, na década de 1960, utilizada hoje por mais de 214 milhões de mulheres no mundo, os pesquisadores têm trabalhado em busca de um equivalente masculino.
— Vários estudos mostram que os homens estão interessados em compartilhar a responsabilidade contraceptiva com suas parceiras — afirmou o doutor Abdullah Al Noman, graduado da Universidade de Minnesota, responsável por apresentar a pesquisa.
Mas, até agora, apenas preservativos e a vasectomia estão entre os métodos eficazes disponíveis para os homens.
Como funciona a pílula
No caso das mulheres, a pílula feminina usa hormônios que alteram o ciclo menstrual, uma combinação do estrogênio e da progesterona. Seguindo a mesma lógica, os esforços para desenvolver a versão masculina costumavam se concentrar no hormônio da testosterona.

O problema com essa abordagem, no entanto, é que ela apresentou efeitos colaterais graves nos testes, como ganho de peso, depressão e aumento dos níveis de colesterol de lipoproteína de baixa densidade (LDL), o que consequentemente aumenta o risco de doença cardíaca, além de baixa efetividade. Uma pílula que funcionaria com esse mecanismo para os homens, o DMAU, enfrenta dificuldades em avançar nos testes justamente por esses motivos.