Depois de alguns anos passados, após a
última vez que cá estive juntamente com o meu saudoso pai, Élvio
Fonseca, que visitava para uma conversa pessoas conhecidas como José
Campinho, Sansão Lourido, Washington Barroso, diretoria da sociedade
esportiva e para encerrar a visita, um peixe assado com maestria pelo,
carinhosamente, conhecido como “Cabocão”.
O Curuai de hoje, uma cidade! Cresceu e
demonstra a sua pujança de maior dentre as sessenta e cinco comunidades
da região do Lago Grande. Vejam só! Mas parece que não o é. Pois não é
tratada, pelo poder público como tal.
Pela sua importância, geográfica e
econômica, Curuai é hoje, o retrato do descaso e do abandono, a começar
pelo serviço de telefonia fixa. Anda-se por vários quilômetros para ver
se, se encontra um orelhão que funcione. A empresa prestadora oferece um
desserviço à população, isto sim! Nem comunicação para a Anatel deu
jeito até agora.
Não há uma agência dos Correios, as
cartas e encomendas ainda vão e vem, desde a antiquidade, pelos barcos
que singram o rio Amazonas, diariamente, menos aos sábados, por quê? Se
não há telefone fixo, celular é utopia. Agora, imagine se tem um posto
bancário? Também não em. A luz vem de Juruti (é bem verdade que há
operários trabalhando no luz para todos) mas o atual fornecimento de
energia falta, diariamente, parece os batedores de pênalti da seleção
brasileira de futebol, quando mais se precisa, falha. A água deu uma
melhorada tem algumas horas por dia, só tem quem tem poço.
E isso é o que se apura, ouvindo as
pessoas nas ruas, na beira, no trapiche, no futebol e reuniões sociais
dizem-me que esse desmazelo já vem de há muito tempo, prejudicando as
residências, o comércio, o posto médico. Este, coitado! Tem um carro
velho e quebrado estacionado ao lado. Levaram a ambulância de volta,
portanto, se algum cidadão precisar da ambulância, necas!. Dois
enfermeiros que trabalham revezando vinte e quatro horas. Ambulancha,
talvez pela época da festa da padroeira, em agosto.
O que seria o mercado municipal, a
construção está paralisada, abandonada, está tomada pelo mato. Pensei
até que sua porta fosse uma tenda de camuflagem do Exército Brasileiro,
tal a obra feita pela natureza em defesa do meio ambiente, um monte de
cipó, bem tecido. Um trabalho de arte.
Indo mais a frente, na primeira rua,
após as três quase ou seculares frondosas mangueiras, tem o prédio do
ensino modular, totalmente sem condições de uso. Uma parte destelhada,
as portas e janelas arrombadas, carteiras quebradas e lousas estragadas,
sem condições para o trabalho da educação. A pensar que este imóvel se
localiza a três casas de quem seria o maior representante político de
Curuai, da atualidade, já no seu quarto mandato no Legislativo Estadual.
É muito descaso!
No estádio tem três “barrotes” com tábuas velhas e podres, querendo dizer que ali foi uma arquibancada.
Para piorar, ainda mais a situação em Curuai, um membro do clero católico, anda na contra mão da história.
Há quarenta e sete anos o Dom Tiago
Ryan fundou a nossa querida Rádio Rural, e logo após, o Movimento de
Educação de Base, transmitindo aulas radiofônicas, para a população do
interior dessa imensa Amazônia. Milhares de pessoas foram alfabetizadas
na época em que nem o governo federal se preocupava com a redução do
índice de analfabetismo.
Hoje, quando o santo Padre Benedictus
(Bento) XVI, já se mostrou para o mundo globalizado usando o IPAD,
demonstrando, assim, ter aderido à tecnologia mais avançada na
comunicação e não se isolar do mundo, em Curuai, o sacerdote que ali
está, juntamente com algumas poucas beatas, lideraram um movimento, indo
ele próprio à frente, para se desinstalar uma antena que já estava
sendo usada no serviço de internet, para todos os comunitários, porque,
como diz no programa da festa de Nossa Senhora de Nazaré, na página 13 ,
é “um palavrão”. Durma-se com um barulho destes!.
É triste, é retrógrado, é lamentável,
numa comunidade que, dentre as muitas coisas boas, bom se tem, possui um
pólo de extensão da Universidade Castelo Branco, do Rio de Janeiro que
ministra a contento os cursos permanentes de história, matemática,
geografia, pedagogia, educação física e letras, mas seus estudantes
professores, pesquisadores e demais colaboradores, como eu sou um deles,
não podem ter acesso a esse instrumento moderno de comunicação, a
internet, para pesquisas, consultas e demais informações, porque
desagrada o padre.
Mas, na verdade, ele, o padre, é quem
está desagradando os fiéis da “sua Igreja”, prejudicando toda uma
comunidade para satisfazer os seus caprichos, e pensamentos
ultrapassados, provocando um cisma no rebanho do Curuai.
Talvez ele não tenha tomado conhecimento
pela sua rádio comunitária, que o atual santo padre pediu perdão à
humanidade pelos exageros do tribunal da Santa Inquisição. É hora de
rever os seus conceitos.
Também, já é hora dos que se dizem
representantes políticos e, principalmente, da lutadora e sofrida classe
econômica e a população geral do Curuai exigir, tanto do poder público
municipal, estadual e federal melhores dias para a bonita vila (cidade)
de Curuai, que já foi um dos maiores colégios eleitorais de Santarém,
mas pelo abandono e pelo descaso, da sede, muitos cidadãos estão
transferindo seus títulos para o vizinho município de Juruti que é quem
vem dando alguma assistência imediata à população de cá. Afinal, é a
terra do vice-Prefeito e Prefeito municipal de Santarém, em exercício.
Por: Eduardo Fonseca/Professor/Jornalista/Advogado/Assessor da CMS/Presidente da ALAS...Ufa!