População abandonada é tratada com desrespeito
O descaso do Governo do Estado com
Santarém e região Oeste do Pará continua. A população abandonada é
tratada com desrespeito. Como se não bastassem às diversas obras
paradas, cronogramas comprometidos e consequentemente dinheiro público
indo pelo ralo, desta vez, os prejudicados são aqueles que em tese
deveriam ser bem assistidos nas suas necessidades, e a partir daí
proporcionarem um bom serviço à população paraense.
Na manhã de quarta-feira (29),
lideranças de diversas entidades representativas dos servidores e
trabalhadores civis e militares do Estado do Pará, procuraram o
Ministério Público do Estado (MPE) em Santarém, com objetivo de realizar
denúncia quanto à situação caótica em que o Instituto de Assistência
dos Servidores do Estado do Pará (IASEP) opera no Município.
De acordo com os servidores, desde 06 de
junho estão sem atendimento de urgência e emergência nos hospitais e
prontos socorros, mesmo este sendo um serviço crucial para aqueles que
pagam por um Plano de Assistência, como é o IASEP.
O único hospital que atendia os
servidores em Santarém parou de oferecer serviços devido à falta de
pagamento dos procedimentos. Segundo as lideranças dos servidores, na
Gerência Regional do IASEP de Santarém são mais de 4 mil servidores que
pagam pelo Plano de Assistência Social e Saúde, que deveriam ser
assistidos pelo Instituto, mas que nos últimos meses viram a situação
que já era ruim, piorar mais. Os servidores lamentam a situação que
estão passando, pois todos os meses têm descontados de seus rendimentos
6% do salário bruto, e em troca não possuem assistência mínima.
Mesmo com anúncio do credenciamento de
um novo hospital em Santarém, os servidores garantem que não terão as
mesmas especialidades médicas que contavam no atendimento do hospital
que era credenciado anteriormente.
Para o sargento da Polícia Militar,
Jocinei Teixeira da Silva, os servidores civis e militares não tinham
outra alternativa a não ser procurar o MPE em busca de uma solução.
“Resolvemos reunir as associações e
sindicatos que congregam a maioria dos servidores do Estado do Pará,
pois todos sofrem as consequências das falhas dos serviços que deveriam
ser prestados pelo IASEP em Santarém” afirma Jocinei da Silva.
Os estabelecimentos credenciados em
Santarém garantem que o último pagamento realizado pelo Instituto foi do
mês de fevereiro. Desta forma, o único hospital do Município que
realizava os atendimentos dos servidores, deixou de atender.
“Eu pago o IASEP há 12 anos, e há 12
anos nós não temos um bom serviço prestado. Nós vínhamos individualmente
provocando ações, eu mesma já tinha vindo ao MPE. No entanto, o próprio
MPE nos indicou que fizéssemos uma ação coletiva. Com a saída do único
hospital que era credenciado em Santarém, o fato consumou-se, porque
neste momento no meu contracheque desconta aproximadamente R$ 400,00 e
eu não tenho um hospital que me atenda com urgência e emergência e não
tenho especialistas”, relata a servidora da Educação, Eliana Mara.
Após lançar edital com objetivo de
credenciar um novo hospital para atender os segurados de Santarém e
região Oeste do Pará, o novo credenciado já provoca desgostos dos
segurados do IASEP. Segundo informações dos servidores, o hospital
disponibilizou 33 especialidades, mas na verdade só atende com um
clínico geral.
Revoltados com tanto descaso, iniciaram
mobilização pelas redes sociais, o que fortaleceu o movimento, pois
todos tinham algum relato sobre a falta de operacionalização do IASEP em
Santarém e região. O fato incomodou os dirigentes da autarquia
estadual.
“Enquanto comissão ‘Todos pela Saúde do
IASEP’, nós tínhamos uma página no Facebook, o IASEP retirou a página do
ar. Os dirigentes do plano realizaram denúncia para o Facebook. E a
rede social retirou nossa página. Pois para mim isto é a maior prova,
pois se eles quisessem realmente prestar um bom serviço na região do
Baixo Amazonas, eles fariam o que nós estamos fazendo, coletando dados
para saber qual é o problema. Estão querendo nos calar, mas nós não
vamos nos render. Esta ação no Ministério Público, o conjunto de pessoas
que está aqui, é a luta por todos, é coletividade, é dizer à capital:
chega! Porque Belém tem todo tipo de especialidade, atendimento
qualificado, e Santarém não tem nada. Se o mesmo percentual de 6% é
descontado”, desabafa a servidora Eliana Mara.
A comissão foi recebida pela Promotora Duli Sanai, da Promotoria de Justiça de Educação e Saúde do Ministério Público Estadual.
DESCASO TOTAL: Obras
abandonadas, projetos esquecidos, servidores em greve, população
desamparada. Este é o retrato da atuação do Governo do Estado na região
Oeste do Pará. Questões cruciais e relevantes que não são executadas
conforme anunciado/planejado. Uma região metropolitana que não saiu do
papel, nem mesmo com uma iniciativa importante como esta, a sonhada
integração dos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos para
fortalecimento das políticas públicas, não trouxe nenhum beneficio para a
população.
Muito pelo contrário, a Região
Metropolitana ainda não é levada em consideração pelos Órgãos do Estado.
Há um ano, a Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do
Estado do (ARCON), determinou que os ônibus que realizam o percurso de
Belterra e Mojui dos Campos com destino a Santarém, os passageiros
deveriam desembarcar na Rodoviária de Santarém. O fato é totalmente
incoerente quando na existência de uma Região Metropolitana, pois o
objetivo principal é integrar e resolver problemas comuns,
proporcionando melhoria na qualidade de vida das populações dos
municípios. Outra questão quanto ao transporte de passageiro, é o preço
da passagem. O valor é normalmente equiparado, e em muitos casos são os
mesmos valores para deslocamento dentro das cidades que constituem a
Região Metropolitana.
DEPENDENTE DA CAPITAL: É
comum quando solicitado para resolver determinados problemas da região,
ouvirem o discurso do “Estamos aguardando retorno de Belém”. As
Regionais dos Órgãos e Secretarias Estaduais que tem representação em
Santarém trabalham sem autonomia, sem orçamento, e não tomam decisões. O
resultado é o aumento do sofrimento da população e dos servidores que
não tem seus direitos garantidos.
Por: Edmundo Baía Junior